Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



domingo, 31 de março de 2013

Lava-pés: significado eclesial


Se não tos lavar [os pés] não terás parte comigo’ (Jo 13,8).

Estamos no contexto da celebração da missa vespertina da Ceia do Senhor. Estamos, no ‘ano da fé’, a contemplar a dádiva de Jesus na eucaristia, tanto pelo dom do sacerdócio como pela sua entrega em amor. Estamos a viver o centro dos mistérios pascais, isto é, da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

1. Por tudo e quase pouco entramos no mistério da presença de Jesus feito eucaristia por nosso amor -- Ele está à nossa disposição:
* É Deus quem se inclina, olhando-nos de baixo, para nos lavar os pés;
* É Deus quem vem à nossa procura e se faz servo no contexto da comunhão dos irmãos;
* É Deus quem estende a mão e vem lavar a nossa fragilidade, desde a mais conhecida até à mais subtil e marcante.

2. Com um gesto simples e profético, Jesus lava os pés -- e não as mãos nem a cabeça como pretendia Pedro -- aos seus discípulos para que nós aprendamos a lavar os pés uns aos outros. Lavar os pés significa, pois, algo de muito profundo e altíssimo:
- Os nossos pés descalços põem a nú a nossa fragilidade, seja pelos obstáculos que temos de enfrentar, seja pelas circunstâncias da nossa caminhada;
- Os nossos pés sujos e precisados de serem lavados são a revelação da nossa condição de pecadores, incluindo e sendo incluídos na simbologia da caminhada... passada, presente e futura.

3. Mais do que compreendermos o significado do ‘lavar os pés’, nós temos de aprender a ser amados e a amar sem preconceitos nem resistências ao amor de Deus por nós e através de nós.
. Lavar os pés exige aceitação de nós mesmos, com todos os erros e pecados, com as qualidades e os dons, com o que foi bem feito e quanto possa ter sido mal vivido;
- Lavar os pés envolve expôr-se sem máscaras nem barreiras, tanto a Deus como aos outros, sobretudo aqueles que nos conhecem melhor;
- Lavar os pés é confessar-se pecador, pedindo perdão e acolhendo o perdão dado e recebido;
- Lavar os pés comporta despir-se dos medos sobre nós mesmos e para com aqueles a quem nos damos a conhecer mais fragilizadamente.

4. Deixar que nos lavem os pés envolve pequenas condições humanas, psicológicas, morais espirituais e religiosas;
- ser humilde, isto é, não se esconder nem viver nos queixumes desgraçadistas;
- ser verdadeiro, isto é, ser o que se é e tentar melhorar as bênçãos que Deus nos concede e em abertura aos irmãos;
- ser sincero, isto é, sem disfarces nem a subtileza de camuflar-se com roupagens de vaidade;
- ser leal, isto é, sendo honesto e fiel tanto para consigo mesmo como para com os outros, sem deles pretender tirar proveito pelo engano, a dissimulação e o aproveitamento dos outros;
- ser vertical, isto é, com dignidade diante de Deus (perante o Qual se ajoelha) e em coerência diante dos outros (saber estar de pé, sem nada esconder).

5. Neste ‘ano da fé’ podemos apresentar algumas perguntas em ordem a vivermos a eucaristia como sacramento da caridade e mistério de esperança:
* Vivo a eucaristia vestindo o avental do serviço como Jesus, na última ceia?
* Procuro fazer da eucaristia o sacramento da santidade pela comunhão para com os outros?
* Esforço-me por viver a eucaristia com dinâmi-ca de missão, levando-a aos que Deus coloca no meu caminho?



