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sexta-feira, 24 de março de 2023

A quem interessa desacreditar os cristãos?

 

Estamos a viver, indiscutivelmente, um tempo de provação para com os cristãos/católicos. Desengane-se quem julgue que isto é novo, pois sempre o cristianismo esteve sob a mira da perseguição, a controvérsia ou mesmo a contradição. Talvez seja novidade é a consertação de forças em pretenderem quase aniquilar a expressão de fé alicerçada na Pessoa e na mensagem de Jesus Cristo: são várias as invectivas e diversas as intentonas, urge, por isso, detetá-las, percebê-las e desmontá-las com sagacidade, inteligência e organização.

1. Por que se alinharam tantas provocações a quem acredita em Jesus Cristo, de forma pessoal ou organizada em Igreja? Por que se pretende desvalorizar a ação da Igreja na área da formação na fé e ‘exaltar’ o que é feito, por ela, na vertente do social? Estará subjacente a pretensão de reduzir a ‘religião católica’ a algo meramente sociológico e não com vivência espiritual? Até onde irá a sanha orquestrada de nivelar a função da Igreja católica pelas ações supletivas do Estado nas coisas de intervenção na saúde, na educação, nos cuidados do corpo, negligenciando o psicológico e menosprezando o espiritual? Não correremos o risco de a Igreja deixar de ser uma entidade divina para se tornar mais uma associação à semelhança de outras ong’s (organização não-governamental) com fins minimamene lucrativos? Que atualidade tem (ou pode ter) a expressão de Tertuliano: sangue de mártires, semente de cristãos? Ainda teremos alguma chispa de testemunho (martírio) que possa incomodar os perseguidores? Por que chegamos a este ponto de quase insignificância da Igreja e dos seus membros? Qual a razão mais profunda de serem exaltados os que, dizendo-se católicos, mais combatem a sua Igreja do que se comprometem em serem fatores de renovação dentro dela?

2. De facto, várias forças se consertaram para moverem perseguição aos cristãos/católicos: expressões ideológicas e éticas, movimentos cívicos e sociais, entidades conhecidas e subterrâneas, propostas antigas e iniciativas recentes... Em boa parte destas ‘forças’ nota-se que não conseguem acertar com a visão da Igreja católica como ‘comunidade’ de crentes, antes acentuam, muitas vezes pelo ridículo, aquilo que de menos correto se apresenta. Em muitas das situações tais ‘forças’ mais passam a pensar como vivem do que a viverem como pensam, isto é, as suas argumentações estão pejadas de leituras justificativas para aquilo que pretendem propor e impor do que de se acertarem com os valores do Evangelho e a doutrina da mesma Igreja.

3. Antes de mais temos de sacudir a roupagem – linguagem e atitudes, intervenientes e pensadores, programação e avaliação – do tempo da cristandade. Com efeito, esta como que tentou fazer coincidir sociedade (humana, política e cultural) e Igreja católica. Agora o desfasamento é nítido e progressivo. Precisamos de voltar à linguagem e ao comportamento de minoria, como se lê e vê nos textos dos evangelhos. Quando não se tem a cobertura quase-política da religião ‘oficial’ precisamos de mudar de atitude, de nos revestirmos de novas armas que não o silêncio quase-cúmplice da maioria. É bom e benéfico o Estado ser laico, pois não favorece ninguém, mas essa laicidade não pode ser, como se verifica agora, para perseguir quem tenha ou viva a sua expressão religiosa. A habilidade em realçar a laicidade do Estado não pode continuar nessa campanha de estar contra, sobretudo, quem seja cristão. O Estado é laico, mas as pessoas não o são.

4. Com que facilidade vemos aparecerem adereços religiosos católicos em programas de classe zero nas televisões. Com que falta de senso surgem figuras do (pretenso) meio artístico a recorrem a clichés religiosos para engendarem as suas rábulas de mau gosto e má execução. O pior de tudo isso é o silêncio da maioria dos cristãos, em contraste com os aplausos de um certo público ávido de escândalo, de sangue e de chafurdice ético-moral. Brincariam, assim, com os símbolos muçulmanos? Esperemos pelos resultados...



António Sílvio Couto

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