Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Lealdade, precisa-se!


‘Lealdade’ significa a qualidade de alguém que é leal. ‘Leal’ tem origem no termo latino ‘legalis’, estando, por isso, relacionado com o conceito de lei. Assim leal seria alguém em quem era possível confiar e que cumpria as suas obrigações legais, não faltando aos seus compromissos, demonstrando responsabilidade, honestidade, retidão, honra e decência… Podem ainda tomar-se como sinónimos de lealdade termos como fidelidade, dedicação e sinceridade.

Ora, diante de certos acontecimentos e situações; perante várias circunstâncias e casos; tendo em conta inúmeros comportamentos e atitudes…poderemos questionar se a lealdade será virtude/qualidade que norteie tanta gente, desde os aspetos mais simples e privados até aos mais complexos e públicos…

Talvez hoje se viva mais num clima de desconfiança, onde os outros se tornam, com relativa facilidade, mais adversários – e, nalguns casos, até inimigos – do que parceiros duma caminhada, onde todos teremos a aprender uns com os outros, desde as facetas mais normais e quase impercetíveis até às mais complexas e necessitadas de desmontagem para serem, suficientemente, compreendidas. 

= Comportar-se de forma leal será, em grande medida, integrar-se num projeto comum, onde cada qual não reivindica para si os resultados, mas antes quer fazer parte duma ação mais ampla e significativa. Dado que vivemos num tempo onde a ponderação nem sempre é a forma mais comum e o bom senso dá a impressão de estar em maré contínua de saldos, torna-se importante detetar por onde anda a lealdade, fazendo dela uma atitude de vida e, sobretudo, um modo de estar no relacionamento com os outros.

* Ser leal é dizer o que se pensa e pensar o que se diz. De facto, muita gente reclama que diz o que pensa, mas nem sempre pensa o que diz. Quantas vezes é preciso dizer pouco, sabendo muito mais do que aquilo que é referido…

* Ser leal é saber calar, quando se não tem a certeza daquilo sobre o qual se é chamado a pronunciar-se. Quantas vezes o silêncio é a forma mais sábia de falar, mesmo que possa parecer um tanto atribulado pelo constrangimento em dizer só o que se sabe e nada mais…

* Ser leal é saber tomar posição, mesmo discordando, sem com isso ofender o oponente nem tão pouco faltar à verdade. Quantas vezes se pretende impor uma posição menos bem amadurecida e com isso pode-se arriscar a ser menos ponderado e sensato…

* Ser leal é ter por grande desejo a valorização dos outros, sem que com isso se viva na adulação nem tão pouco em fazer-se passar por ‘amigo’, quando se anda a levar-e-a-trazer. Quantas vezes deveríamos conjugar o verbo escutar nas suas formas mais variadas, nos tempos mais diversos e nas proposições mais reflexivas…Como pode alguém ser digno de crédito se passa o tempo a maldizer e a difundir maledicência? 

= A palavra ‘leal’ aparece no brasão de armas de, pelo menos, três cidades em Portugal: Porto, Évora e Lisboa…como que a realçar o vínculo de tais cidades e outras, como Macau, onde o espírito português se foi desenvolvendo sob o signo da lealdade, tanto das gentes como do vínculo histórico a momentos significativos do seu passado…

Será que a lealdade continua a ser critério pelo qual se pautam os governantes dessas cidades apelidadas de ‘mui nobre e sempre leal’? Poderemos contar com a exaltação dos valores da lealdade, quando isso implica liberdade e respeito pelos outros? Até que ponto não será de cultivar estes valores da lealdade, da responsabilidade e da honestidade…sem ser em conotação ideológica, mas como valores éticos, muito para além dos meramente republicanos e laicos?

Neste século XXI, que foi proclamado como dos ‘valores éticos’ por teólogos e ávido de sinais de bom senso, bem como de convivência entre os povos, torna-se, cada vez mais claro, que temos de encontrar mais aquilo que nos une e menos aquilo que nos separa, tentando discernir o essencial e depreciando o secundário. Ora, a lealdade é e deve ser algo que nos faça encontrar na luta, mas também na fraternidade; algo que exige de nós compromisso em criar uma corrente de sabedoria, descobrindo tanto daquilo que nos humaniza e abjurando muito daquilo que nos bestializa…a começar em nós mesmos!

 

António Sílvio Couto


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Não sufoquem a ‘chama da solidariedade’


Ao final da manhã do dia 20 de fevereiro, foi rececionada a ‘chama da solidariedade’ em frente à câmara municipal da Moita, vinda do município do Barreiro.

