Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



terça-feira, 6 de abril de 2021

Mil artigos depois…em quase dez anos

 


Num destes dias tive a possibilidade de ver uma pequena beleza a partir do ‘moinho de vento do Gaio’, Moita, localizado num promontório sobranceiro ao braço do rio Tejo que banha o concelho da Moita. Dali se avista uma paisagem significativa e se vislumbram aspetos nem sempre detetáveis quando se anda pelas fraldas ribeirinhas…até das conjeturas e conjunturas humanas, sociais, políticas e culturais.

É diante desta apreciação – desconhecida, ignorada e talvez menosprezada – que gostaria de apresentar aquilo que se completa hoje: mil artigos neste blogue…ao longo de quase dez anos – teve início a 19 de agosto de 2011 – em que quis cumprir aquilo que está no subtítulo desta tarefa: ‘partilha de perspetivas…tanto quanto atualizadas’.

Foi isso que pretendi ao longo deste tempo, sem nunca contabilizar nada nem quais os assuntos a abordar, pela reflexão o mais livre possível, mas com bases cristãs; uma partilha despretensiosa, mas não anódina; querendo incomodar, mas respeitando quem possa pensar de forma diferente; num desejo sempre crescente de fazer ter opinião, sabendo que há quem possa discordar…

Na maior parte dos casos os textos publicados neste blogue tiveram luz de visibilidade em jornais de forma regular: todas as segundas-feiras no Diário do Minho, em Braga; na Voz de Lamego, às quartas-feiras; no Notícias de Beja, à quinta-feira… mas também no Jornal de Vieira e, mais recentemente, na Voz do Sado (Alcácer do Sal)… surgindo, por vezes textos, na Agência Ecclesia ou na comunicação eletrónica da diocese de Setúbal e, possivelmente, em tantos outros espaços de que não tenho conhecimento direto… De referir ainda que alguns textos – sobretudo nos anos de 2017 e 2018 – foram reunidos no livro – ‘Como poderei compreender, sem alguém que me oriente?’, publicado pela Paulinas Editora, em setembro de 2019.

Já me desafiaram para coligir textos publicados por ocasião da pandemia – isto é, desde março do ano passado. Tenho resistido a tal sugestão, pois não seria bom juiz em causa própria, particularmente porque teria de selecionar – nem tudo tem o mesmo valor ou pode ser valorizado de forma idêntica – e tal torna-se-me complicado, por não ter ainda distanciamento capaz…

 

= Esta doença de pretender escrevinhar vem de longa data, desde o tempo de estudante e tendo por escola a revista ‘Cenáculo’, do seminário conciliar de Braga, a completar por estes dias setenta cinco anos de existência. Estive lá entre 1979 e 1983, primeiro na redação e, a finalizar, como diretor. Fundada no após-guerra (1946) percorreu gerações de padres, alguns deles chamados, entre outras às episcopais e tantos forjados na arte-de-bem-escrever. Em mim semeou o gosto, posteriormente tentado noutras tarefas e com outras repercussões despretensiosas e humildes…

 

= Está subjacente à exposição das ideias, nos textos publicados, um método clássico na Igreja católica – ver, julgar e agir. Isso mesmo exercitado na contenção das palavras – dizem que hoje mais do que uma página A4 se torna difícil de seduzir para a leitura… isto é, temos de saber expor as nossas ideias até pouco mais do que setecentas palavras, traduzido em qualquer coisa como três mil carateres… É, por isso, necessário ir ao essencial para que não desliguem ao fim do primeiro parágrafo. Partir de um facto, lê-lo pela perspetiva cristã e tirar as consequências, expostas em forma de interrogação – pode dizer mais do que as observações conjeturais – fazendo aderir ou repugnar (isso não seria desejável) ao que foi escrito…

 

= Um desejo final: continuar a saber discernir os acontecimentos (histórias ou episódios, situações ou personagens) para trazer à reflexão, conseguir enquadrá-los na leitura cristã (mais do Evangelho do que das coisas rituais) e propor, na correta dimensão, aquilo que possa fazer de cada leitor uma pessoa com opinião bem argumentada, civilizada e respeitadora…

Tudo o que possa ser fora deste processo deixará de ser útil, verdadeiro e sincero! Assim o creio e tento viver.   

   

António Sílvio Couto

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