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sábado, 24 de abril de 2021

A liberdade não tem donos…

 


Basta!

Não é nome de nenhum partido político… embora tenha sido uma das hipóteses de denominação para um que anda por agora em crescendo.

Sim, basta de quererem continuar – uns tantos pseudo-democratas que facilmente deixam sair as garras por esta época do ano – a assenhorearem-se do património da liberdade conquistada na revolução de ’25 abril’. Vemos mais uma vez que uns tais donos de uma referenciada ‘comissão organizadora’ se consideram juízes e árbitros dos ‘seus’ e para os ‘seus’ correligionários, apaniguados e afins.

De facto da figuração castanho-esverdeada (fascista/salazarista) temos, agora, de aturar uma outra com tonalidade avermelhada-escurecida pela raiva, doseada com ódio e salpicada de intolerância… Eis o suave espetro dos ‘democratas’ ressabiados… quase cinquenta decorridos anos da dita ‘revolução’.

 

1. Desde já uma declaração de desinteresse: temos de esclarecer que a pretensa maioria de esquerda no nosso país é uma falácia, pois se acrescentarmos aos votos expressos em urna de não-esquerda, a taxa de abstenção (na fasquia dos sessenta por cento) teremos que isso a que chamam ‘democracia’ – talvez devesse dizer-se: ‘regime democrático’ – não passa de uma ditadura sobre uma maioria silenciosa… embora concordante com quem se lhe impõe. Diante disto teremos de considerar que aqueles que se pronunciam, votando, são os que estão mais interessados em prolongarem a ditadura sobre os abstencionistas, os desagradados, os desiludidos e tantos outros que vão sobrevivendo sem precisarem das benesses da ‘democracia’…Feitas as contas os que vivem dependurados no ‘senhor estado’ (em minúsculas, pois se torna pequeno para com quem dele não vive sem se alimenta) não atingem um milhão (de funcionários públicos, autárquicos, no ensino, na saúde, na segurança social, etc.), mas são esses os democratas festejadores do ’25A’… Serão livres, condicionados, obrigados ou manipulados?

 

2. Feitas as contas, muito por alto, dois terços do país real paga impostos sobre as suas coisas privadas e, com esses proventos, são pagos os ordenados (deveríamos dizer ‘vencimentos’, se o que fazem fosse realmente trabalho, mas configura mais a prescrição de ‘emprego’) de tantos desses que precisam de festejar, não aconteça que mude a cor de quem manda – tanto no governo central como na teia das autarquias e serviços dependente da cadeia política – agora, pois a mudança poderá trazer dissabores…Assim se prolongam por tanto tempo muitos dos votos de forma interesseira e quase-acrítica… Não será que a boca manda na inteligência?

 

3. Certos enfeites para a festa dos 48 anos do ’25 A’ – pelo que posso perceber no espaço em que me movo – quase roçam um certo carnaval atrasado – até porque este ano não foi festejado devido ao confinamento – e com nítidos sinais de imitação de aniversários recentes: foi só trocar os adereços porque os locais – postes de iluminação pública e lugares de convívio social – são os mesmos, as cores idênticas, as disposições paralelas…logo os mentores e executores serão da mesma estirpe e nomenclatura. Já basta de tanta coincidência e, sobretudo, de tanta exploração da ignorância ou da subserviência servida quase a despudor… Até ver, pensar ainda não paga imposto nem está sujeito totalmente a censura!

 

4. Ser livre é muito mais do que poder gritar por liberdade e com liberdade. Ser livre é poder pensar, refletir e mudar (mesmo de opinião) sem ter medo de perder direitos nem de ser posto em risco. Ser livre é ter capacidade de se questionar, sem deixar de reconhecer o que outros fazem de bem, de belo, de verdadeiro e de bom – os quatro transcendentais da filosofia aristotélico-tomista – e não dos contrários com que tantas vezes classificamos e julgamos os outros.

Numa palavra: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres’ (Jo 8,32). É desta liberdade que quero viver, de forma consciente, assumida e coerente!

 

António Sílvio Couto

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