Estavam presentes algumas das instituições de solidariedade – misericórdia e IPSS – com maior o menor expressão, mas que subiu ao palco foram os autarcas – câmara e juntas de freguesia – como se fossem eles os autores, promotores e executantes da dita solidariedade… O resto eram uns figurantes duma cena onde os do palco talvez não devessem ocupar tal espaço… Eles estão lá por visibilidade política, enquanto muitos outros/as fazem-no por opção de vida, por imperativo moral e mesmo por vocação/missão cristã de anúncio de Cristo, presente nos mais pobres, desvalidos, necessitados e marginalizados…

Não acredito, minimamente, na solidariedade que não seja decorrente da vivência de Mt 25,31-46, isto é, quando Jesus se identifica com os mais frágeis da sociedade…’O que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos a Mim o fizestes’! 

Explicando certos conceitos e contestando práticas:

* A ‘chama da solidariedade’ é uma iniciativa da CNIS (confederação nacional das instituições de solidariedade) lançada, em 2007, para desafiar ao bem-comum e ao compromisso social.

No distrito de Setúbal, através da união distrital, a ‘chama da solidariedade’ foi recebida em setembro de 2017 e percorrerá o território dos treze concelhos até junho deste ano.

* Os destinatários desta (pretensa) ‘chama da solidariedade’ podem e devem ser as instituições e as pessoas que praticam a solidariedade…Não podemos esquecer que muitas das associações surgiram exatamente para suprir o mau funcionamento das repartições oficiais. Não se pode dizer coisas como estas em público e depois atuar como tentáculos do poder nas proporções de cada município, freguesia, bairro ou vizinhança!  

* Sobre os intervenientes consideramos que não vale tudo para aparecer na foto de boa/mediana atuação. De facto, sendo uma ação da sociedade não-política – há quem pretenda chamar-lhe ‘sociedade civil’ – a solidariedade não a vemos, claramente, que tenha de ser uma função desempenhada pelas autarquias, pois elas são, na sua maioria, veiculadoras dos processos de governo – seja qual for a coloração – e, porque ligadas a formações partidárias, sem vínculo não-independente. Como poderão ser enquadradas para estarem presentes em certos atos como da receção, coordenação e difusão da ‘chama da solidariedade’? Além de escusadas parece que são inoportunas! 

= Fique claro: as ações de obras da Igreja – católica ou não – são muito mais objetivas na solidariedade que praticam, até porque decorrem da caridade posta em ato e não como uma espécie de ‘moda’ de fazer por solidariedade o que deve ser feito por justiça.

Quantas vezes as conferências vicentinas cuidam de centenas de famílias e não fazem alarido…nem nas paróquias. Quantas vezes os serviços socio-caritativos paroquiais pagam rendas, água, eletricidade, gás, medicamentos e fazem avios para quem não está fixado – isto é, que tenha fixa nos serviços oficiais e da segurança social – mas que precisa agora e logo já poderá ser tarde. Quantas vezes se atende aos pedidos para baixar as mensalidades de jardins-de-infância, centros de atividades de tempos livres ou de lares, porque algum dos membros da família ficou desempregado! Quantas vezes o horário não termina às dezassete horas, mas se prolonga com as lágrimas sorvidas por entre soluços de vergonha! 

= Enquanto a solidariedade for uma mera palavra para enganar com subsídios e prolongar a preguiça com estímulos ao não-emprego, a ‘chama da solidariedade’ ir-se-á apagar mais depressa do que as palmas de cerimónia e/ou as críticas de mau funcionamento dos serviços de assistência social das autarquias e de tantos outros meandros do atendimento.

A ‘chama da solidariedade’ poderá ser alimentada com fé e com fervor cristão, mas estiolará com aproveitamentos habilidosos de políticos, de autarcas ou de funcionários de balcão, mas desconhecedores do terreno e do compromisso. Sujem as mãos e não se limitem a colher os frutos daquilo que não semearam!

 

António Sílvio Couto




 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

‘Espetáculo’ do futebol



É bom que as pessoas saibam as dificuldades em garantir a segurança antes, durante e depois dum espetáculo de futebol.

Estas declarações foram proferidas em avaliação aos conflitos/confrontos, recentemente verificados, entre adeptos de dois emblemas rivais…tendo em conta a localização de proximidade territorial e as velhas histórias de antagonismo nos mais diferentes campos de atividade humana…onde o ‘desporto’ não passa de mais um dos palcos de controvérsia.  

= Antes de mais é questionador considerar o futebol como espetáculo, pois, na maior parte dos casos, é visto mais como um jogo, onde só a vitória conta, o empate atrasa e a derrota afunda. Com efeito, para ser considerado espetáculo o futebol deveria apresentar mais envolvência cultural, desde o nível de instrução até à capacidade de assimilação dos conteúdos de aprendizagem, passando pelo desenvolvimento da massa crítica sobre a vida e a sua envolvência. Será que é isto que os jogadores – seriam, então, atores – apresentam ao exibirem os seus malabarismos com a bola, sem esquecer as inquebrantáveis cabeçadas? 

