O que é
o populismo? Qual a cor (ideológica) preferencial do populismo? Será um
qualificativo ou um epíteto de mau gosto e de pior agoiro? Estaremos, de
verdade, numa época propícia a populismos?
Vejamos
o que nos diz a enciclopédia wikipedia sobre o assunto: «Populismo é um conjunto de
práticas políticas que se justificam num apelo ao “povo”, geralmente
contrapondo este grupo a uma “elite”. Não existe uma única definição do termo,
que surgiu no século XIX e tem obtido diferentes significados desde então.
Poucos atores políticos descrevem a si mesmos como “populistas”, e no discurso
político o termo geralmente é aplicado a outros pejorativamente. Em filosofia
política e nas ciências sociais, diferentes definições de populismo têm sido
usadas. O termo também é usado de forma variada entre países e contextos
políticos diferentes. Alguns autores simplesmente rejeitam o uso do termo como
excessivamente vago».
Ora, sinal
dos tempos que decorrem de um modo algo atribulado, é esse de vemos prelados
católicos pronunciarem-se sobre ‘populismos’, advertindo que pode haver uns
mais perigosos do que outros… numa quase tentativa de branqueamento perante
certas forças mais ou menos influentes.
Esta
onda de tal perigosidade vai lançando com subtileza as garras àquilo que,
múltiplas figuras pensantes e adjacentes, convencionaram apelidar de ‘populismo
de extrema-direita’, enquanto uma outra corrente, que defende temas na extremidade
inversa, a da ‘esquerda’, combate, menospreza e achincalha, assuntos como a
vida, a defesa do nascituro e do velho/doente em ponto extremo, da família e de
outros valores quase fundacionais da nossa cultura judeo-cristã. Com efeito,
quem defende e exerce o direito e a prática do aborto e da eutanásia, propaga e
vive segundo a ideologia de género e tudo o resto que faça da família algo de
insignificante…não é rotulado de ‘populismo’, mas recebe a catalogação bem
contrária da classificação de ter ideias progressistas, antissistema e
aceitáveis…popularmente.
= Exatamente
é para denunciar esta incongruência pública e também privada, que me proponho
gastar algum do esforço nesta reflexão.
Desde
logo há que acertar: populismo nunca é bom, tenha ela a cor que tiver e venha
travestido da roupagem que lhe quiserem enfiar…mesmo que com alguma fragância
dos urais ou da muralha chinesa…
Sem
qualquer remoque de sarcasmo, ouso citar um diálogo entre um cego e um coxo;
diz aquele a este: como vais…responde o outro: como vês!
Efetivamente
esta temática do populismo é uma espécie de remake desta conversa, pois, uns
veem que os outros não conseguem andar, enquanto uns tantos tentam andar o que
os outros não conseguem, minimamente, ver.
Parece
que, no nosso tempo marcado pela velocidade e por alguma superficialidade que
lhe pode estar adstrita, se ergue uma tendência maioritária a considerar que
não podemos defender algo que possa destoar de uma pretensa conjugação entre os
anti-valores, preferencialmente fora do quadro judeo-cristão, e um acentuado
neopaganismo, senão explicito ao menos tácito. Certas correntes ecologistas –
num afunilar ecológico/vegan – endeusam a natureza e matam os humanos, protegem
os animais e sacrificam as pessoas, encrespam-se perante os desvios de
milímetros e toleram abusos de quilómetros…Nunca como agora pretender ser (ou
fazer-se passar) ecologista se foi tornando campo de camuflagem e um terreno
minado para vários interesses a gosto e sob promoção barata…em final de feira!
De facto, os vendedores de material contrafeito, perante estes fazedores de
ecologismo/populista, quase parecem fiscais em rusga avisada.
= Temos
de assumir: não há populismo um bom e outro que pode ser mau, sobretudo, se
fizerem de tal distinção um campo preconceituoso ou, pelo menos,
mal-intencionado. É digno da maior repulsa que pretendam impingir que o
populismo é de direita, quando vemos o de esquerda a ser tanto ou mais
repugnante do que aquele que catalogaram com a conivência de forças que de
democráticas têm pouco, agora e no passado recente. O regime da Venezuela e da
Correia do Norte não é populista? Ou será que só o do Brasil e dos EUA é que
merecem tão qualificação?
Populismo
(de direita ou de esquerda), não, obrigado! Não será que o populismo em
Portugal está no poder?
António Sílvio Couto
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