Por decisão governamental das zero horas de 6.ª feira (26 de março) até às vinte e quatro horas de 5 de abril (2.ª feira) está proibida a circulação entre concelhos. Desta forma se pretende condicionar, por ocasião das celebrações (religiosas ou sociais, económicas ou turísticas, tradicionais ou de neo-veraneio) do tempo da Páscoa, a deslocação das pessoas e com isso atalhar à não-propagação do vírus, que tem dado origem a esta pandemia.
Atendidos
os casos previstos de exceção, sobretudo em razão de trabalho ou de prestação
de auxílio a terceiros de forma justificada e por escrito, logo emergiram
‘soluções’ para tornear as regras gerais...Como bons portugueses, uns tantos
mais espertos puseram a funcionar a sua capacidade habilidosa de subverter a
‘lei’ e com isso não cumprirem o que estava estipulado para todos. Dizem alguns
dados que, até à hora estipulada para a restrição, ter-se-ão deslocado para
mais de cem quilómetros da sua residência habitual, cerca de onze por cento dos
portugueses... naquilo que daria quase um milhão de ‘deslocados’... Se
atendermos , por outro lado, aos dados de deslocação dos portugueses por
ocasião do Natal de 2020 – os mesmos cem quilómetros fora da residência
habitual – pode verificar que só oito por cento o fizeram... com as
consequências suportadas nos meses de janeiro e de fevereiro passados...
Nisso
a que pretenderam designar de ‘confinamento a conta-gotas’ vimos nestes dados sobre
os onze dias antes e depois da Páscoa como uma espécie de enxurrada quase
sem-controlo e ainda roçando os laivos da provocação à cidadania, pois uns
tantos acharam-se no direito de não cumprirem essas regras e disso fazem alarde
ao aparecerem acintosamente nas televisões ou ao se ufanarem nas redes
sociais... Daqui já se infere um aviso simples e linear: uma quarta vaga da
pandemia se adensa no horizonte para o mês de maio com resultados ainda mais
gravosos, à mistura com o processo de vacinação... titubeante em curso.
Os
episódios de esperteza e as habilidades de contornar as regras nestes dias da
Páscoa, manifestam o egoísmo, a falsidade e o oportunismo com que vivem tantos
dos portugueses. Que falta para os corrigir?
António Sílvio Couto