Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



segunda-feira, 28 de junho de 2021

‘De joelhos’ na hora da despedida

 


Coincidência ou sinal? Da única vez que vi os jogadores da nossa seleção de futebol estarem de joelhos em terra antes de um jogo teve como consequência a derrota e a eliminação do campeonato europeu…

Fique claro: contesto aquele gesto como forma de exprimir a luta contra o racismo – dada a sua ideologização e tendo outros sinais como possíveis e bem mais pacíficos – num tempo crispado por menos boas razões em várias partes do mundo.

Atendendo aos resultados poderemos tentar discernir o seu alcance ao nível desportivo, social, cultural e religioso.

1. Desde logo sinto que estar de joelhos é algo de significativo do relacionamento com Deus e não pode ser banalizado ou tão pouco instrumentalizado, como certas forças lhe têm dado a cobertura. Citando a velha frase de D. António Ferreira Gomes – ‘de pé diante dos homens e de joelhos só diante de Deus’… Como portugueses os jogadores deviam saber e viver nesta linha deste pensamento e conduta. Quiseram brincar com Deus e eis os resultados…

 2. O abuso daquele gesto em situações de desporto trouxe à lembrança a mistura com que alguns setores advogam, quando lhes convém, a independência do setor desportivo, mas com que sutileza se subjugam quando outros interesses emergem. Dá a impressão que o ‘respect’ que apregoam é unívoco e não cria implicações diversificadas senão no conteúdo ao menos na forma. Uma espécie da massa acrítica vai na onda e nem se questiona quanto ao significado das coisas…

 3. Efetivamente este jogo do campeonato da Europa, onde Portugal foi interveniente, revelou atitudes nem sempre racionais. Desde logo a afirmação populista – este termo cai aqui muito bem – da segunda figura do Estado luso ao ‘convocar’ a massa dos adeptos para irem ao local do jogo…as condições, as circunstâncias ou as consequências não foram atendidas naquele momento e, como se pensasse que foi algo temerário, continuou a insistir por alguns dias na mesma tecla de arregimentador de confusões… E não é que o ‘povo’ fervoroso seguiu o caudilho! Gente sem bilhete nem lugar no estádio, sem cuidados nem prevenções encheu as ruas – assim nos mostraram as televisões – numa zona considerada de alto risco e pouco cuidado…quanto à propagação do vírus. 

 4. Agora que a seleção de futebol foi eliminada – mesmo após certas conquistas…nem sempre tão convincentes como seria desejável – surgirão os contestadores do ‘chefe’, particularmente naquilo que tem a ver com a sua conduta de fé. Um certo jocoso estava subjacente quando ele se referia aos princípios de relação com o divino. Contrariamente a outros grupos de atletas, os nossos ‘representantes’ continuaram sobranceiramente no seu ar agnóstico e quase descrente. Quase nenhum tinha (ou tem) sinais de crença, pelo menos de forma explícita. Por isso, considero resultado de manipulação aquele ajoelhar antes do jogo com os belgas…Veremos, por estes dias, certos ‘treinadores de bancada’ a quererem interferir na tática, mesmo que isso implique expulsar Deus e a referência à sua ajuda.

 5. De facto, é nas horas da derrota que melhor se conhecem os que estão connosco. Nas vitórias corresse o risco de confundir sucesso com capacidade, habilidade ou esperteza, mas nos reveses se pode compreender um tanto mais claramente em quem cremos, em quem confiamos e a Quem reconhecemos como guia e mestre.

Ora, esta derrota antecedida daquele gesto e concretizada nos múltiplos azares no jogo, pode e deve fazer-nos pensar, questionando as nossas opções e aquilo que nos compromete. Perdemos uma batalha, mas a guerra vai continuar…                

 

António Sílvio Couto

domingo, 27 de junho de 2021

Banir, de vez, o ‘vai ficar tudo bem’

 


O slogan – ‘vai ficar tudo bem’ enxameou o país em breves momentos. Mesmo que não soubessem o que significava nem quem estava por detrás, ele andou por todo o lado. Pior ainda se foi embarcando na simbologia que acompanhava tais palavras – o arco-íris, sem descortinar quem estaria contido naquele ‘desenho’… Por muitas e diversas formas percebemos – passados mais de quinze meses de pandemia – que nada daquilo que se desejava concretizou, pelo contrário, temos de reaprender a discernir que não está nem ficou ‘tudo bem’!

 1. Aquele slogan além de temerário soa a alucinado, pois, muito daquilo que vivemos veio, afetiva e efetivamente, alterar as nossas rotinas, desde as mais básicas até às mais elaboradas, isto é, desde o nosso modo de estarmos com as coisas – repare-se no contínuo e obrigatório estado de higienização e de resguardo através da máscara – até para com as pessoas – o distanciamento, o não-convívio e mesmo as formas alteradas de saudação – tornando-nos todos mais frios, na desconfiança e quase insociáveis… Não vai ficar nem está tudo bem!

 2. Passamos, regra geral, a privilegiar a saúde a outros fatores de relacionamento humano. Por precaução e até por medo fomos vivendo várias etapas de confinamento mais ou menos rude para com as atividades sociais, culturais, religiosas, económicas… Estaremos a vivenciar a 4.ª fase de propagação/defesa quanto ao vírus, nas suas mais díspares mutações. Com tantas e multiformes alterações ainda poderemos considerar que ‘vai ficar tudo bem’?  

 3. Dá a impressão que estamos a desaproveitar uma oportunidade por excelência de reconfigurar a nossa vida, tanto pessoal como familiar e mesmo social. Talvez não tenhamos tido muitas outras circunstâncias como esta para rever os critérios, aferir os valores e recuperar o essencial. Continuamos a alimentar mitos e alucinações. Há casos em que se pretende continuar a ignorar uma tal ética/moral centrada no efémero. Contabilizados mais de dezoito mil mortos, como ousa alguém considerar que ‘vai ficar tudo bem’?

 4. Como não questionar a nossa forma de viver, ao sermos confrontados com milhares de mortos que foram sendo sepultados sem ter podido ser feito o luto na hora conveniente? Como não sentir que algo mudou radicalmente quando os falecidos foram subtraídos à vista e ao convívio humano, agonizando no abandono e até no anonimato esconso e atroz dos locais de quase não-saúde? Como não precisar de algo que faça ainda acreditar na pessoa humana, quando o medo atravessou a alma de tantos que foram vítimas deste vírus medonho, silencioso e mortífero?  

 5. Há mudanças que precisam de ser encetadas, tanto ao nível pessoal como social, no enquadramento familiar como nas questões laborais, no vínculo de proximidade como no trato cívico. De facto, seria um erro histórico se quiséssemos que ficasse ‘tudo bem’ pela simples razão de nos sentirmos intocáveis nas nossas convicções mais ou menos suscetíveis de serem questionadas, pois esta pandemia trouxe à luz do dia muito daquilo que há de bom nas pessoas, pela solidariedade na desgraça, mas também revelou, quase inconscientemente, muito do egoísmo enraizado no coração de tantos nossos contemporâneos. A prova desta faceta menos boa tem sido o descuido de setores da população que se acham no direito, pelos seus atos e comportamento, de não cumprirem as regras comuns, preferindo sobrepor os seus interesses ao bem dos outros.

