Atendendo
a que, no próximo domingo (13 de janeiro), se celebra a festa litúrgica do
Batismo do Senhor, e com ela se encerra o tempo celebrativo do Natal, pareceu
que podia ser oportuno colocar algumas questões sobre tema e aflorar aspetos
deste sacramento básico da fé cristã.
Se
tivermos em conta as várias circunstâncias da vida atual poderemos perguntar:
será conveniente batizar uma criança? Até que idade poderá ser batizada uma
criança sem se exigir maior preparação? Que tempo pode e deve um adulto dedicar
para receber o batismo?
Num tempo algo anódino sobre questões de fé, será que é desprezível batizar uma pessoa – particularmente se for criança – mesmo que os pais não sejam casados catolicamente ou até que nem sejam batizados? Será de recusar a semente do batismo em quem crepita uma ténue de luz de fé ou de desejo por Deus? Não teremos andado a cometer ‘muitos erros’ – excluindo, afastando ou escandalizando – pelas (nossas) exigências para que possam existir as condições ideais para alguém ser dado o batismo? Não terá havido, nalgumas situações, mais coração de madrasta do que de mãe na Igreja com tais atitudes e regras…tão exigentes?
Diz um padre da Igreja, S. Gregório de Nazianzo, no século IV depois de Cristo: «O Batismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: batismo, porque o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus».
Precisamos de renovar em nós – mesmo quando participamos na celebração dalgum batismo – a graça deste sacramento e de consciencializar as exigências dessa graça e dom recebidos.
Temos por costume dar alguma importância à data do nosso batismo? Se a data de nascimento é (ou pode ser) um tanto convencional, dadas as circunstâncias em que pode ter acontecido, a data do batismo é algo de concreto e sério…Assim saibamos vivê-lo e celebrá-lo condignamente.
= Mistagogia dos sinais batismais (*) Tentemos fazer uma leitura dos ‘sinais’ do batismo, procurando discernir o significado de cada um deles, no desenrolar da celebração e no seu progressivo desenvolvimento:
«O sentido e a graça do sacramento do Batismo aparecem nos ritos da sua celebração. Seguindo, com a participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa em cada batizado» (Catecismo da Igreja Católica (CIC), 1234). * Sinal da cruz – «O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção que Cristo nos adquiriu pela sua cruz» (CIC 1235). * O anúncio da Palavra de Deus – «O anúncio da Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembleia e suscita a resposta da fé, inseparável do Batismo. Na verdade, o Batismo é, de modo particular, o ‘sacramento da fé’, uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé» (CIC 1236). * Unção com o óleo dos catecúmenos – «E porque o Batismo significa a libertação do pecado e do diabo, seu instigador, pronuncia-se sobre o candidato um ou vários exorcismos. Ele é ungido com o óleo dos catecúmenos ou, então, o celebrante impõe-lhe a mão e ele renuncia expressamente a Satanás. Assim preparado, pode professar a fé da Igreja, à qual será «confiado» pelo Batismo» (CIC 1237). *Água batismal – «A água batismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no próprio momento, ou na Vigília Pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem batizados «nasçam da água e do Espírito» (Jo 3, 5)» (CIC 1238). * O rito do batismo – «O batismo propriamente dito, que significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo. O Batismo é realizado, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água batismal; mas, desde tempos antigos, pode também ser conferido derramando por três vezes água sobre a cabeça do candidato» (CIC 1240). * Unção com o óleo do crisma – «A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Ele tornou-se cristão, quer dizer, ‘ungido’ pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido sacerdote, profeta e rei» (CIC 1241). É pela participação nestas três funções de Cristo, que o cristão/ungido assume as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam.
* Imposição e explicação da veste branca – «A veste branca simboliza que o batizado ‘se revestiu de Cristo’: ressuscitou com Cristo» (CIC 1243). * Vela acesa – «A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são ‘a luz do mundo’» (CIC 1243). A conclusão do rito batismal – na celebração de crianças – com o Pai-nosso faz-nos reconhecer que o recém-batizado é agora filho de Deus Pai no Seu Filho Jesus e pelo Espírito Santo, a quem ele ousa rezar comunitariamente, a oração dos filhos e dos irmãos. O recém-batizado deixa de ter só uma família humana para fazer parte da grande família da fé, que é a Igreja na qual foi acolhido, aceite e integrado!
