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quinta-feira, 16 de março de 2023

Tiques de coletivização quase-marxista...

 

Saúde, educação, segurança social e transportes já estão sob a alçada do Estado, onde este se comporta como ‘patrão’ numa influência coletivista do ‘público’ sobre tudo quanto possa parecer privado - serviço nacional de saúde, escola pública, rede de segurança social, transportes (nas duas metrópoles) sob a tutela estatal. Recentemente emergiram os tentáculos coletivistas sobre a habitação, o controle de preços, a rede viária (ferroviária, aeronaútica e de estradas), boa parte da produção ‘cultural’ (subsidiada, de pensamento uniforme e orientada ao mesmo) e - sem disso nos darmos conta - alguma da comunicação social, como voz do dono e ancorada em quem a suporta...


1. Dá a impressão que, nem nos tempos aúreos das nacionalizações, o controle estatal foi tão forte e sentido como hoje. A ‘tropa’ do governo cresce de dia para dia, isto é, os funcionários (ditos) públicos dependuram-se nas regalias que lhes advêm de serem servidores do tal patrão-Estado. Embora teoricamente as forças mais defensoras da coletivização estejam, desde as últimas eleições, em minoria no parlamento, os que compõem a atual maioria, que suporta a governança, dão cobertura a muitos dos atos de promoção crescente da mesma coletização.

2. Mesmo se pretenda dizer que vivemos numa economia aberta, segundo as regras da livre concorrência, as medidas anunciadas para a habitação e as notícias veiculadas sobre a fiscalização dos preços podem ser vistas como sinais de que a coletivização quase-marxista se prepara para fazer do nosso país uma espécie de ‘Venezuela’ na Europa ou um arremedo cubano ao retardador. Com efeito, a tentativa de intervenção do governo no setor da habitação ainda não foi explicada como um não querer fazer do Estado o maior senhorio, podendo tornar-se um senhor daquilo que não tem, mas fazedor de promessas a quem se fiar na sua operacionalidade. A intervenção do controle de preços - sobretudo no setor dos bens primários de alimentação - cheira a condicionar a iniciativa privada, embora os valores de taxas dos impostos auferidos vão engordando os cofres do mesmo estado...

3. O que está em causa. neste momento, é o modelo de sociedade - económico, social ou mesmo cultural - que nos pretendem impingir à socapa, dado que não foi sufragado em eleições. De facto, a intervenção - direta ou tácita - do governo/estado nestas áreas às claras e noutras de forma menos percetível, faz com que devamos estar atentos para sabermos acudir aos riscos de mais tarde todos virmos a pagar a fatura. Um dos campos mais nítido deste descalabro efetivo é o que vem a acontecer na (pretensa) ‘transportadora aérea’ nacional, como esse sorvedouro de dinheiro que tem, particularmente, acontecido na mais recente ‘nacionalização’. Deixe-se cair o cadáver apodrecido. Outros países (com mais dimensão e sentido de responsabilidade) deixaram cair a sua transportadora e não perderam nada, pelo contrário, pouparam muito dinheiro... Basta de fazerem daquele posto uma reserva mais ou menos dourada para políticos sem ocupação. Quando acordaremos para exigirmos que haja moralidade na gestão daquele atoleiro contínuo e insaciável?

4. É urgente que estejamos atentos e vigilantes para com certos habilidosos da parlapatice, pois com intenções de defenderem o povo não se esquecerão de tirarem a sua maquia. A nova nomenclatura de serviço tem sabido defender os seus interesses e cuidará de deixar bem posicionado quem lhes poderá retribuir quando sairem da ribalta. Veja-se o prolongamento no tempo em ir a julgamento quem, no passado recente, usou das mesmas armas e ainda não pagou pelas tropelias realizadas. Assim poderá voltar a acontecer quando estes sairem do poder e deixarem o país na miséria - é a especialidade deles - tendo de recorrer a métodos já vistos para sermos dignos na Europa.

5. A coletivização dos meios de produção e os regimes que os implementaram parecem novas hidras, emergindo quando menos pensamos! Antes que haja eleições precisamos de verificar se nos têm falado verdade!



António Sílvio Couto

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