 6. Não, não ficou tudo bem e, se não velarmos, tudo irá piorar. No presente já percebemos que houve mudanças. Sobre o passado há tanta coisa reversível. Para o futuro só nos espera capacidade de diferença!

 António Sílvio Couto

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Até onde irá a promoção/provocação?

 


Muito honestamente: pouco me importa qual seja (ou possa ser ou vir a convir) a orientação sexual dos outros, mas incomoda-me sobremaneira – diria de forma quase visceral – o espetáculo de certas forças pretensamente contestadas e/ou saídas do armário e que têm conseguido impor a sua moda, mesmo sob a capa de perseguidos, de menosprezados ou até de minoritários, diziam eles/elas…

A façanha atingida por ocasião do campeonato europeu de futebol – de 11 de junho a 11 de julho – foi um significativo sinal do poder do lóbi LGTBI+ – lésbicas, gays, transexuais, bissexuais, intersexuais e outros sem definição – no quadro social, cultural e quase desportivo no continente europeu.

 1. Do silêncio de tantas das estruturas ditas de referência podemos inferir que se nota uma consagração de um certo comportamento mais ou menos generalizado no presente e para o futuro. Ao encolher de ombros – símbolo da indiferença e da pasmaceira coletiva – dos responsáveis políticos no Parlamento Europeu – palco de todas as modas e afins – ficamos a saber que tanto vale isto como o seu contrário, desde que não se destoe na onda anódina, amorfa e incolor… Não deixa de ser significativo que o movimento LGTBI se tenha apropriado de um símbolo técnico-religioso – o arco-íris – para o assumir como a sua bandeira, estandarte e título de promoção…

 2. Parece que os que não são LGTBI têm de pedir desculpa por serem diferentes deles, pois perderam capacidade de dizer que são ‘normais’ na linguagem tradicional – atraídos pelo sexo oposto – e como que se sentem incluídos na exclusão por não poderem ser tratados segundo uma cultura judeo-cristã de longos séculos, que deram estabilidade, fecundidade e população à Europa e ao mundo.  

 3. Do poder, da influência e da capacidade de mobilização LBTBI já quase ninguém duvida por mais simplório que seja ou se considere. Campos de intervenção como a comunicação social, a vida artística (nos seus vários ramos e manifestações), um certo mundo económico (ligado a dimensões exotérico-inovadoras), certas intervenções cívicas e em projetos humanitários…onde os ‘seus’ são beneficiados, promovidos, reconhecidos – ou usando ‘as’ nas formas que lhes interessarem…

 4. A insistência na ‘ideologia – essa sim camuflada de igualdade – de género’ é uma das batalhas mais subliminares deste movimento LGTBI. Vai surtindo efeito a imposição do termo e a inclusão da terminologia. A subtileza da linguagem vai-se sobrepondo em muitos dos intervenientes públicos – os eles e as elas – proferidos soam a condicionamento para quem não pense como tais promotores, que mais não fazem do que não respeitarem quem pensa, fala ou atua de forma diferente de tal igualitarismo ideológico.

 5. Citemos um documento da Conferência Episcopal Portuguesa, ‘A propósito da ideologia de gênero’, de 2013: «Esta teoria parte da distinção entre sexo e género, forçando a oposição entre natureza e cultura. O sexo assinala a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher. O género baliza a construção histórico-cultural da identidade masculina e feminina. (…) A ideologia do género considera que somos homens ou mulheres não na base da dimensão biológica em que nascemos, mas nos tornamos tais de acordo com o processo de socialização (da interiorização dos comportamentos, funções e papéis que a sociedade e cultura nos distribui). Papéis que, para estas teorias, são injustos e artificiais. Por conseguinte, o género deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza».

 6. A psicologia da confusão perpassa muito deste movimento LGBTI, servindo-se de figuras que lhe suportam as pretensões, manipulando alguns dos intérpretes nas lides onde desenvolvem as suas tarefas, promovendo-os se os servem ou estiolando as suas carreiras, se pensarem pelas suas cabeças e segundo os seus valores de índole cristã… Às vezes até se nota alguma turbulência no campo eclesiástico.

Disse o que pensava e pensei, minimamente, aquilo que disse!        

 

António Sílvio Couto

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Autárquicas – o erro de votar na ‘pessoa’

 

Estamos em ano de eleições autárquicas. Emergem candidatos como cogumelos – certamente todos sabem onde estes nascem, como se manifestam e quais os resultados que dão.

Nos tempos mais recentes surgiram uns tantos, ditos de independentes, que não são nada (ideologicamente), não valem muito (sociologicamente) e para pouco prestam (culturalmente). Vamos esmiuçar estes itens, mesmo que isso possa melindrar uns tantos…

Desde já uma declaração de desinteresse: não aprecio quem se possa refugiar no epiteto de ‘independente’ para camuflar ressabiamentos quanto a quem o preteriu e, sobretudo, essa nuvem de incompetentes que querem ser alguém sem despirem a máscara do oportunismo.

 1. Estas (em 2021) serão as décimas terceiras eleições de âmbito autárquico – câmaras e assembleias municipais, juntas e assembleias de freguesia… O dito ‘poder autárquico’ teve o seguinte quadro de votação e desenvolvimento no tempo com a respetiva abstenção: 1976 (35,4%), 1979 (26,2), 1982 (28,6), 1985 (36,1), 1989 (39,1), 1993 (36,6), 1997 (39,9), 2001 (39,9), 2005 (39), 2009 (41), 2013 (47,4) e 2017 (45).   

 2. Seja lá quem for o eleito, é-o sempre em ligação a alguma ideologia… senão política ao menos de caciquismo, de tentativa de poder pessoal ou sob outros interesses nem sempre explícitos. Quem se apresenta como seguidor – simpatizante, militante ou adepto – de um partido assume (para ou bem e/ou para o mal) aquilo sob o qual se enquadra. Sobretudo nos sufrágios nas eleições autárquicas os órgãos locais dos partidos têm grande participação, proximidade e até vínculo à terra por parte de quem concorre. Nestas eleições notam-se menos os paraquedistas procedentes do aparelho nacional ou distrital, embora possam condicionar as escolhas nem sempre como as mais adequadas… 

 3. É uma perfeita anomalia intelectual alguém dizer que vota na ‘pessoa’, sem cuidar em que ideologia – clara, tácita ou estrategicamente – tal se enquadra. Nos escaninhos mais subtis das candidaturas há sempre algo que faz concorrer, ao menos pelo seu ego mais entranhado. Seja qual a desculpa que se pretenda engendrar, os candidatos ou os votantes nunca são independentes de ninguém…nem da própria sombra. De pouco adianta querem convencer que as listas de independentes trazem (ou traziam) mais eleitores a pronunciarem-se, pois a ‘moda’ está em declínio de forma clara e, talvez, assustadora.

