A avaliar pelas reações mais recentes, os executantes da justiça – com os juízes à testa – são um setor sobre o qual foi lançado o labéu mais inclemente. Com efeito, já anteriormente vimos crescer – talvez de forma tácita e não muito visível – o descrédito sobre outras funções, profissões ou atividades com incidência humana, tais como os padres, os professores, os polícias, os políticos (autarcas ou nas funções governamentais e parlamentares), os treinadores e dirigentes desportivos... todos mais ou menos numa catadupa que nem a mais eficiente execução colmatava essa tal ignomínia lançada...
* dos padres – caídos
da influência religiosa preponderante do catolicismo, em certos meios sociais,
muitos como que foram sendo nivelados pelo desempenho mais de uma profissão e
não como uma vocação. Por vezes, em certas correntes intra-eclesiais, se
questiona se o uso ou não da veste talar ou ao menos do ‘clergyman’ poderá ter
‘banalizado’ a função clerical e com isso perderem os atores capacidade de
aceitação, de intervenção ou de significado. É cada vez mais necessário que os
padres sejam homens de Deus e não da mera ação social. Lançados às feras não
podem julgar-se superiores pela instrução e tão pouco pela possível
significação social, pois para além de homens do culto, têm de ser pessoas da
cultura... humilde, dialogante e serena para com todos.
* dos professores –
considerados no setor do saber – embora parcelar, pois cada um tem a sua
especialidade – nem sempre foram valorizados até pela remuneração. Semeadores
da instrução – e nalguns casos ds educação – foram perdendo, noutros meios, a
importância e influência social e cultural. A crise de quem queira vir a
ensinar nota-se gradualmente.
* dos polícias –
representantes práticos e executores da autoridade nem sempre têm sido
respeitados e dignificados, mesmo por aqueles que usufruem da sua proteção e
intervenção em nome da lei e da ordem. Dá a impressão que boa parte da
população só nota o significado das autoridades policiais quando se encontram
em apuros. Corremos o risco de negligenciar a nossa segurança, tanto das
pessoas como dos bens.
* dos políticos – divididos
em tendências ideológicas mais parecem inimigos do que adversários, propondo-se
servirem o povo, de quem dá a impressão só precisarem em maré de eleições... no
resto escapam-se para gerirem os seus interesses e dos seus apaniguados.
Quantos enriqueceram e não foi só a trabalhar. Quantos têm fortunas e outras
mordomias sem se saber a proveniência. Acusações de corrupção correm o risco de
prescreverem, quando for a maré de julgamento. Sérios haverá poucos e honestos
ainda menos!
* dos dirigentes e
e treinadores desportivos – da época dos ‘patos-bravos’, procedentes
de outros mundos para se promoverem no desporto parece que está a surgir uma
outra ‘classe’ mais cuidada, embora necessitada de mais eduçação e boa
presença. Também aqui a divisão clubística tem feito as suas vítimas e deixado
feridas... escarafunchadas em programas televisivos de mau gosto e de pior
conteúdo...
António Sílvio Couto
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