= Ora, sabendo como o fascínio do dinheiro cativou tantos dos atores/jogadores, será de questionar o nível de instrução da maioria. Nem mesmo, quando alguns clubes se diziam protetores dos estudantes, uma boa parte quedou-se pelo nível com que chutam a bola… Por isso, não deixa de ser confrangedor ouvir alguns, quando solicitados, a dizerem alguma coisa: refugiam-se em clichés do futebolês, enquanto não conseguem falar mais do que frases idiomáticas e quase em circuito fechado…É pena que jovens tão ‘promissores’ sejam quase tratados como debilitados de mente e de raciocínio!  

= O pior de tudo isso é o cenário – e não são os estádios…na sua maioria vazios – em que o tal ‘espetáculo’ do futebol se desenvolve: muitos dos dirigentes parecem mais caudilhos do terceiro mundo do que responsáveis de coletividades do mundo ocidental. A avaliar pela linguagem e pelos trocadilhos usados quase temos de engendrar um dicionário para descodificarmos o que nos querem comunicar… Até alguns, que tinham algum nível acima da vulgaridade, desciam e descem ao nível do relvado onde se disputam as partidas…No entanto, é clamorosa a importância que adquirem – ou pensam – quando colocados à frente das maiores agremiações nacionais e internacionais.

Mal vai um país, quando os dirigentes das coletividades desportivas, são mais importantes do que os dirigentes dos partidos, que decidem das condições de vida das pessoas. Pior ainda é, quando os chefes partidários, autarcas em particular, se servem do fervor clubístico para se promoverem ou tentarem veicular as suas ideias… reduzindo-as ao rolar da bola e dependendo dos resultados que esta consegue! 

= A grande questão coloca-se nos associados, adeptos e simpatizantes dos clubes desportivos. Muitos fazem de filhos e netos sócios ainda antes de eles terem os primeiros dentes. Em certas ocasiões fico estarrecido com a convicção de certos pais e avós: não admitem forçar o batismo das crianças, porque elas terão o seu tempo para decidirem o que querem e, só, quando forem grandes. Mas, quando se trata de fazer associado dum clube da sua afeição/simpatia ninguém pergunta e talvez nem se respeite a opção da criança: ainda na maternidade já está registada como sócio do clube que lhe impingem…

Talvez seja aqui que esta religião do futebol tem mais fervorosos seguidores, que, na maior parte dos casos, se tornam fanáticos e acríticos seguidistas daquilo que o chefe faz ou manda…

O caciquismo do futebol é, hoje, um dos maiores ingredientes de crispação na sociedade portuguesa, criando e alimentando guerras, conflitos e provocações das mais incríveis. Dá a impressão que o subdesenvolvimento humano tem nesta área um dos campos mais simbólicos e significativos. É com estupor que tenho visto pessoas com instrução altamente qualificada – médicos e cirurgiões, literatos e pessoas da palavra universitária – que se transfiguram nos arruaceiros mais intratáveis, quando falam de futebol e discutem sobre o seu clube… É verdade: o espetáculo é inqualificável pela asneira e pela falta de senso. Até quando?

 

António Sílvio Couto  



domingo, 18 de fevereiro de 2018

Irracionalidades


A partir de hoje não comprem jornais, não vejam televisão portuguesa e os comentadores devem sair dos programas onde participam….Foi desta forma rápida e incisiva que um dirigente desportivo se consagrou após mais uma vitória entre os seus apoiantes…Claro que isto teve efeitos imediatos quando os apaixonados seguidores se confrontaram com os fazedores da comunicação social anatematizada…gerando-se atitudes agressivas e dignas dum país de terceiro-mundo.

Este episódio pode enquadrar-se numa leitura mais alargada do modo como muitos responsáveis – desde políticos até sindicalistas, de mentores religiosos até programadores televisivos, de dirigentes clubísticos até vendedores de produtos… não se julgue que as parelhas são desconexas ou despretensiosas – tratam aqueles que conduzem, mentalizam ou manipulam…Assim aquilo que deveria ser liderança torna-se alvo de outros interesses, onde nem sempre a racionalidade está atuante, mas antes se quedam – os condutores e os guiados – pela emotividade… 

= Entrados na segunda década do século XXI julgava que já não seria possível ver cenas daquele jaez. Doutros tempos vimos registos de ditadores a usarem argumentos muito idênticos…coartando às pessoas acesso aos meios de informação, que os pudessem intoxicar. Noutras situações os resultados foram muito parecidos, dado que as massas reagem de forma apaixonada…e os primeiros a serem atingidos são os que foram tornados alvo das críticas e das censuras.

Parece que falta a muita gente conhecimento histórico para não cometerem os mesmos erros que desencadearam processos de intenção, guerras de opinião ou mesmo batalhas sem vencedores.