 4. É bom, útil e saudável que os candidatos-concorrentes saibam dizer claramente ao que vem, com que meios e quais os objetivos. Sobretudo os recandidatos podem cair na tentação de que já são conhecidos e que possam camuflar as reais intenções. Em certos casos nota-se a mão do partido que representam – é daqui que vem manipulação – escondendo incompetências, sobrancerias e jogos pouco claros. Como já vi tantas destas situações escuso-me de dizer que não tem a ver com qualquer realidade atual em apreço…

 5. Há localidades neste país que vivem em regime de ditadura quase há cem anos – quase cinquenta no dito fascismo e outros tantos desde a revolução de abril de 74 sob a alçada da mesma cor. Será isto benéfico para a pretensa democracia? Não haverá ninguém mais competente do que os de sempre e do mesmo partido? A alternância é só para os outros ou poderia ser experimentada por todos? A imposta limitação de mandatos – três consecutivos no mesmo lugar – não esconde a falta de alternativa? Repare-se na troca de candidatos de um para outro lugar só para segurar o poder…na hora da contagem de resultados.

 
6. À luz de experiências conhecidas e pelas piores razões talvez seja necessário colocar questões: as autarquias são geradoras de riqueza ou distribuidoras de benesses? Com tantos assalariados – em muitos casos os municípios são o grande empregador local – não será fácil manter-se no poder pela simples razão de que se tem de obedecer ao patrão? Será que são as pessoas que não mudam ou os que mandam é que não conseguem aferir-se ao essencial do poder autárquico? Há por aí muitos tiques de ditadores dissimulados!   

 

António Sílvio Couto

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Estórias do menino-rural

 


Foi num misto de surpresa e de contentamento que vimos surgir nas televisões o final do desaparecimento de um menino de dois anos e meio nas terras recônditas de Proença-a-Velha, nos arredores de Castelo Branco: foram trinta e seis horas de sobressalto, de medo e de confusão, pois uma criança saiu de casa e andou perdido, sem alimentação e sobrevivendo aos temores de uma noite, no campo, sozinho…

Mesmo que se tente desdramatizar o episódio, ele tem algo de questionável. Mesmo que se faça parecer um caso simples, ele comporta facetas de complexidade. Mesmo que tudo tenha acabado quase-bem, ainda há pormenores por aferir…

Deixando a quem de direito que dê respostas, que se faça a verdadeira destrinça entre o essencial e o secundário, que possa tudo voltar ao normal…tenho a sensação de que se deveria fazer uma reflexão sobre alguns aspetos culturais e sociais que este acontecimento nos proporciona.

 1. Antes de mais perguntamos: que vida queremos para nós mesmos e para os descendentes (filhos, netos e outros)? Quando uma criança de tão tenra idade consegue saber lidar com a terra – espaço, lugar, situação ou circunstância – como explicar a infantilidade e, sobretudo, a infantilização de tantos/as outros/as em meio (dito) urbano ou pretensamente citadino? Como interpretar a autonomia daquela criança, quando vemos a monotorização de tantos com quem convivemos e mais nos parecem joguetes sem vontade nem decisão? Com esses resguardos para com as crianças (ditas) normais, casos como o deste menino não envergonham tantos projetos educativos, que mais não fazem do que criar homúnculos e ‘criaturas’ desprovidas de capacidade de enfrentar a vida com valores e os mínimos critérios? Não faltará, tantas vezes, coluna vertebral a vários dos nossos pedagogos, que preferem a moleza à educação séria, serena e substancial?   

2. Registemos o significado do nome da criança: Noah. De facto, ‘noah’ significa “descanso”, “repouso”, “de longa vida”. Noah é um nome inglês e bíblico, de origem hebraica. Surge na forma de No'ah, que por sua vez teria surgido a partir da palavra noach ("descanso"). Noah é uma variação bastante popular na língua inglesa, considerada o equivalente em português de Noé e significa “descanso”, “repouso” ou, ainda, “de longa vida".

 3. Vivemos num tempo onde as opções de vida têm de ser reaferidas ao projeto que se pretende concretizar, usando os meios e criando, se preciso for, as ruturas com as tais normalidades que não passam de acomodações consumistas, materialistas e quase-sem Deus. Começa a ser habitual que famílias – nalguns casos ainda jovens – troquem o bulício da cidade pela pacatez do campo, usando os meios tecnológicos para se manterem em contato com a (dita) civilização ou criando novas formas de sobrevivência no meio da natureza. Casas antes desabitadas e em ruínas emergem na paisagem do interior do nosso país, não já por não ter para onde irem os seus habitantes, mas exatamente por as terem escolhido para como residência. O caso em apreço na situação do menino-rural parece ser uma dessas situações…

 4. Sente-se a falta de equilíbrio na maior parte das pessoas, tanto na sua personalidade, como na conduta de vida e mesmo na assunção da sua procedência. Parece que se perdeu a noção de que a nossa correta relação com a Terra fará de nós pessoas equilibradas no pensar, no sentir e, mesmo, no agir. Duma forma um tanto provocatória poderemos dizer: andar descalço traz benefícios à nossa saúde, descarrega as energias acumuladas para a terra e faz-nos sentir irmanados com as nossas raízes… Claro que temos de saber o terreno que pisamos! Por que será que as pessoas em tempo de férias e na praia são um tanto mais calmas?

 5. À semelhança do pequeno Noah também eu me sujei na terra, senti o seu odor e convivi com as coisas do campo. Aliás tenho a sensação de que isso me é muito útil para entender alguma da linguagem de Jesus nos evangelhos, sobretudo quando se refere à sua forma específica de ensino através das parábolas. Por vezes sinto alguma perplexidade de pessoas que, não tendo tido a graça de um certo espírito rural, talvez tenham dificuldade em penetrar mais acertadamente na mensagem evangélica…

 

António Sílvio Couto

Estará salvaguardada a privacidade?

 


Vou trazer para vida mais pública algo que, na minha opinião, é uma intrusão abusiva e perigosa na vida privada…das instituições, das famílias e das pessoas.

Era cerca das 9.15 (manhã) de quinta-feira, dia 17 de junho, quando chegou ao email do Centro Paroquial de Acção Social da Moita a seguinte informação, sob o título de ‘pedido de esclarecimento’: «Exmos. Senhores, Tivemos conhecimento que esta manhã uma das crianças que frequenta a creche Ninho, Moita, foi colocada de castigo no exterior desse estabelecimento à chuva. Foi-nos inclusive, enviado um vídeo onde mostra uma educadora na altura a repreender a criança e a dizer e passamos a citar: "1,2,3 podes ir para a sala calado, se não voltas para aqui". Gostaríamos de saber mais esclarecimentos sobre este caso. Com os melhores cumprimentos». Esta mensagem tinha como remetente: agenda@diariodistrito.pt.

 1. Como instituição que se preza foi averiguado pelo Centro Paroquial a veracidade do que fora ‘relatado’, tendo sido apurado que algo não estaria a condizer minimamente com os possíveis factos apresentados, pois, embora as crianças estivessem a sair do espaço exterior, onde teria estado a chover – nessa manhã houve alguma chuva na região – mas a circunstância fazia entrar as crianças na sala e, em tempo algum, era colocada uma de ‘castigo’ à chuva… pelo contrário, era avisado para sair da chuva… Coisas de audição à distância e com interpretações quase-preconceituosas.

