44 anos
depois a censura está mais viva em Portugal do que nunca. Quem não é da cor
dominante – esquerdista, laica e amoral – logo é rotulado de populista,
apelidado de não-democrata, defensor de ideias perigosas e fautor de convulsão
social…
É deste
modo ‘democrata’ que uns tantos iluminados, mas bem protegidos pelas sequelas
dialeto-marxistas, olham os outros e quem deles discorda e/ou não se cala nem
deixa intimidar.
Órgãos
que deviam ser independentes de trejeitos preconceituosos – sindicato dos
(ditos) jornalistas, entidade de regulação comunicativa e mesmo certos
fazedores de opinião com conotação arrevesada – não conseguem esconder ou
dissimular quem, de verdade, os comanda: uma ‘escola’ transnacional que vai
manobrando até que possa reinar, manipulando as massas e vivendo à custa da
ignorância amorfa das maiorias…consumistas.
Se
amordaçarem quem pensa de forma diferente da deles terão explosões (reais,
virtuais ou psicológicas) bem mais mortíferas do que as meras palavras de circunstância…
sejam lá os programas ou intervenções que forem. Se não deixarem manifestar-se
quem pensa (a inteligência não é exclusivo daqueles que pensam só como nós) de
forma diferente da deles, em breve serão sacudidos por fenómenos que não
dominam. Se não atenderem ao que dizem esses tais que destoam da normalidade
(dita) democrática, nunca saberão onde estão os tais ‘inimigos’, pois ao
tentarem varrê-los para debaixo do tapete, não os liquidarão pela convicção…antes
dar-lhes-ão (mais tarde ou mais depressa) uma espécie de estatuto de heróis
perseguidos!
=
Portugal ainda não aprendeu a digerir que a diferença é o constitutivo
essencial da democracia. A caminho de cinco décadas da apelidada ‘revolução de
abril’ pululam por aí muitos pequenos ditadores – senão reinantes ao menos
presumidos – ao seu nível e saltitando em maré de crise. Muitos deles advogam
modos de estar e de comportamento que, se vistos pela perspetiva contrária,
seriam considerados ofensivos da dignidade dos outros e do respeito mínimo e necessário.
= Salvo
a devida distância – tantos dos termos quanto das atitudes – não podemos
continuar a viver sob o signo de certas ‘vacas sagradas’ da nossa democracia.
Não há ninguém impoluto nem inatacável. Mais ou menos todos, duma forma ou de
outra, têm aspetos reprováveis na execução da vida política e partidária. Só os
ditadores se consideram incólumes, pois cada um se vê e vive numa certa
circunstância e, por vezes, à luz duma determinada época.
Felizmente,
na vivência do cristianismo, há algo que nunca nos envergonha nem deixa de não
nos tornar iguais: somos suscetíveis de falhar, de errar, de arrepender-nos e
de pedirmos perdão. Esta faculdade humana é um dom do cristianismo, que muitos
outros não têm, não aceitam nem usam. A graça de não ser ‘senhor da verdade’
faz-nos (ou devia fazer-nos) muito mais humildes do que presunçosos, criando
laços de comunhão e de fraternidade, onde cada um não julga o outro, mas fá-lo
grande sem medo de ser ultrapassado pelas suas convicções e conveniências.
= Temos
de limpar estes ignóbeis censores – mais com lápis vermelho do que com adereço
azul – da nossa vida coletiva. Abjuramos os donos das consciências e os gurus
incontestáveis. Não é mais tempo de tanta tutela para com quem é cidadão como
eles. Felizmente na votação não há sócios com votos mais categorizados: o voto,
expresso por um analfabeto e o de um catedrático, só vale um. Por isso, quem se
julgar senhor ou suserano da democracia está uns séculos atrasado e quase fora
de prazo de validade.
Senhores
do sindicato dos jornalistas, membros da ERC ou comentadores televisivos (à
mistura com membros do governo) quem não seja socialista, trotskista-marxista e
afins… ainda não foi expulso de Portugal. Todos temos direito de exprimir a
nossa opinião, assumindo as consequências antes, durante e depois! Quando o
quiserem fazer – cortarem-nos os direitos básicos – avisem-nos para emigrarmos
a ‘bem da nação’! Os velhos dos restelo não morreram todos… nem os adamastores
foram exorcizados totalmente!
António
Sílvio Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário