Emergiu na discussão política – mas também pode ser económica ou financeira, desportiva ou clubística, social ou cultural – a necessidade, a possibilidade ou a exigência de que os deputados declarem a que agremiações pertencem…talvez para sabermos quem são, a quem servem ou quem os influencia…
Bastou levantar-se tal nuvem no horizonte e logo
certas forças se consideraram sob suspeita – como se tivessem elas ou os seus
seguidores algo a esconderem – e conjeturando quanto às razões de tais
iniciativas. Tanto quanto foi percetível há dois setores que estão em causa – a
maçonaria (nos seus vários quadrantes ou lojas) e o ‘opus Dei’… naquilo que
podem ter de discreta ou não tanto, bem de secreto ou muito menos…
Desde logo acho que há outras forças ditas discretas
que o são mais secretas ou ainda que vetores da nossa sociedade se comportam
muito mais perigosos e acintosos naquilo que pretendem influenciar nas decisões
dos deputados/políticos. Um outro aspeto referido naquelas duas forças
‘perseguidas’ elas seriam transversais até aos partidos e, portanto, os seus
seguidores e mentores estariam suscetíveis de se deixarem guiar por essas
influências e não tanto pelas ideologias político-partidárias.
Agora repare-se na capacidade de mobilização e de paixão
dos clubes grandes do futebol nacional: perpassam vários partidos e até sensibilidades
regionais ou setores sócio culturais. Não serão eles bem mais perigosos pelos
lóbis que suscitam, desenvolvem e impõem? Com tantos interesses subjacentes às
questões do futebol quem acredita que não possa haver jogos de
‘fortuna-e-de-azar’ conluiados com processos jurídicos e de manipulação? Não
haverá branqueamento de dinheiro em certas situações com cobertura democrática,
só porque uns tantos se acobardaram na hora de decisão?
Por outro lado, que dizer ainda das forças
económicas, muitas delas que se perceber serem suporte de ‘casos’ e de decisões
nem sempre claras? Será que há declarações de interesses, quando são
adjudicadas certas obras pagas com dinheiros públicos? Até onde vai a clareza
de métodos e de ações, quando certas decisões são entregues a gabinetes de
advogados incluídos na feitura da legislação e na sua interpretação?
Nota-se em casos recentes da nossa vida pública – a
situação da transportadora aérea é a mais paradigmática – uma magna subterrânea
que une uma boa parte das forças da apelidada ‘geringonça’. Tomadas de posição,
iniciativas sindicais, manifestações e reivindicações perpassam a suspeita de que
há forças não-visíveis a conduzir o processo. Os arietes governamentais não
passam, afinal, de peões para outras batalhas, pois a guerra é fazer crer que o
estatal é melhor do que aquilo que não o é – onde o privado se inclui, mas não
se exclui – fazendo com que tudo concorra para a sua concretização.
= Como se explica, então, que havendo informação
mínima sobre algumas das forças secretas atuais ainda se verifique um
recrutamento de novos membros, desde o tempo universitário até à prestação de
outros serviços ditos públicos? Os mais novos precisarão destes suportes
‘secretos’ para subirem na hierarquia das suas profissões, agremiações ou
autarquias? Não andaremos a clamar por transparência, colocando, por seu turno,
teias de permeio que ofuscam, seduzem e enleiam?
É um facto indesmentível: temos falta de líderes,
nos mais vários quadrantes da sociedade. Também estamos em grave crise de
liderança, pois sendo escassos por natureza, corremos o risco de suicidar pela
maledicência os poucos que surgem. Estamos entregues a uma classe dirigente
muito deficiente, tanto ao nível humano e cultural, como na dimensão mais
oblativa e espiritual. A mediocridade está no poder nos mais díspares setores.
À meritocracia encontramos a mandar, na maior parte das vezes, os inúteis e
paus-mandados. Por isso, o carreirismo é a profissão mais comum na nossa vida
pública e não só. Colocados nos postos de poder em razão do cartão partidário –
as autarquias são o mais lídimo exemplo – por aí pululam tantos incompetentes,
que arvorados em mandões, se tornam verdadeiros ditadores, que arquitetam
prolongarem-se no poder pela caterva de subordinados e subsidio-dependentes…Em
tempos isto era caciquismo!
= Onde estão as vozes proféticas, que não temem
perder o penacho e vivem na lógica da Verdade? Onde se pode ver alguém que
recuse ser condecorado pela simples razão de ter cumprido o dever? Será que
encontraremos uma pessoa equilibrada que o seja pela simples razão de pensar
pela sua cabeça e segundo os valores (cristãos e humanistas) que perfila? Não será,
antes, o homem lobo do homem?
António Sílvio Couto
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