 2. Colhido o ângulo do tal ‘vídeo’ podemos perceber que, duma varanda a mais de cem metros de permeio, em plano superior – numa intromissão sobre um espaço privado, que é o recreio d’ O ninho’ – alguém gravou àquela hora da manhã algo que lhe pareceu anómalo e disso fez constar para um órgão de comunicação, bem rápido em fazer disso alarde.

Nesta fase da nossa reflexão ouso colocar breves questões: quem aquilo gravou não estaria de atalaia, como de outras vezes, logo invadindo a esfera privada da instituição? Que interesse teria em expor, para um órgão de comunicação fora do âmbito da terra onde mora, tal observação tão lesta e diligente? O acolhimento tão prestável daquele órgão de comunicação revela falta de assuntos ou manifesta algum conluio com quem assim o advertiu? Não poderemos induzir que podem estar outras atitudes menos corretas – talvez até pedofilia disfarçada – em ‘vigilâncias’ daquele tipo sobre uma instituição frequentada por crianças? Agora foi uma foto, amanhã não poderá ser um tiro, à distância? Há por aí muita gente mal-intencionada à solta!  

 3. Reporto-me, agora, à resposta que dei, por escrito, enquanto presidente da direção do Centro Paroquial e também como pároco da Moita, ao tal ‘diário distrito’, na sequência de uma reunião de direção:

«Ao senhor jornalista e ao senhor subdiretor:
 Questionamos:
- A fonte de informação (incluindo o vídeo) será assim tão credível ou não será uma possível intromissão – quase-voyeurista, dada a distância entre a captação da imagem e o dito local – de intromissão abusiva num espaço privado?
- Atendendo aos ditos ‘factos’ aduzidos não lhes terá passado pela suspeita – mesmo jornalística – de poder haver má-fé em tal ação de um particular sobre uma instituição?
- Num tempo tão ávido de questões que possam provocar ‘escândalo’, será razoável e avisado trazer estes mal-intencionados problemas, tentando gerar mal-estar social?
- Como veículo de paz consolidada, que deve ser a missão da comunicação social, serão atitudes como estas em apreço, fomentadoras de uma sociedade democrática humanizada e humanizadora?
- Num tempo algo crispado, sobretudo, nesta época de pandemia, não será de atender ao respeito por todos, fazendo cada um (pessoas e instituições) tudo quanto possa favorecer a verdade objetiva?
Postas estas questões convidamos esse órgão de comunicação social a tentar conhecer a nossa instituição, pois nada temos a esconder a ninguém. As nossas portas estão abertas a todos como Centro Paroquial de Acção Social da Moita desde 1952 e com incidência na área da infância desde 1978 e nunca tivemos problemas internos ou com o exterior com ninguém!
Aguardamos a vossa compreensão, comprometendo-nos no serviço de cidadania».

 4. Da resposta do dito órgão de comunicação àquilo que lhes enviei, respigamos as seguintes observações:

«Quanto à "Intromissão abusiva num espaço privado" isso terá que ser resolvido dentro da instituição, eu até deixo uma sugestão, para que ninguém veja o que se passa num espaço que é comum e público, a fachada de um prédio, a instituição providencie uma cobertura que tape os olhares dos vizinhos.

Em questões de conhecer o que a instituição faz, teremos todo o gosto, um dia, de fazer uma reportagem, mas não deixa de ser condenável a atitude da funcionária ao proporcionar um momento daqueles.

Da minha parte, tenho tudo dito, para já não iremos fazer qualquer notícia, mas iremos certamente estar mais atentos e como diz e bem iremos ter a missão de vigilantes em casos próximos como este que venha a acontecer nessa ou noutra instituição, e aí teremos que fazer notícia».

Por estas palavras citadas ficamos a saber que há quem defenda a substração à invasão da privacidade tapando os espaços abertos e que possam ser visíveis e não educando para o respeito pelos outros, não expondo a vida alheia, mas possivelmente espiolhando-a mesmo que de forma desrespeitosa e abusiva. Sendo assim estamos falados por uma certa comunicação social que prefere a difusão da mentira e não do resguardo da privacidade… até que um dia lhes toque na pele!

 

António Sílvio Couto

 

domingo, 20 de junho de 2021

Chegou em força a 4.ª vaga do vírus


Chegou. Não há pachorra. Por causa duns tantos pagam todos.

E verdade: por estes dias temos de estar confinados – embora de rédea bastante larga – à ‘área metropolitana de lisboa’, ninguém entra nem sai durante quase quatro dias.

Eis a fatura que todos pagam pelos festejos futeboleiros de há um mês atrás…

 1. Mesmo com o cumprimento das mais elementares regras de convivência em saúde pública – higienização das mãos, uso de máscara e distanciamento mínimo – acrescentadas com as medidas mais básicas – testagem, vacinação ou resguardo pessoal – os números dispararam na grande zona da capital. Com quase um terço da população do país abrangido por tais medidas, houve necessidade de confinar ao espaço de dezoito concelhos esta população um tanto rebelde e movediça.

 2. Apesar das recomendações e dos avisos, das prevenções e das ameaças, dos medos e das consequências estamos chegados à etapa de pré-colapso já experimentado noutros tempos. Embora possa parecer algo ‘dejá vu’ – sobretudo no tempo que mediou entre o natal e a páscoa recentes – agora podemos perceber as incidências das causas e quase prever os resultados das consequências.

 3. Pareceu ter sido deitado a perder o esforço cívico de cumprimentos das regras de uma percentagem significativa da população, pois uns tantos mais espertos estiveram-se a borrifar para o que era mínimo e obrigam todos a estarem sob restrições mais ou menos ditatoriais…isto é, foi decidido e já está! Com efeito, o governo decidiu e, mesmo sem estado de emergência ou de qualquer outra decisão do parlamento, pôs em marcha, se bem que os chefes – de estado e de governo – tenham ido para o estrangeiro!

 4. Toda esta crise pandémica trouxe à luz do dia a falta incrível de civismo por parte de alguns pretensos cidadãos, mas que de tal condição só colhem os benefícios e nunca por nunca as dificuldades…por mais básicas que possam ser. Efetivamente, há pessoas que só conhecem os seus direitos e quase nunca as inerentes obrigações, que se acham na condição de exceção, mesmo que esta se lhes não aplique. Percebe-se um tanto melhor que o respeito pelos outros não seja considerado um princípio mínimo da convivência social, mas que cada um possa impor aos outros o que mais lhe convêm, conflituando, por vezes, com tantos dos direitos adquiridos…

 5. Passada que foi a purga dos mais velhos, eis que o vírus – tendo em conta os desvarios mais recentes – está a incidir nos mais novos, isto é, na barreira dos que estão abaixo dos quarenta anos. Em meados de maio ultrapassamos, em Portugal, a fasquia dos dezassete mil mortos por ‘covid-19’, sendo cerca de 65% de vítimas acima dos oitenta anos. É digno de registo o que aconteceu quanto aos falecimentos: em 2 de janeiro deste ano havia sete mil mortos, dez dias depois (12 de janeiro) tinham perecido mais mil pessoas, seis dias após atingimos os nove mil, cinco dias decorridos mais estávamos nos dez mil mortos e três dias ainda chegamos aos onze mil falecidos. Em finais de janeiro – dias 28 e 31 – morreram mais de trezentas pessoas num só dia!