(*) Cf. António Sílvio Couto, Nesta Igreja que amo e sirvo, Prior Velho: Paulinas 2018, pp. 123-131.
Num tempo algo anódino sobre questões de fé, será que é desprezível batizar uma pessoa – particularmente se for criança – mesmo que os pais não sejam casados catolicamente ou até que nem sejam batizados? Será de recusar a semente do batismo em quem crepita uma ténue de luz de fé ou de desejo por Deus? Não teremos andado a cometer ‘muitos erros’ – excluindo, afastando ou escandalizando – pelas (nossas) exigências para que possam existir as condições ideais para alguém ser dado o batismo? Não terá havido, nalgumas situações, mais coração de madrasta do que de mãe na Igreja com tais atitudes e regras…tão exigentes?
Diz um padre da Igreja, S. Gregório de Nazianzo, no século IV depois de Cristo: «O Batismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: batismo, porque o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus».
Precisamos de renovar em nós – mesmo quando participamos na celebração dalgum batismo – a graça deste sacramento e de consciencializar as exigências dessa graça e dom recebidos.
Temos por costume dar alguma importância à data do nosso batismo? Se a data de nascimento é (ou pode ser) um tanto convencional, dadas as circunstâncias em que pode ter acontecido, a data do batismo é algo de concreto e sério…Assim saibamos vivê-lo e celebrá-lo condignamente.
= Mistagogia dos sinais batismais (*) Tentemos fazer uma leitura dos ‘sinais’ do batismo, procurando discernir o significado de cada um deles, no desenrolar da celebração e no seu progressivo desenvolvimento:
«O sentido e a graça do sacramento do Batismo aparecem nos ritos da sua celebração. Seguindo, com a participação atenta, os gestos e as palavras desta celebração, os fiéis são iniciados nas riquezas que este sacramento significa em cada batizado» (Catecismo da Igreja Católica (CIC), 1234). * Sinal da cruz – «O sinal da cruz, no princípio da celebração, manifesta a marca de Cristo impressa naquele que vai passar a pertencer-Lhe, e significa a graça da redenção que Cristo nos adquiriu pela sua cruz» (CIC 1235). * O anúncio da Palavra de Deus – «O anúncio da Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembleia e suscita a resposta da fé, inseparável do Batismo. Na verdade, o Batismo é, de modo particular, o ‘sacramento da fé’, uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé» (CIC 1236). * Unção com o óleo dos catecúmenos – «E porque o Batismo significa a libertação do pecado e do diabo, seu instigador, pronuncia-se sobre o candidato um ou vários exorcismos. Ele é ungido com o óleo dos catecúmenos ou, então, o celebrante impõe-lhe a mão e ele renuncia expressamente a Satanás. Assim preparado, pode professar a fé da Igreja, à qual será «confiado» pelo Batismo» (CIC 1237). *Água batismal – «A água batismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no próprio momento, ou na Vigília Pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem batizados «nasçam da água e do Espírito» (Jo 3, 5)» (CIC 1238). * O rito do batismo – «O batismo propriamente dito, que significa e realiza a morte para o pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade, através da configuração com o mistério pascal de Cristo. O Batismo é realizado, do modo mais significativo, pela tríplice imersão na água batismal; mas, desde tempos antigos, pode também ser conferido derramando por três vezes água sobre a cabeça do candidato» (CIC 1240). * Unção com o óleo do crisma – «A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Ele tornou-se cristão, quer dizer, ‘ungido’ pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido sacerdote, profeta e rei» (CIC 1241). É pela participação nestas três funções de Cristo, que o cristão/ungido assume as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam.
* Imposição e explicação da veste branca – «A veste branca simboliza que o batizado ‘se revestiu de Cristo’: ressuscitou com Cristo» (CIC 1243). * Vela acesa – «A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são ‘a luz do mundo’» (CIC 1243). A conclusão do rito batismal – na celebração de crianças – com o Pai-nosso faz-nos reconhecer que o recém-batizado é agora filho de Deus Pai no Seu Filho Jesus e pelo Espírito Santo, a quem ele ousa rezar comunitariamente, a oração dos filhos e dos irmãos. O recém-batizado deixa de ter só uma família humana para fazer parte da grande família da fé, que é a Igreja na qual foi acolhido, aceite e integrado!
(*) Cf. António Sílvio Couto, Nesta Igreja que amo e sirvo, Prior Velho: Paulinas 2018, pp. 123-131.
António Sílvio Couto
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