Na maioria destes combates encontramos – ora de imediato, ora posteriormente – um razoável culto da personalidade, que julgando-se melhor do que os outros tenta impor-se enquanto não lhe descobrem as fragilidades, pois mais tarde ou mais cedo, essas lacunas surgirão e os apaniguados perceberão como foram usados e manipulados, voltando-se a obra contra o obreiro!

Porque não aprendem com as lições do passado e daquilo que outros viverão? Porque não se dá um tempo de pausa para ver a figura (ridícula) que, por vezes, se faz?

Talvez não se queira usar a faculdade humana que nos leva a pensar, a inteligência. É que, enquanto dura a ilusão, o reinante sente-se senhor e os outros como que lacaios dos seus veneráveis objetivos. Não faltará a muitos responsáveis/dirigentes o tino suficiente para preverem a queda e o estrondo que ela provocará? Não faltará, a muitos que se deixam ir na onda duma certa vitória, o mínimo de racionalidade para perceberem a figura que fazem ao embarcarem em tudo quanto quem dirige quer ou pretende fazer? 

= Numa época hiper-noticiosa, esta censura daquele dirigente desportivo é como um cavar a própria sepultura desde dentro da cova, pois não terá capacidade de fazer ouvir o que pretende, se não for escutado ou lido por aqueles a quem deseja comunicar – no caso em apreço – e comunicar-se. E não será num canalzito feito por entre soluços e rebuscos de autossuficiência que se criará ambiente vencedor e catalisador dos grandes interesses económicos, que movem e se promovem no desporto atualmente.

Este episódio, que temos estado a analisar é bem revelador dum certo mundo por onde vão sendo cultivadas figuras a prazo, que tanto andam na crista da onda, como se afundarão quando a prancha não for capaz de suster o peso da irresponsabilidade em estar exposto em excesso. Outro fator de desgaste é o de não ser fácil ser o ‘palhaço de serviço’ por tempo indeterminado. Com efeito, o prazo de validade de alguns assuntos tem a duração de outros acontecimentos igualmente funestos, mas que se podem sobrepor no tempo e no espaço. A arte de gerir tais situações nem sempre está na mão de quem pretende fazer-se durar, mas antes se perpassa pela voragem de novos acontecimentos e outras figuras…Tudo ficará ainda mais agravado se estiver à margem do consumo noticioso… Neste caso parece que faltou tato e saber na forma e no conteúdo! 

= Num país de apaixonados pelo futebol, teremos de saber desconfiar de posições irracionais, colocando uma pitada de bom senso em cabeças que nem sempre pensam as consequências de seus atos!

 

António Sílvio Couto



terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Do pântano não se sai a nado…


A confusão é muita. As razões podem ser diversas. As propostas não são tão audazes quanto seria desejável. O povo dá-se por contente porque tem dinheiro para gastar agora e pouco aferrolha em vista do futuro. Quem dirige vende mais ilusões do que certezas. Quem ousar a utilização de palavras como ‘sacrifício’, ‘contenção’, ‘sobriedade’, ‘vigilância’…correrá o risco de ser apelidado de todos os nomes que nem os muçulmanos chamariam ao toucinho…

Ora, ao vermos um certo empolamento do nosso sucesso ‘coletivo’, fica-nos a sensação de que alguém mente ou, então, encobre, subtilmente, algo que surgirá a médio prazo…com consequências já vistas.

* Dizem que o desemprego caiu, mas esquecem-se de dizer quantos emigraram, entretanto… Em tempos relativamente recentes estes dois fatores eram tido em conta, como se fossem dois pratos da mesma balança, pois, quando um subia, o outro descia e vice-versa…agora parece que fazem parte de contextos diferentes para analisarem a mesma questão… 22% da população portuguesa vive no estrangeiro, isto é, 2,3 milhões… são dados revelados no final do ano de 2017.

* Outro aspeto a ter em conta para avaliação das discrepâncias entre os números que nos apresentam e a realidade, tem a ver com o diagnóstico da população, atendendo aos nascimentos, à segurança (social e de movimentação), ao envelhecimento e à (dita) qualidade de vida…sem perdermos de vista o grande tema da família, que une e que configura estas questões enunciadas. Com efeito, há cada vez menos crianças. Segundo dados oficiais, em 2017, nasceram menos sete crianças por dia no nosso país…num total que não atingiu noventa mil/ano. Por seu turno, o envelhecimento é cada vez mais acentuado: em 2016 havia, em Portugal, 600 mil pessoas com idade superior a oitenta anos, numa percentagem de quase 6% da população total…A chamada ‘4.ª idade’ está a crescer mais do que seria previsível, mesmo no contexto europeu, onde os países do sul estão cada vez mais envelhecidos e pouco rejuvenescidos com crianças…

* Quando tanto se ouviu falar dum ‘orçamento favorável para as famílias’, o que vemos são iniciativas avulsas onde, antes de mais, se tem de definir a que família se referem e quem pode ser abrangido por tais medidas sem fazer perigar o seu conceito social e ético de família. Dá a impressão que ‘família’ pode ser tudo e o resto daquilo que se quiser fazer constar e não bastará criar mais escalões de IRS em que não se pague mais. Ser pela família tem tanto de confuso, quanto de oportunista, sobretudo para certas fações anti-família com raiz judaico-cristã.  