 6. Talvez tenhamos agora uma oportunidade de refletir sobre os aspetos mais relevantes de quanto nos aconteceu: quais os cuidados dados aos mais velhos? Que as condições familiares ou outras lhes são dadas? Estaremos, hoje, mais conscientes dos riscos e perigos, que tantos dos nossos idosos vivem, em família ou noutros lugares de recolhimento?

Estamos num tempo de viragem, saber fazê-la será arte e engenho para muito e significativo tempo, o nosso e o dos outros!    

 

António Sílvio Couto

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Culpa: solteira ou viúva?

 


Na complexidade da não-assunção das responsabilidades (pessoais ou sociais) sói dizer-se que a ‘culpa morreu solteira’, querendo com tal dichote significar que os que deviam assumir o que fizeram – bem ou mal – não o assumem e/ou aligeiram a culpa para outros, que, por seu turno, a enjeitam com ar de ofendidos sem desculpa.

Isto é tanto mais preocupante quanto está a percorrer as mais diversas instâncias da presença humana no nosso país/nação, desde o âmbito mais pequeno e rudimentar até à situação mais sinuosa de trato com as coisas públicas – é costume dizer isto das ‘res-publica’, as coisas de todos e para todos – sem esquecer ainda o que envolve a necessária e suficiente capacidade das zonas intermédias, como o associativismo e as autarquias… não obnubilando até as instâncias eclesiásticas.

 1. Quando vemos figuras que ocupam lugares de responsabilidade na decisão a aduzirem desconhecimento das regras (leis, normativas ou obrigações), não será isso uma ostentação de culpa não-solteira, mas de viúva remetida para a rejeição? Quando assistimos ao ‘espetáculo’ quase-degradante de inocentizar questões de mínima responsabilidade no posto e do cargo, não será isso uma espécie de banalização da personalidade de quem está num lugar de forma impreparada? Quando podemos perceber que tantos correm para o poleiro, mas se esquecem das escadas por têm de passar, não será isto uma catadupa de intenções mal geridas em maré de crise em efervescência?

 2. Efetivamente pululam na nossa vida pública coletiva imensos exemplos da degradação ética de uma república que mais favorece os seus apaniguados e como que protege muitos dos incompetentes colocados nos lugares de direção em razão da ficha partidária ou da proteção das subtis promotoras da ascensão à custa de favores, de pagamento de benesses ou de filiações nem sempre bem explicadas. Certos peões na corrida vestem a farpela, mas não tiraram as medidas nem foram à prova – como era costume nos tempos de fazer a roupa por medida – e nota-se que a vestimenta está uns pontos abaixo do que era preciso, esbordando os excessos e tornando-se alvo da chacota geral, ou pelo menos, dos que conhecem a partitura…

 3. De facto a dita ‘solteira’ – uns sussurram em surdina que é a culpa – e outros consideram-na como que uma viúva de má reputação desde o tempo mais juvenil, achando-a mais na tarefa de promotora de todos os males (visíveis ou invisíveis)…No entanto, todos se gostam de aperaltar para que ela possa fazer parte do seu círculo de amizade, ao menos nas redes sociais. À mesa ou nos encantos da alcova, a senhora dona do poder vai seduzindo tantos dos seus servidores, mesmo que disso não se tenham apercebido fazerem parte da coorte real. 

4. Efetivamente assumir as culpas – ou seja só ‘a culpa’ – é algo de digno para quem sabe aquilo que é e não se esconde nas entrelinhas da maledicência. Não precisamos de pessoas impecáveis, mas de pecadores arrependidos. Não nos bastam só cumpridores irrepreensíveis das leis e das regras, mas de pessoas normais que sabem que erram e disso pedem perdão, aos outros, a Deus e a si mesmos. Não precisamos de ‘santos’ em estado de pré-canonização, mas de homens/mulheres que se conhecem, mesmo nos seus defeitos, e que querem estender a mão aos que com eles caminham, por forma a irmos criando uma sociedade mais fraterna porque mais perdoada e perdoadora.

 5. Tenho para comigo que as nossas relações humanas seriam bem mais salutares se fossem alicerçadas na confiança e na lealdade de uns para com os outros. Precisamos de despir a fatiota do faz-de-conta para que nos conheçamos e nos deixemos conhecer. Embora a figura do ‘palhaço’ seja necessária em certos momentos, ele precisa de ser desmontado na hora de tratarmos dos assuntos importantes e essenciais da vida. Nada nem ninguém viverá em paz interior nem a fará com os outros se não for verdadeiro, assumindo as culpas e aceitando-se, quando for caso disso, como culpado. Verdade a quanto obrigas!      

 

António Sílvio Couto

segunda-feira, 14 de junho de 2021

‘Respect’ – de joelhos só diante de Deus

 


Tem vindo a ganhar alguma repercussão um gesto algo temerário, aliado a uma palavra: alguns atletas colocam um dos joelhos no chão antes das partidas de futebol ou a anteceder algum outro momento desportivo… o termo adstrito é ‘respect’ (respeito).

Qual o significado do gesto de colocar um dos joelhos em terra? Com que objetivo se vai ele propagando e propagandeando? Quando se iniciou a campanha do ‘respect’ e com que finalidade? Haverá ligação ou aproveitamento de uma e de outra das situações? Como podemos e devemos – se existe – interpretar tal relacionamento? Estaremos perante uma nova linguagem, envolvida e envolvendo outros códigos?

 1. O termo ‘respect’ (respeito) foi introduzido no contexto desportivo no euro-2008, pelo então presidente da UEFA, Michel Platini, pretendendo ser uma campanha de promoção do respeito e de combate a todas as formas de racismo e de ataques ao espírito do futebol. Deste modo se desejava incentivar a diversidade, a paz e a reconciliação através do futebol, que o seja para todos e com todos, onde se possa ter saúde, haver respeito pelo ambiente e a lutar contra toda a forma de discriminação, de racismo ou de violência.

2. O gesto de colocar um dos joelhos no chão antes dos jogos – sobretudo de futebol (americano ou outro) – foi uma sugestão para colmatar a impossibilidade de cumprimento pelo aperto de mão, dadas as condições restritivas decorrentes da pandemia. Lançada esta campanha por uma associação de combate ao racismo, ganhou outra expressão social, política e cultural após a fatídica morte de um negro americano que sucumbiu à forma algo brutal com que foi preso – com um joelho a dominá-lo – e que lhe veio a causar a morte…

3. A determinada altura da convivência social vimos que foram associadas estas duas ideias: o respeito antirracista e o ajoelhar em forma de provocação, a quem cometa atos dignos de condenação e de não-respeito pela diferença, a opinião e o comportamento alheio. Só que, dá a impressão, se foi longe de mais, tornando um gesto com sabor religioso como uma forma menos digna de reconhecer a discordância, o combate e até mesmo a provocação… pior ainda se, quem não entrar nesta representação rocambolesca, poderá vir a ser referenciado como possível apoiante de ideias que certamente combate com mais força do que com este folclore barato… De facto, estamos num mundo bem mais manipulador do que se julga e ainda mais castrador da liberdade verdadeira do que se pretende…

4. ‘De pé diante dos homens e de joelhos só diante de Deus’. Eis uma frase atribuída a D. António Ferreira Gomes bispo do Porto, aquando do seu tempo de exilado pelo Estado novo.

