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quinta-feira, 3 de março de 2022

Quaresma 2022 - figuras da Paixão

 1. Malco: ofensa do medo?



Este ‘acidente’ poderá ajudar-nos a interpretar os nossos acidentes na vida, quantos deles quase inexplicáveis. Não será que Deus os pode curar?

«10 Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo-Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 11 Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a espada na bainha. Não hei de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?» (Jo 18,10-11 // Lc 22,49-51; Mt 26,51-54).

Este episódio da orelha decepada e a sua recolocação é mais do que uma espécie de fait-divers por ocasião da prisão de Jesus, no Jardim das Oliveiras, pode comportar uma posição sobre a possível resposta cristã na hora da adversidade. Numa atitude de agressividade mais do que de defesa, Pedro toma a espada e corta a orelha direita a Malco – nome fornecido também por São João – de quem é dito que era servo do sumo-sacerdote.
Para além da contestação da violência, Jesus pretende entrar na lógica da vontade do Pai - «Não hei de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?» Em São Lucas refere-se que Jesus recolocou a orelha decepada (cf. Lc 22, 51).
Mais do que uma cena subliminar – como a passagem do jovem que foge nu, em Mc 14, 51 – este episódio entre Pedro e Malco como que nos coloca, através das palavras de Jesus, que uma resposta à agressividade não se dá com violência ou, por outras palavras, a resposta à perseguição não usa as mesmas armas dos perseguidores… que serão vencidos pelo testemunho humilde.

«O discípulo de Cristo, não somente deve guardar a fé e viver dela, como ainda professá-la, dar firme testemunho dela e propagá-la: «Todos devem estar dispostos a confessar Cristo diante dos homens e a segui-Lo no caminho da cruz, no meio das perseguições que nunca faltam à Igreja». O serviço e testemunho da fé são requeridos para a salvação: «A todo aquele que me tiver reconhecido diante dos homens, também Eu o reconhecerei diante do meu Pai que está nos céus. Mas àquele que me tiver negado diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus» (Mt 10, 32-33)» (Catecismo da Igreja Católica, 1816).


António Sílvio Couto

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