= Perante estas questões de âmbito social, como poderemos viver o tempo da Quaresma, de preparação para a Páscoa? Onde e de que modo estas questões não ajudarão a sair do pântano social e cultural em que vivemos? Que linhas poderemos escolher de caminhada?

Vejamos um excerto da mensagem do Papa Francisco para a quaresma deste ano: «uns assemelham-se a «encantadores de serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. (...) Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Outros falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações passageiras, de lucros fáceis mas desonestos»!

Para sairmos do pântano da nossa rotina teremos, antes de mais, de detetar o caminho por onde ir, para que não andemos a esbracejar e nos afundemos ainda mais. Precisamos de usar os meios mais adequados para que não nos fique apegado ao corpo o lodo do pântano, com as consequências de prolongarmos, infetando outros, os vícios e uma certa moral de escravizados.

Na vivência da via-sacra, como devoção de quaresma, quisemos, este ano propor um esquema onde os vários graus de parentesco rezam e são rezados, em cada uma das ‘estações’ ou etapas da via-sacra. Sugerimos, tendo em conta as catorze ‘estações’, o seguinte itinerário: pai, mãe, marido, esposa, avós, netos, irmãos, sogros, genro/nora, cunhados, primos, tios/padrinhos, sobrinhos, enteados (padrasto/madrasta).

A família precisa de sair desse pântano para onde a empurraram. Assim a quaresma possa ser ajuda na saída!  

 

António Sílvio Couto  




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Quaresma: família, aceita a salvação de Jesus


A preparação para a Páscoa, que é a Quaresma, pode e deve ser vivida soba dinamização dum tema. Assim se compreende que o Papa e a maioria dos Bispos escrevam uma mensagem orientadora dessa caminhada, dando cada um dos bispos pistas para os seus diocesanos.

Ora, segundo o programa pastoral diocesano, queremos como paróquia (Moita), sugerir uma caminhada, tendo em conta o tema da família em cada um dos domingos quaresmais. Procuraremos incluir um sinal dessa caminhada, por forma a que, no início da missa do domingo seguinte, possamos colocar diante de Deus, em Igreja, o esforço dessa caminhada, simbolizado num pequeno sinal.

Assim propomos:

* 1.ª semana da Quaresma: na condição de tentados 

Nesta semana meditamos sobre o texto das tentações de Jesus, mesmo na versão mais breve de Mc 1,12-15. Somos desafiados, pessoal, familiar e eclesialmente a estarmos mais atentos às nossas (maiores ou menores) tentações. Fazemo-lo numa dinâmica de acolhimento contínuo da salvação trazida por Jesus...que cada um de nós deve aceitar em si mesmo. Vamos usar como símbolo desta caminhada uma pedra (com alguma dimensão) para nos fazer lembrar as pedras de tropeço/obstáculo/dificuldade que há em cada um de nós e também nos outros, tentando retirar essas pedras com a ajuda da oração diária, pessoal e familiar...

* 2.ª semana da Quaresma: na escuta para a transfiguração

Na narrativa da transfiguração de Jesus - Mc 9, 2-10 - encontramos um itinerário para a a caminhada nesta 2.ª semana. Tal como Jesus somos chamados a subir - ao monte, ao encontro com Deus, com tempo e espaço - para estarmos na escuta de Deus em nós e connosco, rezando a partir da Palavra de Deus na Bíblia. Como para conseguirmos subir precisamos de amparo e de suporte, vamos servir-nos duma pequena vara (até 20 centímetros), onde cada um escreverá uma palavra do evangelho desta semana, sendo depois entregue no ofertório da missa da semana seguinte, como resultado da vida vivência feita...pessoalmente ou família.

* 3.ª semana da Quaresma: pela purificação do nosso templo

Na caminhada desta semana é-nos apresentada a purificação do templo - Jo 2,13-25 - por parte de Jesus, num gesto profético que envolve a nossa purificação, do templo pessoal e familiar, do templo eclesial e espiritual, à semelhança de Jesus, sugerimos o uso do sinal duma pequena corda (até 50 centímetros) que poderá significar o nosso esforço em nos irmos purificando/expulsando/libertando de algo que nos aprisiona na via do pecado... fazendo alguns nós e indo-os desfazendo ao longo da semana pela vitória sobre algum dos pecados de que nos fomos consciencializando e pedindo perdão a Deus.

