Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sábado, 18 de março de 2023

Dia do pai’ – quando, por quê e para quê?


 De há tempos a esta parte como que se convencionou celebrar o’dia do pai’ por ocasião da vivência litúrgica de São José, a 19 de março. Esta coincidência é boa ou pode ser perigosa? Até que ponto quem celebra o ‘dia do Pai’ atende à figura de São José? Não será mais uma exploração da sociedade de consumo que faz este aproveitamento? Como passar de uma realidade quase-desconsiderada para uma vertente de compromisso humano e cristão daqueles que exercem o dom da paternidade?

1. Desde logo colocar o ‘dia do pai’ com ligação a São José acontece nalguns países, não em todos, isto é, não há uniformidade. Talvez se pretenda com esta coincidência com a celebração litúrgica de São José apresentar aos pais – cristãos ou não – um modelo de pai em São José, pai adotivo de Jesus. O recente documento do Papa Francisco, ‘Com um coração de pai’ (2020) é uma proposta simples para aprendermos a viver a condição de pai, sendo filhos.

2. Num tempo de crise geral da paternidade, que significado tem (ou pode ter) celebrar o ‘dia do pai’? Por entre tantas dúvidas e deceções, o que é isso de ser pai? Qual a diferença entre paternidade e progenitor? Que alcance é esse que diz: aprende-se a ser filho, quando se é pai? Será verdade que, tendo ‘matado’ o pai, vivemos numa certa orfandade cultural e espiritual? Como entender, hoje, esse aforisma: pai não é quem gera, mas quem cria/educa ou ama?

3. A imagem algo rude do pai, foi sendo educada pela sensibilização e até se tem verificado uma certa humanização do homem, na sua função familiar e, particularmente, da tarefa de pai. Hoje é comum vermos um pai/homem com o filho/a ao colo, tarefa essa que, há menos de meio século, estava acometida quase exclusivamente à mãe/mulher. Embora tenhamos de saber ver a mudança, algo se modificou na mentalidade e no comportamento de muitos pais, na medida em que eles foram aprendendo, para além de dividirem as tarefas domésticas, foram-se apercebendo que a sua participação na vida dos filhos era mais do que gerá-los...

4. Estamos ainda a dar os primeiros passos de um longo caminho em que ser pai faz com que ele seja a referência de filhos e filhas, tanto na função de presença, como na exigente capacidade de ser ideal muito para além das coisas materiais e circunstanciais. Ser pai não vem com instruções ou indicações, mas aprende-se no dia-a-dia sem turbulências, mas também quando estas possam surgir. Será que todos os pais são esse ponto seguro e de confiança, sem palavras e com elas se forem necessárias?

5. A todos quantos funcionam como aferição ao equilíbrio emocional e afetivo – como pais no sentido biológico e de adn, no âmbito psicológico e mesmo espiritual – de seus filhos/as queremos desejar, neste ‘dia do pai’ um tempo de agradecimento pelo que têm feito ou aprendido na escola da vida a fazer, pelo esforço em serem para seus filhos/as as referências em maré de necessidade e ainda a todos quantos são (ou devem ser) ‘pais espirituais’ – padrinhos e outros aspetos – que o vivam na intensidade à maneira de São José.

6. Que São José vele por nós, nos ensine e ajudando-nos a ter os pais que são precisos neste tempo e nesta terra!



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário