Recolhemos
um breve glossário do coronavírus: isolamento/confinamento e quarentena;
máscaras e vírus; epidemia e pandemia; fases epidemiológicas (contatos,
transmissão local ou comunitária); letalidade e mortalidade; estado de
calamidade e estado de emergência; casos suspeitos e casos confirmados;
infetados, internados…e, mais recentemente, vacinados… Ao nível laboral fomos
trazendo para a luz do dia e, portanto, para a prática social, expressões como
lay-off, teletrabalho, subsídios e compensações, prejuízos na economia, crise
em setores (turismo, restauração, viagens, mobilidade ou falta dela),
reclamações, compensações por perdas e danos…tentativa de redução de impostos.
A cadeia
de gravidade dos vários ‘estados’ – alarme, calamidade e emergência – foi sendo
experimentada neste último ano: sobretudo atendendo à perigosidade das várias
vagas – em janeiro último entramos na terceira – da doença, apreciando os
contagiados, os infetados, os internados e os falecidos…com momentos dramáticos
e fatalmente atrozes, nos hospitais e na população.
Cada ‘estado
de emergência’ sempre trouxe mais alarme social, fazendo com que as regras de
confinamento fossem progressivamente apertadas, nalguns casos quase parecendo
garrotes sobre a economia, as escolas ou mesmo as atividades religiosas.
De 16 a
31 de março está em vigor o 13.º estado de emergência, mantendo-se o dever de
recolhimento domiciliário, embora abrandando algumas medidas numa espécie – porque
se faz-de-conta com regras algo infantilo-senis – de desconfinamento gradual…A
proibição de circulação entre concelhos continua aos fins-de-semana e até à
Páscoa (4 de abril).
O futuro
nos dirá se esta não foi mais uma oportunidade perdida para reaferirmos os
nossos critérios de vida e reaprendermos a estar uns com os outros. O futuro
nos revelará se soubemos adaptar-nos mais do que converter-nos. O futuro porá à
mostra como é tão falho de inteligência quem tem poder, mas não autoridade… em
tantos dos setores da vida.
Como
sempre nestas épocas de crise surge sempre alguém que faz fortuna com a
desgraça alheia, dizemo-lo desde os mais simples ‘artistas’ que enriqueceram
com as vendas de gel, de máscaras e de material desinfetante, mas tantos outros
habilidosos crescem quando as pessoas estão fragilizadas e em pior situação de
trabalho, de condições de vida e mesmo de alimentação.
Pelo que
temos percecionado o fator vacina vai funcionar tanto ou mais tenazmente do que
a doença, pois, em breves e incisivos pormenores – como a área do ensino, pois
educação é muito mais do que o que vemos ministrar – deu para perceber o
fantasma estatal tem uma abrangência quase paranoica, como se os professores e
alunos do não-Estado, fossem de segunda ou pior, pagando impostos, sejam
relegados para a fim da lista, como aconteceu no setor da saúde não-pública…
Enquanto
andarmos a coagir e não a dar razões claras, sérias e simples para fazer,
continuaremos a ser um povo domesticado (à força ou sob coação), mas não
educado com racionalidade!
António Sílvio Couto
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