* 4.ª semana da Quaresma: expôr-se à luz para viver na verdade

Nesta 4.ª semana escutamos um excerto do diálogo entre Jesus e Nicodemos - Jo 3,14-21 - onde Jesus apresenta uma correlação entre a verdade e a luz, em contraste com mentira e trevas: viver na verdade é expôr-se à luz, enquanto estar nas trevas é viver na mentira. Como sinal de caminhada nesta semana temos uma vela apagada, que há de ser acesa no contexto da vigília pascal... Começamos a fazer o nosso exame de consciência em ordem à celebração do sacramento de penitência em breve...

* 5.ª semana da Quaresma: aprender a crescer...morrendo para o pecado

Nesta semana, desafiados a escutar um texto do evangelho de São João - Jo 12,20-33 - onde Jesus nos fala da semente que é lançada à terra, se morrer dará muito fruto, se não morrer fica só e sem fruto... A linguagem da semente pode servir-nos de suporte à nossa caminhada nesta semana...trazendo, no próximo domingo de Ramos, cada um de nós uma semente, se possível já a crescer nalgum vaso.

 

= Ao longo da Quaresma viveremos, sobretudo, às sextas-feiras, a devoção de meditação da Paixão-morte-ressurreição de Jesus. Este ano o tema a rezar anda, novamente, em volta da família: ‘Via-sacra da família (vários graus de parentesco rezam e são rezados)’. Também há uma proposta para crianças, sob o título: ‘Via-sacra das crianças em família’. Alguns momentos serão feitos na rua, em Sarilhos Pequenos, no Rosário e na Moita.

= No domingo de Ramos, na Moita, vive-se a procissão do Senhor dos Passos…onde se concluem todos esses aspetos de vida pessoal, familiar e comunitária.

 

António Sílvio Couto



terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Pato e parente!


‘Pato e parente só serve para sujar a casa da gente’. Este adágio brasileiro – como sotaque carregado nos ‘tês’ – poderá ter correspondência a outros, como: ‘amigo a gente escolhe, parente a gente atura’; ‘pato suja, parente pede dinheiro emprestado’…

Embora esta frase possa ter muitas outras correspondências às situações da vida, podemos e devemos tentar encontrar algo que nos possa explicitar o que está contido nesta frase…um tanto depreciativa para com quem nos possa incomodar, seja de forma direta (o parente) ou de modo intrometido (como o pato)…por entre tantos momentos da nossa vida e da experiência que dela colhemos com sabedoria e maturidade. 

= Desde logo é preciso destoar da banalidade para entendermos as pessoas que Deus colocou no nosso caminho, não só as de hoje, mas também tantas outras com quem nos cruzamos, nas mais diferentes circunstâncias de estudo, de trabalho, de convívio…em viagem, no quotidiano normal, em razão dos lugares onde (já) vivemos, pelas condicionantes que nos fizeram encontrar. Como é habitual referir-se a capacidade de esquecimento é um dos bons fatores da nossa vida, pois se fôssemos armazenando todos os conteúdos e pessoas do nosso passado não conseguiríamos sobreviver à complexidade do nosso mais ou menos longo existir. Assim, há pessoas que não lembramos, há pessoas que nos marcaram (positiva ou negativamente), há lembranças que nos aferem a boas experiências, há recordações que nos podem (até) ter traumatizado… A memória do que somos está marcada por imensas experiências daquilo que vivemos e que podem servir-nos de defesa ou de abertura… a novos relacionamentos humanos, cívicos ou espirituais. 

= Por entre a efemeridade da vida tem vindo a desenvolver-se uma nova forma de trato entre as pessoas: os ‘amigos/as’ do facebook, desde os já aceites até aos pretendentes a sê-lo; desde os mais normais e conhecidos até aos bizarros e desconhecidos, que se insinuam para fazerem parte da rede de amizade… Numa declaração de princípio: não faço parte dessa (pretensa) ‘rede social’ nem pretendendo vir a ter ‘amigos/as’ por essa vertente!

Considero, no entanto, que muita gente poderá sentir-se muito ‘acarinhada’ por essa turba de ‘amigos/as’, mesmo que não passem de figuras decorativas ou meramente virtuais, embora possam tornar-se – como sói dizer-se – virais. Conta-se de alguém que tinha mais de meio milhar de ‘amigos/as’ faceboquianos, mas quando morreu estava sozinho na sala de velório! Ilusão, a quanto obrigas! 

= Pelas mais diversas razões – mesmo a da mobilidade humana – há circunstâncias em que os vizinhos estão muito mais presentes do que os familiares. Estes podem estar noutras localidades, podem viver noutros ritmos de vida e/ou de interesses. Os vizinhos são, assim, uma espécie de família de afetos e não de sangue direto. Não deixa de ser interessante que nos adágios populares se diga: Deus nos livre do invejoso e do mau vizinho ao pé da porta!