Efetivamente, só Deus merece que nos ajoelhemos em reconhecimento da sua grandeza, não confundindo os interesses humanos com os direitos divinos. Olhos nos olhos vemos os outros na nossa mesma instância e de joelhos em terra adoramos Deus a quem reconhecemos como único Senhor. Como têm piorado as condições humanas – gerais e particulares – quando colocamos Deus fora, senão mesmo contra, aquilo em que nos envolvemos…Excluído Deus, tudo o resto poderá ser aceite quase-acriticamente.  

 5. Não será que o racismo fervilha, cresce e se manifesta pela exata correspondência em termos perdido a noção de Deus e o seu lugar na nossa vida pessoal, familiar, social e política? Tiraram Deus das coisas públicas e mais facilmente surgiram novas formas de escravatura, pois Deus nos faz respeitar os outros, quando por Ele temos maior consciência, aceitação e presença. Este acentuado ‘ismo’ vem trazer à memória tantos dos mais graves atropelos à dignidade humana e não será com gestos de rebeldia para com Deus que a nossa sociedade se humanizará, pelo contrário, está a tornar-se cada vez mais animalesca, tanto nos conteúdos como nas formas tácita ou implícitas.  

 6. Desgraçado homem/mulher que se ajoelha em idolatria diante de outro igual, sem perceber que só Deus merece adoração, louvor e reconhecimento da sua senhoria, alteza e reverência… Estou de pé ou de joelhos?

 

António Sílvio Couto

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Zás-trás-pás (pedro-adão-e-silva)…da liberdade

 


Causou grande furor e suficiente alarido a nomeação governamental de ‘pedro adão e silva’ para comissário executivo das comemorações do ’25 de abril’ de 2024. Conhecido comentador de vários canais, esta figura (pretensamente) distinta da área da ciência politica tem alguma (ou bastante) proximidade aos socialistas, tendo sido dirigente partidário em certo tempo.

Independentemente do custo – ouviu-se dizer que são milhares de euros mensais – e do tempo de duração do contrato (designação ou tarefa), esta ‘comissão de serviço’ como que tem uma feição de arranjinho pelo trabalho já feito e/ou a fazer.

E não digam que, quem discordar da matéria, quem questionar o tema ou até quem colocar suspeita ao indicado, terá de aguentar com os rótulos do costume ou de se amochar perante inquestionável decisão. Se é para ‘celebrar’ a liberdade não se poderá aduzir delito de opinião por não se concordar… O dogmatismo não era epíteto do regime derrubado em 74?  

 1. Antes de mais expliquemos a expressão: ‘zás-trás-pás’. Saída da linguagem popular pode querer dizer tanto de um bolo de fácil e rápida feitura como ainda um modo de confecionar uma sobremesa fresca para tempo de verão, que levando pouco tempo a fazer também se come à mesma velocidade.

Noutros contextos poderá ter a significação de que, estando um determinado acontecimento a terminar, logo outros se empenham em desmontar o que permitiu realizá-lo, quase sem dar tempo a perceber quer a pressa, quer a necessidade em desfazer-se do acontecido… Isto é, rapidez e eficiência em mudar…sem todos se darem conta do sucedido.

2. A habilidade de colocar em lugares de influência quem antes foi fazendo o seu trabalho de promoção da sua ideologia não é novidade nestes anos de ‘democracia’. A maioria dos partidos e forças de intervenção orientada e com fins pretendidos souberam colocar os seus peões de presença, uns mais camuflados e outros de forma mais ostensiva; uns em postos de participação clara e outros na retaguarda; uns com o nome próprio e outros sob pseudónimo ou encobertos pelo disfarce; uns de microfone na mão ou na lapela e outros segurando somente o tripé… Não basta ouvir o que é dito, é preciso saber por quem, onde e quando é dito…

 3. Eis, senão quando, chega a hora do reconhecimento mais público. Em muitos casos leva anos e talvez nem chegue o momento de sair da sombra, recolhendo os louros do ‘trabalho’ realizado. Por uma certa de verdade seria útil sabermos quantas declarações de interesses andam por aí ao serviço de entidades, agremiações ou corporativismo não-declarado.

 4. É lamentável que haja figuras e figurões que considerem ofensivo ter-lhes sido descoberto o plano e confundam a verdade com o maquiavelismo com que tentaram disfarçar os assuntos. É pena que alguns só contem com a sua esperteza e menosprezem a inteligência alheia. A pior forma de ser apanhado nas teias que se andou a tecer é esse indisfarçável pendor com que uns tantos se ofendem por interpostas figuras. Certos pundonores são de mau perder ou de incapacidade em conviver com a denúncia da mentira.

 5. Por vezes vem-me à lembrança a discussão, no lavadouro da aldeia, entre duas filhas de mães de suspeita vida, onde uma dizia à filha: olha, chama-lhe tu, antes que ela te chame a ti! Isto é, antecipa-te a rotulá-la… daquilo que ela pode fazer-te a ti.

Ora, naquilo que tem de questionável sobre a nomeação do dito senhor para o posto de comissário executivo das comemorações dos 50 anos do ‘25 de abril’, nota-se que o evento tão policromado com facilidade se presta a interpretações díspares e, tanto quanto é percetível, isso foi um solene disparate. Antes que venha outro, defenda-se o pretendente.   

 

António Sílvio Couto

Católicos agredidos em procissão


Num país das liberdades soube-se há dias que alguns católicos foram agredidos durante uma procissão.

Eis a notícia no jornal católico ‘La croix’ de 31 de maio passado:

«Une marche de prière organisée samedi 29 mai 2021 par le diocèse de Paris en mémoire à des martyrs catholiques de la Commune de Paris a dû être interrompue en raison d’une contre-manifestation d’extrême gauche qui a donné lieu à des incidents violents. Cela se voulait une procession comme tant d’autres, samedi 29 mai 2021. En mémoire des religieux exécutés le 26 mai 1871, pendant la «semaine sanglante» de la Commune, le diocèse de Paris avait organisé une «marche des otages martyrs de la rue Haxo». Violemment pris à partie par des militants d’extrême gauche, le pèlerinage a toutefois dû être stoppé. Nous étions dans une démarche de prière et de commémoration, sans aucune forme d’expression ou de revendication politique, témoigne pourtant à ‘La Croix’ Mgr Denis Jachiet, évêque auxiliaire. Nous ne fêtions pas la victoire d’un camp sur un autre. Forte d’environ 300 participants, la procession est partie vers 17 h 15 du square de la Roquette, dans le XIe arrondissement de Paris, afin de suivre le chemin des prisonniers de l’ancienne prison de la Roquette, où fut par ailleurs exécuté Mgr Georges Darboy le 24 mai 1871, jusqu’à l’actuelle église Notre-Dame des Otages. Très vite, le cortège a essuyé de la part de personnes attablées en terrasse des quolibets, dont l’historique «À bas la calotte». «Notre procession était familiale, avec des enfants et des personnes âgées, et nous avons d’abord pris cela de manière apaisée voire amusée car nous avions l’impression d’être retournés au XIXe siècle!», raconte Hubert, membre du conseil paroissial de Notre-Dame des Otages».

