Vindo do
outro lado do Atlântico chegou à nossa sociedade a discussão do ‘azul e rosa’,
isto é, a insistência em conotar com estas cores o sexo das pessoas: azul para
rapaz e rosa para rapariga. Numa declaração mais fundamentalista – no correto e
essencial significado do termo – das cores do sexo masculino e do sexo
feminino, respetivamente.
Será
este o problema essencial na vida daquele país? Teremos nós de entrar numa
discussão que tem tanto de inoportuna quanto de patética? Para ir ao fundo do
problema – a ideologia de género – será preciso arranjar fait-divers com perda
de tempo e de significado? Trazer novamente este assunto para a praça pública,
no contexto geral e nacional, será algo de sério ou de mero folclore sem engenho?
= Parece
importante tratar esta questão como racionalidade e não reduzi-la a um
amontoado de emoções, muitas delas mal digeridas e, sobretudo, vulgarizar uma
discussão que devia ser serena e sensata. Num tempo tão marcado por interesses
de lóbi, este assunto ‘azul e rosa’ e dos mais fraturantes em certas sociedades
e sê-lo-á ainda mais se forem introduzidos acepipes de natureza politica,
partidária ou mesmo religiosa…
Este
assunto pode até camuflar angústias a quem vive o problema de forma dorida,
misturando tudo e o seu contrário para que se vá disfarçando outros problemas e
adiando a solução do que é sério. Isto não é uma questão de direita nem de
esquerda, é um assunto da personalidade da pessoa humana, no concreto de alguém
que tem, vive e sofre consigo mesmo e no relacionamento com os outros. Mal vai
o problema, seja ele qual for, se o próprio não se sente parte da solução e
entrega esta a outrem que o pode manipular e usar como mais lhe convier.
= De
facto, não será pela cor da roupa que iremos guiar-nos nem ficaremos pendurados
na bandeira do ‘arco-íris’ para sermos mais ou menos defensores da igual
dignidade das pessoas, tenham elas a orientação sexual que manifestem. Com
efeito, esta questão do ‘azul e rosa’ – adstrito ao sexo que se considere – não
passa dum falso problema e, por vezes, não é quem muito fala e reclama que mais
faz pelo reconhecimento e a aceitação da diferença. Efetivamente, torna-se
complicado discernir o que é ou pode ser congénito daquilo que é ou pode ser
influência do meio e mesmo da educação. Por isso, não podemos deixar-nos
condicionar por ‘modas’ nem por ‘fantasmas’, sejam de que coloração se
apresentarem, pois cada pessoa é única e irrepetível e merece ser tratada com
respeito, com sensatez e, sobretudo, com o máximo da dignidade…coisa que certos
setores não têm deixado que seja feito, tentando impor a tal ‘ideologia de
género’, que mais não é do que um género de ideologia, pretensamente
progressista, mas manipuladora dos sentimentos e das emoções das pessoas mais
fragilizadas e, por vezes, marginalizadas…
= Valerá
a pena reler o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre este assunto: «Um número não negligenciável de homens e de
mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente enraizadas. Esta
inclinação objetivamente desordenada constitui, para a maioria, uma provação.
Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com
eles todo sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar
a vontade de Deus em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz
do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição»
(n.º 2358)
Toda a
forma de discriminação é considerada ofensiva. Também neste campo ela é assim…
Tudo o resto – o favorecimento em particular – por ser desta forma não será
maior discriminação de quem não é dessa forma? Ou será obrigatório deixar de
ser normal para se ser exceção? Excecionar em excesso faz disso normalidade?
Por
favor: haja maior bom senso e superior racionalidade, seja lá a cor de que se
vista ou pela qual se tenha preferência, em vestir, despir ou assumir!
António Sílvio Couto
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