Há até, no calendário dos dias especiais, o ‘dia dos vizinhos’, celebrado nalguns países, na última terça-feira do mês de maio…

Diante da importância dos vizinhos torna-se também essencial não perder de vista ou de contato os familiares, na medida em que estes são as nossas raízes mais próximas e revelam os laços mais profundos duma história construída em comum…  

Assim, à luz da frase que motivou esta breve reflexão: ‘pato e parente só serve para sujar a casa da gente’, deixamos algumas questões:

* Teremos capacidade de acolhimento a quem nos visita?

* Damos importância aos sinais de unidade ou fomentamos as quezílias e os ressentimentos?

* Vivemos em abertura à diferença ou preferimos a nossa ‘bolha’ onde estranhos não têm lugar?

* Com a difusão e cultivo de tantos ‘animais de estimação’, onde caberá a hospitalidade e o bom ambiente familiar?

* Seremos ou teremos uma família aberta desde tenra idade ou favorecemos a exclusão dos incómodos?

 

António Sílvio Couto



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

…Principalmente as que mais precisarem!


Por entre as coisas que nos acontecem – de forma ativa ou de modo passivo – encontramos tantos casos que precisam de aferição para que sejam algo mais do que uma mera banalidade. Por vezes há expressões e frases que ressoam na nossa mente e que podem fazer eco de outras realidades…

Quando numa oração/jaculatória de influência mariana se diz: ‘principalmente as que mais precisarem’ como que se faz uma alusão a um grupo restrito, de onde se excluem uns tantos, que se podem autoconsiderar não necessitados e, porventura, com propensão para um certo orgulho senão for mental ao menos espiritual.

Dado que a frase – ‘principalmente as que mais precisarem’ – pode atingir situações diversas, vamos abordar o problema mais como exame de consciência do que como denúncia e/ou lição a dar: 

* Por estes dias participei – como de costume – nas jornadas de formação do clero das dioceses ao sul do Tejo. Éramos cerca de cem padres e diáconos. Notava-se, no entanto, algumas lacunas sobretudo nas faixas etárias mais novas… Certamente não precisam…sabem muito e mais do que os ignorantes participantes e também não têm tempo a perder com mestres a quem teriam antes de ensinar! Mas como se poderá compreender que se possa desperdiçar oportunidades de aprender, de rever conceitos e de aferir linguagens? Os que participaram nestas (como noutras) jornadas são quase sempre os mesmos, são ‘principalmente os que mais precisam’! Com efeito, como se poderá estar em sintonia com as propostas da Igreja universal – a presença dum cardeal de Roma é mais do que decorativa – ou com os desafios de cada diocese, se, na hora da humildade, o que vence é a autossuficiência, a rotina e o tradicionalismo? Não será que ‘principalmente os que mais precisam’ – embora ausentes – não deveriam obrigar os responsáveis das dioceses a questionar os lugares em que os colocam, pois se não estão concordes na aprendizagem da doutrina como poderão estar acertados na pastoral e na disciplina?   

* Nas paróquias vive-se um clima idêntico: ‘principalmente os que mais precisam’ não são os que aproveitam as propostas de formação e de coordenação dos serviços. Quanta ignorância – em jeito de brincadeira há quem a considere o ‘oitavo sacramento’ – se manifesta em tantos dos nossos serviços, grupos e movimentos! Há setores da vida paroquial que continuam aferrados a ritmos cíclicos, mas que não passam da reprodução de saberes bolorentos e com cheiro a bafio. O refúgio em certas devoções – umas mais antigas e outras recentemente recauchutadas como salvadoras sem nexo – dá-nos o quilate de quem as promove, de quem nelas participa ou de quem nelas se ilude… Esses seriam ‘principalmente os que mais precisam’ de renovar as suas certezas e os seus critérios de pertença à Igreja!  

* Atendendo a que todos precisamos de aprender – mesmo pelo estudo e a formação continuamente continuada – ao longo da vida, torna-se inquestionável que ‘principalmente os que mais precisam’ são aqueles que, embora com instrução suficiente para exercerem a profissão – ou até na expressão duma vocação – devem estar em contínua formação, não deixando de estudar e de querer aprender a saber dizer o que se aprendeu em linguagem que se adeque àqueles com quem tratam ou sobre os quais têm responsabilidade de fazer crescer na fé. De facto, não basta saber umas coisas de Bíblia para sermos capazes de a interpretar correta e atualizadamente. O recurso a um certo fundamentalismo bíblico só denota incompetência, má formação e falta de estudo das matérias. Também a necessidade de leitura, de reflexão e de consciência dos documentos da Igreja – do Papa, da conferência episcopal, dos bispos e dos teólogos – exibe tempo e dedicação. Com efeito, neste afã de querer fazer o urgente, depreciando o necessário, faz com que ‘principalmente os que mais precisarem’ possam estar fora do lugar e a entreterem-se com coisas importantes, mas nem sempre as mais essenciais!  

