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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Relação de confiança para o cuidado dos doentes


 No dia 11 deste mês celebra-se, pela vigésima nona vez, o ‘dia mundial do doente’, com o tema: «Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8). A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes

Na sua mensagem o Papa Francisco centra a sua atenção ‘nas pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus’, tanto as pessoas doentes como as que as assistem nos centros sanitários como no seio das famílias e das comunidades.
Respigamos da mensagem papal alguns dos aspetos tratados: 

1. «O tema deste Dia inspira-se no trecho evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem (cf. Mt 23, 1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real».

De facto, não andará por aí muita gente a gabar-se de fazer algo e de nada mexer de significativo? Quem tem medo daquilo que a Igreja realiza e não publicita? Não será hipocrisia querer ser simpático sem conteúdo nem conexão? Sob a máscara ostentada não andará muita hipocrisia indisfarçável?

2. «A experiência da doença faz-nos sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do outro (...) A doença obriga a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus».
Job é apresentado pelo Papa como a ‘figura emblemática’ deste diálogo e questionamento de si mesmo, pelos outros e para com Deus. Será que, nas nossas fragilidades, descobrimos as causas das nossas fragilizações? Da nossa experiência de doença temos descoberto a solicitude de Deus para connosco? Ajudamos os outros a encontrarem Deus, por ocasião das suas experiências mais questionantes da vida?

3. «A doença tem sempre um rosto, e até mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais (...) A atual pandemia colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes (...) Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas».
Em todo este processo se destacou o ‘profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo’ em que ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares. Como não deviam merecer estes ‘heróis’ mais respeito por parte da população. As palmas de aplauso não foram revertidas em ofensas aos que procuraram fazer o seu melhor? Não faltarão sinais de cura pela atenção e não pela simples medicação?

4. «Para haver uma boa terapia é decisivo o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística da pessoa doente. A valorização deste aspeto ajuda também os médicos, enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal de confiança».

Se em tantos setores da vida, a confiança é essencial, muito mais é necessária nas questões de saúde e de cuidado das pessoas carenciadas de proteção. Ainda podemos acreditar em certas ‘boas intenções’ de ideólogos anti-vida?

 5. «Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado».

Se atendermos ao caso português que dizer duma sociedade que deixa aprovar no Parlamento a eutanásia, quando tantos profissionais de saúde gastam o seu tempo e esforços a darem a vida? Não seremos um povo, no mínimo esquizofrénico, nas ideias e na ética…dita republicana?

 

António Sílvio Couto

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