 1. Este texto narrativo revela algo preocupante, agora em Paris, dentro de pouco tempo em Lisboa ou Braga. Sempre assim foi e talvez será! As questões de guerrilha religiosa começam lá e, passados anos, chegam cá. Precisamos de atender aos sinais… Citamos o texto em francês, esperando que todos o possam compreender.

2. A memória da procissão em Paris era sobre uma perseguição religiosa aos cristãos no século dezanove. Os agora defensores da ‘liberdade’ atacaram. Lá como cá certas forças não gostam de ver denunciados os seus ‘crimes’ do passado, propalando a sua sanha anticristã. Por que não se viu nenhuma referência nas nossas televisões? Isso não é digno de ser mostrado ou, quando os ‘seus’ cometem asneiras, são silenciados, cá como lá? 

 3. Em Portugal somente mais de uma semana passada surgiram notícias nos meios de comunicação social ligados à Igreja católica. Faltará solidariedade na desgraça ou ainda continuamos a ser manipulados sem nos darmos conta? Não nos faltará sentido de memória para não deixarmos cair no esquecimento situações de perseguição de outras épocas? Ainda terá sentido relembrarmos a refrão –‘sangue de mártires, semente de cristãos’?

4. Depois da traumatizante vivência de termos sido encurralados na pandemia para a sacristia, precisamos de saber interpretar estes acontecimentos em terras ditas de liberdade, mas onde o cristianismo se pode confundir com um fenómeno cultural de valor discutível, ao menos, por certas forças mais combativas, ruidosas e destemidas. Estamos no fio do juízo sobre o sentido da nossa fé – muito para além da crença e de seus ritos – por parte de uns tantos educados nas ideias dialéticas (marxistas, trotskistas ou socialistas), subjacentes a tantas expressões sociais, económicas e políticas.

 5. Talvez tenhamos de estar preparados psicológica e culturalmente para ser confrontados não já com a indiferença das nossas manifestações religiosas – procissões, celebrações públicas ou atos de religião simples – mas para a contestação, a provocação ou mesmo os ataques subtis e claros. Saberemos lidar com essas vivências? Teremos cristãos capazes de dar a cara e o resto?

Pela forma silenciosa com que as notícias de Franças foram ignoradas, preparemo-nos para o pior…por cá! 

 

António Sílvio Couto

segunda-feira, 7 de junho de 2021

‘Cartão branco’ do fair-play


Os factos: no decorrer de um jogo de futebol numa divisão do distrital, no interior do país, o guarda-redes da equipa visitada – bombeiro do corpo de socorro de emergência – saiu do seu posto, quase a terminar o jogo, para ir assistir, num ataque de epilepsia, um espetador (de trinta e dois anos) da equipa adversária, continuando nesse trabalho de assistência até à chegada do socorro mais consistente… estabilizada a situação o jogador voltou ao seu posto e o árbitro, no final da partida, puxou do cartão branco do fair-play…

 1. No âmbito do desporto – particularmente do futebol – já conhecíamos os cartões amarelo e vermelho para advertir ou castigar infrações dos jogadores ou outros agentes desportivos no âmbito dos jogos… Há modalidades onde temos ainda o cartão azul que previne alguma falta em vista de sanção posterior… Nalguns campeonatos de futebol está a ser implementado o ‘cartão verde’ como forma de premiar um atleta que tenha tido algum gesto ou jogada, considerados bonitos ou como conduta exemplar dentro do campo…

 2. Qual é, então, o sentido do ‘cartão branco’ de que falamos supra, como e quando poderá ser exibido?

O ‘cartão branco’ é um recurso pedagógico que visa enaltecer condutas eticamente corretas, praticadas por atletas, treinadores, dirigentes, público e outros agentes desportivos. Ao ‘cartão branco’ aderiram entidades interessadas em promover valores e ética no âmbito da prática desportiva. Com efeito, o ‘cartão branco’ resulta de uma parceria entre o Plano Nacional de Ética no Desporto, a Confederação das Associações de Juízes e Árbitros de Portugal e uma marca de refrigerantes.  Desde que foi lançado, em 2015, o ‘cartão branco’ foi exibido, até finais de 2020, por mais de duas mil e quinhentas vezes...

 3. Que implicações humanas, sociais e culturais poderá ter este ‘cartão branco’ naquilo que tem de singular e de genuíno? Atendendo às diversas atividades em que estamos inseridos não seria útil e necessário encontrarmos mais candidatos ao ‘cartão branco’? Se tivermos na devida conta as incidências do ‘cartão branco’ não seria conveniente promovê-lo nas díspares atividades em que nos encontramos? Daríamos um cartão branco pela nossa atitude compreensiva para com os outros? Aceitaríamos que no-lo dessem pelo modo como nos comportamos?

 4. Por vezes sinto, penso e até digo: ‘como era feliz, quando era ignorante’. Refiro-me a situações em que, pelas mais diversas circunstâncias, passei a conhecer um tanto melhor as pessoas, a sua história ou mesmo as razões de serem como são… De facto, há momentos em que cai dos olhos essa espécie de escamas subsequentemente às quais vemos os outros com outros olhos e talvez com menos filtros. Outrossim poderá e/ou deverá acontecer na experiência dos outros sobre nós mesmos… damo-nos a conhecer e podemos dececioná-los. Escrevia há tempos: ‘enganei-me e fui enganado’…

 5. Ousamos sugerir situações da nossa vida ordinária/habitual/do dia-a-dia que poderiam ser submetidas à apreciação social do ‘cartão branco’ de fair-play:

- os casos de maledicência – direta ou pelas ditas redes sociais – sobre a vida alheia;

- as tropelias no trato de uns com os outros, particularmente quando tentamos disfarçar os nossos defeitos com as acusações aos demais;   

- quando julgamos os outros mais pelas aparências, mesmo que incluindo as roupas, o carro, a casa ou o pretenso estatuto social;

- nas pretensões arrolhadas pela inveja quanto ao que os outros têm, sobretudo através do seu trabalho, dedicação e empenho…

 6. O ‘cartão branco’ do fair-play não passa, afinal, da correta articulação de todos e de tudo em sociedade, particularmente pelo exercício das virtudes cristãs mais básicas, essenciais e verdadeiras.

Merecerei um ‘cartão branco’ de fair-play no jogo da vida quotidiana?

 

António Sílvio Couto

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Vacinas (6), abusos e ‘normalidade’

 


Num método quase rotineiro vamos tentando fazer uma espécie de ‘reset’ das coisas da pandemia – desde meados de fevereiro de 2020 até à data em avaliação – recorrendo a vários itens: vítimas (contagiados, recuperados ou falecidos), passando pelas possíveis soluções (regras sanitárias, testagem, vacinação ou imunidade) e interpretando os diversos aspetos…mais ou menos percetíveis.

Se, na maioria das situações, boa parte da população cumpre as regras, noutros casos vemos emergirem abusos e quase atentados à saúde pública…colocando muitas dúvidas sobre a pretensa normalidade.

