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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Juntos recomecemos sendas de paz

 

«Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos recomecemos a partir de covid-19 para traçar sendas de paz». É este o tema do 56.º dia mundial da paz, que se celebra no próximo dia um de janeiro.

Como habitualmente o Papa Francisco escreveu uma mensagem cheia de propostas, desafios e perspetivas, tendo em conta os anos recentes de pandemia que vivemos.

Respigamos algumas das ideias, seguindo os cinco pontos da mensagem papal:

1. ‘Embora apareçam tão trágicos os acontecimentos da nossa existência sentindo-nos impelidos para o túnel obscuro e difícil da injustiça e do sofrimento, somos chamados a manter o coração aberto à esperança, confiados em Deus que Se faz presente, nos acompanha com ternura, apoia os nossos esforços e sobretudo orienta o nosso caminho’.
Nas sombras e penumbras da vida pesosal e social devemos ser sentinelas, isto é, verdadeiros cristãos.
2. ‘A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos, subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento, causando a morte de tantos irmãos e irmãs nossos (...) A par das manifestações físicas, a Covid-19 provocou – inclusive com efeitos de longa duração – um mal-estar geral, que se concentrou no coração de tantas pessoas e famílias, com implicações não transcuráveis, incrementadas por longos períodos de isolamento e diversas limitações da liberdade’.
A pandemia atingiu pontos sensíveis da ordem social e económica, ameaçou a segurança laboral, agravou a solidão de muitas pessoas e pôs a manifesto inumeráveis vulnerabilidades. Será que já aprendemos alguma coisa com tudo isto?
3. ‘Passados três anos, é hora de pararmos um pouco para nos interrogar, aprender, crescer e deixar transformar, como indivíduos e como comunidade; um tempo privilegiado para nos prepararmos para o «Dia do Senhor». (...) Hoje somos chamados a questionar-nos: O que é que aprendemos com esta situação de pandemia? Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, estar melhor preparados, ousar a novidade? Que sinais de vida e esperança podemos individuar para avançar e procurar tornar melhor o nosso mundo?’
O escabroso slogan - ‘vai ficar tudo bem’ - tentou iludir, mas não resolveu as questões de fundo. Para além da fragilidade humana, urge cultivar a fraternidade entre todos, onde a humildade, mesmo na desgraça, é mais do que uma intenção, pois será ‘juntos’ que haveremos de vencer e de construir a verdadeira paz...
4. ‘Quando já ousávamos esperar que estivesse superado o pior da noite da pandemia de Covid-19, eis que se abateu sobre a humanidade uma nova e terrível desgraça. Assistimos ao aparecimento doutro flagelo – uma nova guerra – comparável em parte à Covid-19 mas pilotado por opções humanas culpáveis. A guerra na Ucrânia ceifa vítimas inocentes e espalha a incerteza, não só para quantos são diretamente afetados por ela, mas de forma generalizada e indiscriminada para todos, mesmo para aqueles que, a milhares de quilómetros de distância, sofrem os seus efeitos colaterais: basta pensar nos problemas do trigo e nos preços dos combustíveis’.
Se quisessemos usar um refrão da nossa sabedoria popular, diríamos: um mal nunca vem só! No entanto, se para a Covid-19 foi encontrada vacinação, para a guerra ainda não foi encetado o processo de resolução... Com efeito, o virus da guerra é mais difícil de derrotar do que outros...
5. ‘Não podemos continuar a pensar apenas em salvaguardar o espaço dos nossos interesses pessoais ou nacionais, mas devemos repensar-nos à luz do bem comum, com um sentido comunitário, como um «nós» aberto à fraternidade universal. Não podemos ter em vista apenas a proteção de nós próprios, mas é hora de nos comprometermos todos em prol da cura da nossa sociedade e do nosso planeta, criando as bases para um mundo mais justo e pacífico, seriamente empenhado na busca dum bem que seja verdadeiramente comum’.
Apesar do caminho já percorrido ainda nos falta fazer o mais difícil: sair do nosso egoísmo – pessoa, de grupo, nacional ou outro – e darmos um passo em frente em direção do outros, que está ao nosso lado e de quem nos devemos fazer – como o samaritano – próximo! A pandemia ajudou?



António Sílvio Couto

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