No dia 11 deste mês celebra-se, pela vigésima nona vez, o ‘dia mundial do doente’, com o tema: «Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8). A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes.
Na sua mensagem o Papa Francisco centra a sua atenção ‘nas pessoas que sofrem
em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus’, tanto as pessoas
doentes como as que as assistem nos centros sanitários como no seio das
famílias e das comunidades.
Respigamos da mensagem papal alguns dos aspetos tratados:
1. «O tema deste Dia inspira-se no trecho
evangélico em que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem mas não fazem
(cf. Mt 23, 1-12). Quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem
se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência
entre o credo professado e a vida real».
De facto, não
andará por aí muita gente a gabar-se de fazer algo e de nada mexer de
significativo? Quem tem medo daquilo que a Igreja realiza e não publicita? Não
será hipocrisia querer ser simpático sem conteúdo nem conexão? Sob a máscara
ostentada não andará muita hipocrisia indisfarçável?
2. «A experiência da doença faz-nos
sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do
outro (...) A doença obriga a
questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a
Deus».
Job é apresentado pelo Papa como a ‘figura emblemática’ deste diálogo e
questionamento de si mesmo, pelos outros e para com Deus. Será que, nas nossas
fragilidades, descobrimos as causas das nossas fragilizações? Da nossa
experiência de doença temos descoberto a solicitude de Deus para connosco?
Ajudamos os outros a encontrarem Deus, por ocasião das suas experiências mais questionantes
da vida?
3. «A doença tem sempre um rosto, e até
mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se
sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam
direitos essenciais (...) A atual
pandemia colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e
carências na assistência às pessoas doentes (...) Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade
de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras,
sacerdotes, religiosos e religiosas».
Em todo este processo se destacou o ‘profissionalismo, abnegação, sentido de
responsabilidade e amor ao próximo’ em que ajudaram, trataram, confortaram e
serviram tantos doentes e os seus familiares. Como não deviam merecer estes
‘heróis’ mais respeito por parte da população. As palmas de aplauso não foram
revertidas em ofensas aos que procuraram fazer o seu melhor? Não faltarão
sinais de cura pela atenção e não pela simples medicação?
4. «Para haver uma boa terapia é decisivo
o aspeto relacional, através do qual se pode conseguir uma abordagem holística
da pessoa doente. A valorização deste aspeto ajuda também os médicos,
enfermeiros, profissionais e voluntários a ocuparem-se daqueles que sofrem para
os acompanhar ao longo do itinerário de cura, graças a uma relação interpessoal
de confiança».
Se em tantos
setores da vida, a confiança é essencial, muito mais é necessária nas questões
de saúde e de cuidado das pessoas carenciadas de proteção. Ainda podemos
acreditar em certas ‘boas intenções’ de ideólogos anti-vida?
Se atendermos ao
caso português que dizer duma sociedade que deixa aprovar no Parlamento a
eutanásia, quando tantos profissionais de saúde gastam o seu tempo e esforços a
darem a vida? Não seremos um povo, no mínimo esquizofrénico, nas ideias e na
ética…dita republicana?
António Sílvio Couto
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