Volta e
meia lemos, ouvimos ou vemos que um grupo de idosos foi fazer uma nova
‘experiência’ de aprendizagem…de hóquei em campo, de dança, de música, de
teatro…indo ao encontro das suas memórias, recordando tempos passados…explorando
novos campos em imitação dos mais novos…
Certamente
que é importante e fundamental que os mais velhos – custa a ver que se
substitua a palavra ‘velho/a’ por outra pretensamente similar – estejam
ocupados em atividades que os satisfaçam e não que os possam como que ridicularizar.
Isso cabe à programação de gerontologia…educativa, social, psicológica… nos
‘determinantes genético-biológicos e socioculturais’.
Tentemos
encontrar uma básica referência aos termos que podem envolver os mais velhos.
Diz-se na wikipédia quando se fala das diversas vertentes do envelhecimento e
da gerontologia: O envelhecimento representa a dinâmica de
passagem do tempo e a velhice inclui como a sociedade define as pessoas idosas.
A biologia do envelhecimento estuda o impacto da passagem do tempo nos
processos fisiológicos ao longo do curso de vida e na velhice. A psicologia do
envelhecimento, por sua vez, se concentra nos aspectos cognitivos, afetivos e
emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com ênfase no processo de
desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em períodos específicos do ciclo
de vida e concentra-se nas circunstâncias sócio-culturais que afetam o
envelhecimento e as pessoas idosas.
= Estamos
a falar de ‘velho/a’, mas, desde quando, é que uma pessoa entra nesta fase ou
estádio de vida? Haverá um marco fixo ou andaremos ainda à procura de uma data mais
ideal? Com a evolução da média de idade em termos de falecimento, ser velho em
que idade se situa?
Poder-se-á
considerar que ‘velho/a’ se pode enquadrar por volta do sessenta e cinco anos –
numa aproximação à dita ‘idade da reforma’ (se esta aumentar, aumentará a
outra?) – tendo, no entanto, em conta a condições de vida de cada sociedade, país
ou mesmo cultura…
Segundo
dados publicados recentemente, em Portugal, por cada 100 jovens há 153 velhos.
Se atendermos a dados anteriores poderemos ver que em 1960 havia 27 velhos por
cada cem jovens… o que nos dá a noção bem clara do envelhecimento progressivo
da nosso país, prevendo-se ainda que, em 2050, quase metade da população
portuguesa tenham mais de cinquenta e cinco anos.
=
Perante este rápido e (quase) superficial diagnóstico que vemos ser
implementado para os mais velhos? Por vezes vem-nos à lembrança o recurso aos
lares – agora pomposamente designados de ‘estrutura residencial para idosos’ – atendendo
a que as famílias não conseguem nem têm meios para cuidar dos seus mais velhos,
sejam pais ou outros: desde os mais simples e baratos – o que não quer
significar desleixados ou sujos – até aos mais elaborados e com taxas
exorbitantes, vemos de tudo num mercado onde o estado/governo não investe,
embora vá subsidiando, apoiando ou mais ou menos ajudando… Bastaria aqui trazer
à colação o que o estado/governo gasta com cada preso: cerca de cinquenta euros
por dia, enquanto dispõe de pouco mais de dez euros diários de comparticipação
para os lares devidamente certificados, acompanhados e visitados (fiscalizados)
pela segurança social…
Iniciativas
como a ‘universidade sénior’, atividades de ocupação do tempo (onde se podem
incluir, de forma organizada, os centros de dias), locais de encontro e de
convívio…umas vezes organizadas por associações e entidades ligadas à área,
noutras vezes assumindo as autarquias esse papel, sobretudo em maré de eleições
ou como atividades de promoção de quase entretenimento com segundo sentido.
Há, no
entanto, situações que seriam dispensáveis, quando usam os mais velhos – em
especial por ocasião de festividades como o natal ou o carnaval – em algo que
não os dignifica, antes como que os ridiculariza. Não gosto de ver mais velhos
a fazerem figuras tristes, vestidos com roupas que os infantilizam ou pior os
fazem algo de chacota local ou mais alargadas, pois algumas dessas atividades
não há quase pejo de divulgar pelo buraco da fechadura em que se tornaram
certas (ditas) redes sociais… Sinceramente: não gostava de ver o meu pai ou a
minha mãe a fazerem certos papéis, que considero menos dignos de pessoas com
história de vida e de dignidade a preservar… Aprender a ser velho/a e a lidar
com eles, precisa-se!
António Sílvio Couto
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