Basta!
Não é
nome de nenhum partido político… embora tenha sido uma das hipóteses de
denominação para um que anda por agora em crescendo.
Sim,
basta de quererem continuar – uns tantos pseudo-democratas que facilmente
deixam sair as garras por esta época do ano – a assenhorearem-se do património
da liberdade conquistada na revolução de ’25 abril’. Vemos mais uma vez que uns
tais donos de uma referenciada ‘comissão organizadora’ se consideram juízes e árbitros
dos ‘seus’ e para os ‘seus’ correligionários, apaniguados e afins.
De facto
da figuração castanho-esverdeada (fascista/salazarista) temos, agora, de aturar
uma outra com tonalidade avermelhada-escurecida pela raiva, doseada com ódio e
salpicada de intolerância… Eis o suave espetro dos ‘democratas’ ressabiados…
quase cinquenta decorridos anos da dita ‘revolução’.
1. Desde
já uma declaração de desinteresse: temos de esclarecer que a pretensa maioria
de esquerda no nosso país é uma falácia, pois se acrescentarmos aos votos expressos
em urna de não-esquerda, a taxa de abstenção (na fasquia dos sessenta por
cento) teremos que isso a que chamam ‘democracia’ – talvez devesse dizer-se:
‘regime democrático’ – não passa de uma ditadura sobre uma maioria silenciosa…
embora concordante com quem se lhe impõe. Diante disto teremos de considerar
que aqueles que se pronunciam, votando, são os que estão mais interessados em
prolongarem a ditadura sobre os abstencionistas, os desagradados, os
desiludidos e tantos outros que vão sobrevivendo sem precisarem das benesses da
‘democracia’…Feitas as contas os que vivem dependurados no ‘senhor estado’ (em
minúsculas, pois se torna pequeno para com quem dele não vive sem se alimenta)
não atingem um milhão (de funcionários públicos, autárquicos, no ensino, na
saúde, na segurança social, etc.), mas são esses os democratas festejadores do
’25A’… Serão livres, condicionados, obrigados ou manipulados?
2.
Feitas as contas, muito por alto, dois terços do país real paga impostos sobre
as suas coisas privadas e, com esses proventos, são pagos os ordenados
(deveríamos dizer ‘vencimentos’, se o que fazem fosse realmente trabalho, mas
configura mais a prescrição de ‘emprego’) de tantos desses que precisam de
festejar, não aconteça que mude a cor de quem manda – tanto no governo central
como na teia das autarquias e serviços dependente da cadeia política – agora,
pois a mudança poderá trazer dissabores…Assim se prolongam por tanto tempo
muitos dos votos de forma interesseira e quase-acrítica… Não será que a boca
manda na inteligência?
3.
Certos enfeites para a festa dos 48 anos do ’25 A’ – pelo que posso perceber no
espaço em que me movo – quase roçam um certo carnaval atrasado – até porque
este ano não foi festejado devido ao confinamento – e com nítidos sinais de imitação
de aniversários recentes: foi só trocar os adereços porque os locais – postes
de iluminação pública e lugares de convívio social – são os mesmos, as cores
idênticas, as disposições paralelas…logo os mentores e executores serão da
mesma estirpe e nomenclatura. Já basta de tanta coincidência e, sobretudo, de
tanta exploração da ignorância ou da subserviência servida quase a despudor…
Até ver, pensar ainda não paga imposto nem está sujeito totalmente a censura!
4. Ser
livre é muito mais do que poder gritar por liberdade e com liberdade. Ser livre
é poder pensar, refletir e mudar (mesmo de opinião) sem ter medo de perder
direitos nem de ser posto em risco. Ser livre é ter capacidade de se
questionar, sem deixar de reconhecer o que outros fazem de bem, de belo, de
verdadeiro e de bom – os quatro transcendentais da filosofia
aristotélico-tomista – e não dos contrários com que tantas vezes classificamos
e julgamos os outros.
Numa
palavra: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres’ (Jo 8,32). É desta
liberdade que quero viver, de forma consciente, assumida e coerente!
António Sílvio Couto
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