= Homilia na Quinta-feira Santa, 28 de março. 2013, na salão paroquial da Moita =

António Sílvio Couto

(asilviocouto@gmail.com)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Samaritana e samaritano... em caminho pascal

Em tempo de Semana Santa podemos recorrer, com benéfico proveito, a duas figuras bíblicas que nos podem ajudar a viver com maior intensidade os mistérios pascais: a samaritana (Jo 4,1-42) e o samaritano (Lc 10,29-37)... como símbolos da dinâmica evangelizada e evangelizadora, isto é, da fé à caridade, por Jesus em Igreja... na sua expressão católica.

= Junto ao poço... descobrimos a verdadeira Fonte

A passagem do evangelho de São João do encontro de Jesus com a samaritana – anónima, pecadora (assumida, reencontrada e arrependida) e trabalhadora – mostra-nos como ela vai descobrindo quem é Esse que lhe pede de beber. Junto ao poço – como espaço para recolha da água e ainda como um certo lugar de convívio – dá-se um encontro de sedes: biológica, psicológica, espiritual... tornando-se as palavras com significados diversos, em conformidade com cada um dos intervenientes. O diálogo desenvolve-se à medida da compreensão, sem acusações, até à descoberta dos intérpretes: da sede física vai-se abrindo até à necessidade espiritual. A samaritana é o protótipo daquele/a que procura... mesmo que de forma pouca clara e consciente o sentido da sua vida.
Por seu turno, Jesus está ali à disposição – com tempo e paciência – daquela mulher para que, num processo maiêutico, se aperceba do que fez mal, se arrependa e se abra ao perdão. Jesus não se importa de ser confundido com um viajante – Ele até ia em direcção ao Jerusalém – com as suas necessidades de homem, mas com o coração de Deus ao ritmo dos mais fragilizados.
Aos ministros da Igreja católica podemos e devemos exortar a que se deixem envolver pelo processo pedagógico de Jesus nesta passagem com a samaritana: sem impor a verdade, é preciso fazê-la descobrir, acolher e amar; sem denunciar o comportamento alheio, a partir das leis (religiosas ou eclesiásticas), importa entender o pecador, fazendo o próprio ministro a experiência do seu ser penitente; muito para além dos conselhos moralistas, é fundamental, tirar os obstáculos a que a fonte jorre água límpida, pura e cristalina... que é, hoje e sempre, Jesus connosco e através de nós.
A samaritana vive um processo de primeiro anúncio... até ao acolhimento de Jesus na sua vida, levando-a a ser anunciadora do que Jesus fez no seu coração, na sua vontade e até na sua afectividade.
Os ministros de hoje estarão a proporcionar idêntico caminho aos seus irmãos/as na fé?

= Fazer-se próximo... sem outros interesses

Respondendo à pergunta de ‘quem é o meu próximo’, Jesus conta uma parábola: a do ‘bom samaritano’, isto é, daquele viajante que tem tempo e se aproxima do assaltado. Numa quase definição simples: o meu ‘próximo’ é, muito para além daquele que está ao pé de mim, mas aquele de quem me aproximo... pouco importando qual a distância, mas onde o que está mais próximo poderá ser um bom critério de aproximação, de comunhão e de compaixão.
Num tempo em que há tantos gestos e múltiplas acções de benfazer, de razoável solidariedade, temos de reflectir sobre a advertência do Papa Francisco para que a Igreja não se torne a (tal) ONG piedosa... esquecendo a dimensão evangelizadora da caridade e para a caridade, cuja fonte e meta é Jesus.
Ao contemplarmos a dádiva do amor de Jesus por nós – sobretudo na sexta-feira santa – não podemos ficar indiferentes à capacidade mobilizadora do seu sangue derramado por nós de uma vez para sempre: cada gota do sangue de Cristo lava o nosso pecado, mesmo o mais ofensivo pelo menosprezo dos outros.
O samaritano é o protótipo do discípulo de Jesus, amando e sendo amado; perdoando e sendo perdoado; consolando e sendo consolado. Torna-se, por isso, urgente atender aos que vivem em situação de fragilidade, sem olhar ao credo religioso, mas não esquecendo de verbalizar que, muitas das acções em favor dos outros, são devidas à consciência que nos vem de sermos, hoje, a presença actuante de Jesus em caridade, pela compaixão e na simpatia... e não por uma mera filantropia humanista anódina e/ou neutral.
Os ministros da Igreja católica não podem continuar a perder tempo com certos rituais, mas devem fazer-se presença, incentivando os seus irmãos, a serem claros e sinceros na caridade cristã para com todos!


