Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Populismo tem cor, rótulo ou fragância?


O que é o populismo? Qual a cor (ideológica) preferencial do populismo? Será um qualificativo ou um epíteto de mau gosto e de pior agoiro? Estaremos, de verdade, numa época propícia a populismos?
Vejamos o que nos diz a enciclopédia wikipedia sobre o assunto: «Populismo é um conjunto de práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente contrapondo este grupo a uma “elite”. Não existe uma única definição do termo, que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então. Poucos atores políticos descrevem a si mesmos como “populistas”, e no discurso político o termo geralmente é aplicado a outros pejorativamente. Em filosofia política e nas ciências sociais, diferentes definições de populismo têm sido usadas. O termo também é usado de forma variada entre países e contextos políticos diferentes. Alguns autores simplesmente rejeitam o uso do termo como excessivamente vago».
Ora, sinal dos tempos que decorrem de um modo algo atribulado, é esse de vemos prelados católicos pronunciarem-se sobre ‘populismos’, advertindo que pode haver uns mais perigosos do que outros… numa quase tentativa de branqueamento perante certas forças mais ou menos influentes.
Esta onda de tal perigosidade vai lançando com subtileza as garras àquilo que, múltiplas figuras pensantes e adjacentes, convencionaram apelidar de ‘populismo de extrema-direita’, enquanto uma outra corrente, que defende temas na extremidade inversa, a da ‘esquerda’, combate, menospreza e achincalha, assuntos como a vida, a defesa do nascituro e do velho/doente em ponto extremo, da família e de outros valores quase fundacionais da nossa cultura judeo-cristã. Com efeito, quem defende e exerce o direito e a prática do aborto e da eutanásia, propaga e vive segundo a ideologia de género e tudo o resto que faça da família algo de insignificante…não é rotulado de ‘populismo’, mas recebe a catalogação bem contrária da classificação de ter ideias progressistas, antissistema e aceitáveis…popularmente. 
= Exatamente é para denunciar esta incongruência pública e também privada, que me proponho gastar algum do esforço nesta reflexão.
Desde logo há que acertar: populismo nunca é bom, tenha ela a cor que tiver e venha travestido da roupagem que lhe quiserem enfiar…mesmo que com alguma fragância dos urais ou da muralha chinesa…
Sem qualquer remoque de sarcasmo, ouso citar um diálogo entre um cego e um coxo; diz aquele a este: como vais…responde o outro: como vês!
Efetivamente esta temática do populismo é uma espécie de remake desta conversa, pois, uns veem que os outros não conseguem andar, enquanto uns tantos tentam andar o que os outros não conseguem, minimamente, ver.
Parece que, no nosso tempo marcado pela velocidade e por alguma superficialidade que lhe pode estar adstrita, se ergue uma tendência maioritária a considerar que não podemos defender algo que possa destoar de uma pretensa conjugação entre os anti-valores, preferencialmente fora do quadro judeo-cristão, e um acentuado neopaganismo, senão explicito ao menos tácito. Certas correntes ecologistas – num afunilar ecológico/vegan – endeusam a natureza e matam os humanos, protegem os animais e sacrificam as pessoas, encrespam-se perante os desvios de milímetros e toleram abusos de quilómetros…Nunca como agora pretender ser (ou fazer-se passar) ecologista se foi tornando campo de camuflagem e um terreno minado para vários interesses a gosto e sob promoção barata…em final de feira! De facto, os vendedores de material contrafeito, perante estes fazedores de ecologismo/populista, quase parecem fiscais em rusga avisada. 
= Temos de assumir: não há populismo um bom e outro que pode ser mau, sobretudo, se fizerem de tal distinção um campo preconceituoso ou, pelo menos, mal-intencionado. É digno da maior repulsa que pretendam impingir que o populismo é de direita, quando vemos o de esquerda a ser tanto ou mais repugnante do que aquele que catalogaram com a conivência de forças que de democráticas têm pouco, agora e no passado recente. O regime da Venezuela e da Correia do Norte não é populista? Ou será que só o do Brasil e dos EUA é que merecem tão qualificação?
Populismo (de direita ou de esquerda), não, obrigado! Não será que o populismo em Portugal está no poder?          

António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário