Num destes dias tive a possibilidade de ver uma pequena beleza a partir do ‘moinho de vento do Gaio’, Moita, localizado num promontório sobranceiro ao braço do rio Tejo que banha o concelho da Moita. Dali se avista uma paisagem significativa e se vislumbram aspetos nem sempre detetáveis quando se anda pelas fraldas ribeirinhas…até das conjeturas e conjunturas humanas, sociais, políticas e culturais.
É diante
desta apreciação – desconhecida, ignorada e talvez menosprezada – que gostaria
de apresentar aquilo que se completa hoje: mil artigos neste blogue…ao longo de
quase dez anos – teve início a 19 de agosto de 2011 – em que quis cumprir
aquilo que está no subtítulo desta tarefa: ‘partilha de perspetivas…tanto
quanto atualizadas’.
Foi isso
que pretendi ao longo deste tempo, sem nunca contabilizar nada nem quais os
assuntos a abordar, pela reflexão o mais livre possível, mas com bases cristãs;
uma partilha despretensiosa, mas não anódina; querendo incomodar, mas
respeitando quem possa pensar de forma diferente; num desejo sempre crescente
de fazer ter opinião, sabendo que há quem possa discordar…
Na maior
parte dos casos os textos publicados neste blogue tiveram luz de visibilidade
em jornais de forma regular: todas as segundas-feiras no Diário do Minho, em
Braga; na Voz de Lamego, às quartas-feiras; no Notícias de Beja, à
quinta-feira… mas também no Jornal de Vieira e, mais recentemente, na Voz do
Sado (Alcácer do Sal)… surgindo, por vezes textos, na Agência Ecclesia ou na comunicação
eletrónica da diocese de Setúbal e, possivelmente, em tantos outros espaços de
que não tenho conhecimento direto… De referir ainda que alguns textos –
sobretudo nos anos de 2017 e 2018 – foram reunidos no livro – ‘Como poderei
compreender, sem alguém que me oriente?’, publicado pela Paulinas Editora, em
setembro de 2019.
Já me
desafiaram para coligir textos publicados por ocasião da pandemia – isto é,
desde março do ano passado. Tenho resistido a tal sugestão, pois não seria bom
juiz em causa própria, particularmente porque teria de selecionar – nem tudo
tem o mesmo valor ou pode ser valorizado de forma idêntica – e tal torna-se-me
complicado, por não ter ainda distanciamento capaz…
= Esta
doença de pretender escrevinhar vem de longa data, desde o tempo de estudante e
tendo por escola a revista ‘Cenáculo’, do seminário conciliar de Braga, a
completar por estes dias setenta cinco anos de existência. Estive lá entre 1979
e 1983, primeiro na redação e, a finalizar, como diretor. Fundada no após-guerra
(1946) percorreu gerações de padres, alguns deles chamados, entre outras às
episcopais e tantos forjados na arte-de-bem-escrever. Em mim semeou o gosto,
posteriormente tentado noutras tarefas e com outras repercussões
despretensiosas e humildes…
= Está subjacente
à exposição das ideias, nos textos publicados, um método clássico na Igreja
católica – ver, julgar e agir. Isso mesmo exercitado na contenção das palavras
– dizem que hoje mais do que uma página A4 se torna difícil de seduzir para a
leitura… isto é, temos de saber expor as nossas ideias até pouco mais do que
setecentas palavras, traduzido em qualquer coisa como três mil carateres… É,
por isso, necessário ir ao essencial para que não desliguem ao fim do primeiro
parágrafo. Partir de um facto, lê-lo pela perspetiva cristã e tirar as
consequências, expostas em forma de interrogação – pode dizer mais do que as
observações conjeturais – fazendo aderir ou repugnar (isso não seria desejável)
ao que foi escrito…
= Um
desejo final: continuar a saber discernir os acontecimentos (histórias ou
episódios, situações ou personagens) para trazer à reflexão, conseguir
enquadrá-los na leitura cristã (mais do Evangelho do que das coisas rituais) e
propor, na correta dimensão, aquilo que possa fazer de cada leitor uma pessoa
com opinião bem argumentada, civilizada e respeitadora…
Tudo o
que possa ser fora deste processo deixará de ser útil, verdadeiro e sincero!
Assim o creio e tento viver.
António Sílvio Couto
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