António Sílvio Couto (asilviocouto@gmail.com)

domingo, 17 de março de 2013

Igreja católica: ONG piedosa?

«Podemos caminhar o quanto quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, as coisas não correm bem. Nos tornaremos uma ONG [organização não governamental] piedosa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não caminhamos, paramos» - disse, na passada quinta-feira, 14 de março, na Capela Sistina, o o Papa Francisco na homilia da Missa ‘Pro Ecclesia’ (pela Igreja) com os cardeais eleitores que participaram do Conclave.
O Papa começou a dizer ao que vem. Depois da estupefacção da sua eleição, temos de estar muito atentos àquilo que ele nos quer comunicar como enviado de Deus à Igreja e ao mundo. Temos de aprender a ler os gestos e os sinais, bem como as palavras que ele nos vai dizer... nos próximos dias.
Quando tantos clamam por maior empenho da Igreja nas coisas sociais, eis que o Papa nos adverte para riscos e perigos: estar no social sem anunciar a Pessoa de Jesus cheira a filantropia humanitarista e actividade oca... materialista!
- Lamento que haja leigos – alguns com responsabilidade em sectores diocesanos e de âmbito nacional – e até uns tantos eclesiásticos cujo discurso parece que se alinham mais por noções, conteúdos e palavras próximos do sector  marxista (partidário e sindical) do que pela doutrina social da Igreja... nalguns princípios muito mais exigente e pacificadora, ontem como hoje.
Nalgumas situações não conseguimos distinguir se quem fala ou diz é um cristão com tiques de contestatário ou se será alguém que protesta com verniz de cristão! 
- Não deixa ainda de ser um tanto complexo que certas associações, centros, projectos, institutos e colectividades... de solidariedade social, em princípio (até) conotados com a Igreja católica, mas que parece mais não fazem do que terem-se tornado correias de transmissão de serviços sociais, tanto do Estado como das autarquias e de outras frentes de assistencialismo, metendo na gaveta o Evangelho e as suas mensagens de fé, na esperança e pela caridade.
Nalguns casos torna-se difícil distinguir se aquilo que é dado serve a dignidade do receptador ou se o dador se estica nas mãos largas duma politização da dádiva! 
- Como não nos poderemos deixar-nos de inquietar com tanto tempo gasto a dar a comida para o corpo – numa acção benfazeja, voluntária e voluntarista – mas onde se não apresentam as razões desses actos, pois quem é assistido, ajudado e suportado deve saber – com clareza, respeito e ousadia – que aquilo que lhe é feito decorre da fé – clara e assumidamente – traduzida em sinais de caridade, fraternidade e amor... se assim não for poderá parecer que isso não passa de promoção pessoal e/ou de exploração das debilidades alheias, hoje como ontem.
Nalguns momentos torna-se bastante complicado encontrar razoáveis executantes da caridade feita serviço, sem se tornar serviçal ou se, antes, não será subserviente de interesses múltiplos... mal assumidos!
 Agora que temos um novo Papa, urge escutá-lo, antes de rotulá-lo.
Agora que Deus nos concedeu um Papa vindo ‘do fim do mundo’, isto é, do hemisfério sul do planeta Terra e dum continente maioriatamente católico, temos de abrir-nos a novos desafios.
Agora que temos um Papa simples, sem ser simplista, humilde sem parecer um ‘zé (no caso chico) ninguém’, mas antes temos de aprender a viver na simplicidade de vida, de coração e de inteligência, diante de Deus e dos homens/mulheres deste tempo.
Agora que caminhamos para a Páscoa com um renovado vigor, deixemo-nos converter ao essencial do Evangelho e não fiquemos na espuma dos episódios da vida e da história.