 1. Depois da confusão generalizada instalada na sociedade sobre o ‘sars-cov-2’ vimos emergirem um tanto rapidamente projetos de vacinas: BioNtech.Pfizer, Moderna, Oxford.Astrazeneca, Janssen/Johnson&Johnson, Novavax, SputniK V… as mais divulgadas e usadas, com as três primeiras na dianteira na sua administração ao nível mundial, europeu e português. Até final de fevereiro deste ano havia um total de 69 vacinas, entre as que estão já em utilização e as que se encontram em ensaios clínicos. É nítido o esforço para combater esta pandemia, dado que ainda não sabemos bem como e onde começou, tão pouco vislumbramos a total irradicação, se tal poder acontecer! 

 2. A população já vacinada tem vindo a decrescer, isto é, começou pelos mais velhos – dizem que os mais vulneráveis à contaminação – e vai descendo em idade e – assim o desejamos – em eficiência naquilo que alguns apelidam de imunidade (ou bolha) de grupo. Neste sentido foram-se verificando situações de alguma irresponsabilidade por parte de grupos etários mais baixos, criando-se, deste modo, algo suscetível de não ser corretamente controlada a disseminação do vírus…

 3. Desde meados de maio deste ano fomos verificando momentos coletivos de menor atenção aos cuidados primários para a não-difusão do vírus: por sinal ligados ao fenómeno do futebol, na capital, na região norte do país e também no Algarve. De todos o mais bizarro foi o que envolveu pessoas vindas do estrangeiro: sem máscara, em grupos de ‘arruaceiros’, sob forte influência do álcool e provocando as autoridades policiais. Aos de cá faz-se cumprir as regras, colocam-se limitações e restrições várias… aos de fora fez-se vista grossa, como se tivessem vindo trazer dinheiro às carradas, quando o que deixaram foi lixo, destruição e má influência para os prevaricadores… Desgraçado país que faz o seu turismo de copo – com muita cerveja mais alcoólica do que a deles – na mão e de toalha ao sol! Basta um pequeno percalço e treme o esqueleto da nossa incipiente economia…

4. Desse mesmo país – de quem dizem ser o nosso mais velho aliado comercial – vieram, menos de uma semana decorrida, novos condicionamentos às deslocações de-lá-para-cá e de-cá-para lá. As explicações governamentais são de uma pífia resolução. As medidas a tomar não têm consequências. As vítimas – por vezes ufanas do sucesso residual – contentam-se com umas ajudas prometidas e quase nunca recebidas. Enquanto alicerçarmos a nossa economia em expedientes da restauração estaremos sempre a começar do zero e andaremos a querer vender um produto que facilmente fica fora de validade…

 5. Mais uma vez estamos a perder a oportunidade de fazermos uma reestruturação séria dos nossos critérios de conduta pessoal, familiar e social, pois continuamos a adiar essa reflexão que saiba viver mais no sistema da poupança e do que no regime dos empréstimos, valorizando o trabalho que produz e não os gastos na sedução da preguiça… Continuam a enganar-nos ao lançar dinheiro sobre os problemas e não em sabermos reconfigurar o nosso tecido social, económico, cultural e moral, segundo as nossas reais possibilidades e não alimentando as ambições consumistas, materialistas e de baixa felicidade.

Este vírus ainda não nos ensinou a compreender a nova normalidade, pois parece que queremos refazê-la sem mudar de valores, de critérios e de condutas…         

 

António Sílvio Couto

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Festas em tempo de pandemia


 Pelos mais recentes exemplos – jogos e comemorações do futebol, de âmbito nacional ou com trejeitos mais internacionais – teremos de reconsiderar se já estaremos capacitados para aliviar as medidas de contenção neste tempo de pandemia.

Desde fevereiro do ano passado que muito do convívio social foi posto em suspenso: da recusa do mínimo contato até às higienizações quase doentias, o recurso contínuo à máscara, os distanciamentos compulsivos…fomos sobrevivendo e até lidando com os cuidados pessoais à mistura com os alheios.

Percorrida a fase da testagem e ensaiando a etapa da vacinação foi-se criando a sensação de quase segurança no controle do vírus, mesmo que desconfiando de tudo e de quase todos…Ténues esperanças se vislumbram e a pretensa normalidade parece dar pequenos e titubeantes passos.

 1. Eis que fatores menos bem controlados deixaram o medo no ar… Sim, é no ar que paira o vírus fatal. E pelo ar de descontração de uns tantos – talvez mais prevenidos ou até inconscientes – poderemos correr o risco de deitar meses de sacrifício a perder. Não ficamos indiferentes aos atropelos de nacionais em festejos do futebol nem foi digno de convivência social mínima assistir aos abusos de ingleses por estes dias à boleia do futebolês… Vimos policiamento, mas onde estava a autoridade?

 2. Surgidos os primeiros laivos de calor eis que as praias se foram enchendo de pessoas mais ou menos respeitadoras das regras sanitárias. Por outro lado, também quase de forma recorrente emergiu o medo de que somos um povo menos atento e logo seria necessário implementar medidas repressivas, vigilâncias policiais e até coimas para os incumpridores. Pintado o cenário mais atroz, não se verificou… Dá a impressão de que não confiamos nos outros porque somos inseguros e estamos de mal connosco mesmos. Fantasmas a precisaremos de serem exorcizados…

 3. Num mês rotulado de ‘santos populares’ parece que está algo em suspenso: umas vezes parece a espada de Dâmocles sobre a cabeça de todos, noutros casos vivemos na apreensão de que o pior ainda não veio e, regra geral, a culpa é de quem não decide porque eu sou responsável e os outros que se desenrasquem como eu vou tentar fazer… Pode vir a fiscalização, que iremos fintá-la nem que seja com mentiras e subterfúgios quase-infantis… pensarão alguns.

 4. Arrolhados que foram os momentos de convivência social, por ocasião das festas mais significativas no ano passado, nota-se uma certa apreensão sobre o que vai acontecer este ano… Ainda não aprendemos a lidar com a diferença, julgando que vai ser um retomar do que era antes, em vez de sabermos aprender com as novas e exigentes circunstâncias. O fatídico slogan – ‘vai ficar tudo bem’ – tem de ser rasgado e lançado ao lixo do oportunismo ou da ignorância mais imbecil. Precisamos de aprender a adequar-nos à diferença, sabendo ler, interpretar e viver com olhos novos, lavados e sinceros…

 5. Tudo quanto nos aconteceu – e vai continuar a ser permitido conhecer – traz exigências diferentes dos tempos do passado recente: quase nada daquilo que antes tínhamos vai ser vivido da mesma forma, após este intervalo de provação de todos e para todos. Para aqueles que têm a esperança num tempo novo será urgente reaprender a estar, nesse entrecruzamento de leituras e perante a busca de respostas…Ninguém dará lições a ninguém, antes vamos aprendendo com os sinais da vida o que esta nos trará de sempre novo.

 6. À memória de crente me vem o poema de Manuel de Jesus Ferreira – ‘se me envolve a noite escura e caminho sobre abismos de amargura, nada temos porque a luz está comigo’. É isso: poderemos ansiar fazer festa, mas esta só acontece quando estamos centrados no essencial. Em tudo isto que fomos tentando perceber, fica a sensação: Deus está a falar. Já O compreendemos?

 

António Sílvio Couto