= Na jaculatória ensinada, em Fátima, por Nossa Senhora: ‘…levai as almas para o Céu e socorrei, principalmente, as que mais precisarem’, dá-se-nos uma certa propensão para colocar ao cuidado de Deus, por Nossa Senhora, quem possa estar precisado da misericórdia divina…sobretudo em condição terrena!

 

António Sílvio Couto  



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Novos ‘ismos’ da Europa


Na Europa estamos a viver novos ‘ismos’: modismo, comodismo, consumismo, facilitismo, imediatismo e mediatismo. Esta afirmação foi por João de Deus Pinheiro numa intervenção que proferiu mas jornadas de atualização do clero das dioceses do sul, que decorreram, em Albufeira, de 29 de janeiro a 1 de fevereiro.

João de Deus Pinheiro falava na conferência: ‘Os desafios que a Europa e o projeto europeu nos colocam’. As jornadas das dioceses de Algarve, Beja, Évora e Setúbal tiveram por tema: «Desafios para uma Igreja ‘semper renovanda’: secularização, diálogo e discernimento».

Mais de uma centena de padres e diáconos refletiram sobre o tema da secularização, do diálogo com o mundo e a evangelização da cultura…numa Igreja em mudança e em saída.

Depois dos quatro ‘ismos’ – tão refletidos por ocasião da revolução de abril de 1974: comunismo, fascismo, capitalismo e socialismo – na Europa, sobretudo a ‘geração do bem-estar’, na interpretação de João de Deus Pinheiro, tem de refletir sobre a globalização, reganhando os valores; sobre o envelhecimento da população, com repercussão nos custos da saúde e o fluxo migratórios; sobre as alterações climáticas, tendo em conta as novas formas de energia; sobre um novo paradigma das relações internacionais, sabendo que precisamos duma Igreja forte na defesa dos nossos valores cristãos.

Vejamos, então, o significado dos seis ‘ismos’ enunciados por João de Deus Pinheiro, nesta Europa onde ‘ o balão’ do sucesso europeu está a desencher, questionando as gerações mais-novas as conquistas conseguidas pelos seus pais:

* Modismo – o fator ‘moda’ cria um viver ao sabor das coisas da moda e os vários filões que a exploram. Estar fora de moda é quase uma exclusão, marginalização ou perda de visibilidade social nos círculos mais próximos ou mais alargados!

* Comodismo – depois dos sacrifícios pedidos à geração do após-segunda guerra mundial, que resultou na construção da União Europeia, agora pensa-se que tudo é irreversível e dá-se uma razoável acomodação, onde o esforço parece uma heresia para os mais novos… Algo parece estar em risco grave!

* Consumismo – uma espécie de nova religião, onde as essenciais necessidades quase se reduzem à satisfação das coisas materiais…As novas catedrais do consumo estão pejadas de fiéis, numa substituição da religiosidade popular que tinham os espaços dos templos como pontos de encontro e de vivências mais individuais do que coletivas…

* Facilitismo – a maioria dos europeus – e dos cidadãos da cultura ocidental – vive, para além dalgum facilitismo ético/moral, ainda mais num certo ambiente em que palavras como sacrifício, dificuldade, exigência, disciplina e afins estão banidas do pensamento e da práxis normal. Com alguma aversão àquilo que custa se faz corresponder para si e para os outros o que possa condicionar a liberdade pessoal!

* Imediatismo – se quisermos usar uma imagem para ilustrar esta faceta, poderemos servir-nos da máquina de venda de bebidas/comidas, onde se coloca uma moeda e logo sai o produto…com trocos e tudo. Por vezes a difusão dum certo espírito ‘new age’ cultiva-se através duma cultura de que as pessoas valem enquanto servem, imediatamente, os nossos desejos, pretensões e (quase) ideais!

* Mediatismo – o que não aparece na comunicação social não existe nem tem expressão pública…porque não-publicada. O culto dos media – onde as redes sociais têm expressão crescente e cativante – faz-nos viver nalguma superficialidade intelectual, sob uma cultura da imagem, tanto a do próprio como aquela a que temos acesso neste mediatismo! 

= Talvez estes seis ‘ismos’ não tenham a mesma importância nem idêntico significado na nossa vida, mas são vertentes que nos devem fazer refletir nesta Europa…nem sempre claramente dos cidadãos!

Precisamos de reencontrar as raízes desta Europa, que tem vivido em paz – à exceção do conflito nos Balcãs – nos últimos setenta anos…embora pareça mais uma paz podre do que uma paz feita de convicções e compromissos entre todos. Com efeito, nem tudo está adquirido para a atual e a próxima geração. Por isso, queira Deus que saibamos aproveitar quem nos avisa e assim nos previne.   

 

António Sílvio Couto