O mundo precisa de uma Igreja católica autenticamente evangélica e o nosso tempo agradecerá tudo quanto fizermos para que isso aconteça na verdade pela caridade em Cristo...

António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)

domingo, 10 de março de 2013

Popularidade e populismo: causas e consequências

Num tempo ávido de protagonismo e cultivador de intérpretes dessa intervenção, vemos múltiplos sinais de pessoas que cultivam boa dose de popularidade e outras tantas que se deixam fascinar pelo populismo... Bastará sintonizar os diversos meios de comunicação – social, de grupo ou mesmo sob anonimato – para encontrarmos uma multidão de fautores, de instrumentalizados... nem que seja pelo ridículo ou mesmo a ridicularização da popularidade e do populismo.

= Popularidade, a quanto obrigas!

Muitos dos intervenientes na praça pública – nem todos pelas mais salutares razões – procuram ganhar, normalmente em seu proveito, pontos para estarem/serem ou continuarem a ser populares, pois deste modo poderão ascender ou manter-se à tona dos seus poderes.

- Muito do que dizem e/ou do que fazem – nalgumas vezes pouco mais será do que nada ou sob razoáveis intenções – os actores da popularidade é para que possam flutar na onda da boa cotação... a seus olhos, dos apaniguados ou enquanto dura a projecção real ou virtual.

- Muito do que tentam os participantes na popularidade é para que seja visto mais pela espuma do que pelo que se situa no cerne das questões: quando falam, pouco dizem, mas não saem da mira dos holofotes; quando aparecem fazem-se avisar ou até pagam para que deles falem... positivamente.

Porque nem tudo o reluz é verdade, a popularidade tem um preço e traz custos muito elevados: enquanto se é mais ou menos bem sucedido todos rejubilam, mas quando se põe o pé em plano inclinado poucos ficam para levantar o caído... A popularidade vale o que vale e serve enquanto serve!

= Populismo, a quantos subjugas!

O recente falecimento de Hugo Chavez, na Venezuela, foi uma das mais eminentes ilustrações do populismo dos nossos dias: culto da personalidade e pouca capacidade de trabalhar com outros, endeusamento ou mistificação dos projectos, atitude acrítica dos seguidores e envolvência ritual, onde desde a roupagem até às ideias pouco mais vimos ou sentimos que essa figura idolatrada... sobretudo por ocasião da sua morte.

Com razoável coincidência os fomentadores, os cultivadores e mesmo os defensores – mesmo que tacitamente – do populismo surgiram de meios sócio-económicos desfavorecidos, que se impuseram, normalmente, no início de forma democrática, mas que se alicerçaram no poder de feição mais ou menos ditatorial: foi assim com Lenine, com Hitler, com Mao Tsé-Tung, com Mobutu... e com muitos outros em continentes e regiões minimamente clivadas por ricos e pobres... e, por fim, foram embalsamados!

É sintomático que o populismo se apresente, de muitas e variadas formas, como se fosse uma espécie de messianismo, nalguns casos sob a tónica da luta de classes, de nivelamento de todos – onde os mais pobres ascendem a patamares não pensados, mas gerando novos excluídos, porque não concordam com eles – e numa espécie de distribuição igualitária de direitos... mesmo que ofendendo os deveres.

= Causas e consequências, ontem como hoje

Tanto a popularidade como o populismo sofrem da exploração dos outros, nuns casos de forma subtil e noutros de forma mais enérgica e revolucionária. Quase sempre popularidade e populismo têm boas intenções, mas os efeitos corroem os mais elementares valores da pessoa e da sociedade... gerando novos e desgraçados pobres, aniquilando os direitos dos opositores ou dos adversários, que são, facilmente, rotulados de inimigos, sendo combatidos e perseguidos

Com a crise que estamos a viver com mais facilidade medrará o populismo, mesmo que sob a capa de popularidade e de pretensa democracia. Afinal, quando o ‘homem se torna lobo do homem’ os meios como que justificam os fins... e deste veneno já estamos a beber lentamente... em Portugal. Ainda não o percebemos?



António Sílvio Couto

domingo, 3 de março de 2013

Grandola...mente!


E de repente uma certa parte do país começou a cantar – nalguns casos desafinadamente – a canção: Grândola, vila morena. Muitos se recordarão que este foi o tema que confirmou a boa execução da revolta na madrugada de 25 de abril de 1974. Apropriada por uns tantos – auto-denominados de democratas, embora nem sempre respeitando quem pensasse de forma diferente – foi tema nos primeiros anos da revolução, criando um ambiente de contestação, de idealismo e até de utopia... imediatistas.

Será que os tempos que estamos a viver – outra vez sob a mensagem da dita canção – querem recuperar o espírito daqueles anos? Das três vertentes aqui apontadas, qual delas está mais viva: será sobretudo a contestação? Ou será que se torna presente um novo idealismo? Ou, pelo contrário, estão a ser lançadas (novas ou antigas) sementes de utopia?

No passado havia uma tentativa de acreditar na democracia e talvez na (pretensa) ‘terra da fraternidade’. Agora parece que o espírito dos cantores/contestatários respiram, antes, uma espécie de contestação da (própria) democracia... pelo menos sobre quem não seja como eles. Tal como naqueles efervescentes anos de setenta e de oitenta do século passado, há quem pareça só reconhecer a voz da rua e não aceite a voz das urnas, isto é, dos votos. Também paira no ar uma certa presunção de acusação a tudo e a todos, particularmente se não pensam como uma certa clique (dita) intelectual... germinada nas franjas das metrópoles de Lisboa e Porto, embora tenham, hoje, muitos mais direitos – alguns adquiridos sabe lá à custa de quê e/ou de quem! – do que os mais desfavorecidos de outras regiões do país, sobretudo no interior, que as medidas políticas conseguiram desertificar, nos últimos trinta anos.

Se compararmos os intervenientes das duas épocas – distantes mais de três décadas – do cançonetismo de ‘Grândola’ e afins, poderemos encontrar muitas diferenças:

- no passado era gente que ansiava ter... ao menos o suficiente; agora são pessoas que têm a nostalgia do já tido... perdido com dó e sem glória.

- no passado os rostos eram de gente quase esfomeada e em busca do pão... pelo menos o essencial; agora vemos pessoas endividadas por provocadores de sonhos, mas que não os advertiram sobre as consequências da possibilidade de poderem perder o emprego... repentinamente.

- no passado encontravamos gente que estava a recuperar dos traumas da guerra colonial... onde muitos filhos tinham caído ingloriamente; agora somos confrontados com pessoas que nunca tiveram de viver a ansiedade da guerra... numa Europa que até não pagou para não produzirmos nos sectores primários da nossa economia.

Grandolamente falando, vivemos num tempo complexo, quer pelas circunstâncias económicas, quer pelas razões mais básicas do bem-estar que não conseguimos manter.

Grandolamente falando, temos de saber distinguir quem nos manipula e quem nos fala verdade... se bem que não dizer nada ou falar meia verdade já será enganar.

Grandolamente falando, precisamos de saber quais serão as consequências de embarcarmos nesta onda de malcriadez, pois o rastilho está prestes a incendiar-se.

Grandolamente falando, vale mais permitir a indignação – cívica, musical e um tanto civilizada – do que as pedras, os cocktails e as pilhagens, que já vimos noutras paragens... mesmo europeias.

Grandolamente falando, será que ainda há esperança para Portugal, para os portugueses e nesta história?

António Sílvio Couto

(asilviocouto@gmail.com)