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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Aprendizagens (normais ou bizarras) para idosos


Volta e meia lemos, ouvimos ou vemos que um grupo de idosos foi fazer uma nova ‘experiência’ de aprendizagem…de hóquei em campo, de dança, de música, de teatro…indo ao encontro das suas memórias, recordando tempos passados…explorando novos campos em imitação dos mais novos…
Certamente que é importante e fundamental que os mais velhos – custa a ver que se substitua a palavra ‘velho/a’ por outra pretensamente similar – estejam ocupados em atividades que os satisfaçam e não que os possam como que ridicularizar. Isso cabe à programação de gerontologia…educativa, social, psicológica… nos ‘determinantes genético-biológicos e socioculturais’.
Tentemos encontrar uma básica referência aos termos que podem envolver os mais velhos. Diz-se na wikipédia quando se fala das diversas vertentes do envelhecimento e da gerontologia: O envelhecimento representa a dinâmica de passagem do tempo e a velhice inclui como a sociedade define as pessoas idosas. A biologia do envelhecimento estuda o impacto da passagem do tempo nos processos fisiológicos ao longo do curso de vida e na velhice. A psicologia do envelhecimento, por sua vez, se concentra nos aspectos cognitivos, afetivos e emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com ênfase no processo de desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em períodos específicos do ciclo de vida e concentra-se nas circunstâncias sócio-culturais que afetam o envelhecimento e as pessoas idosas. 
= Estamos a falar de ‘velho/a’, mas, desde quando, é que uma pessoa entra nesta fase ou estádio de vida? Haverá um marco fixo ou andaremos ainda à procura de uma data mais ideal? Com a evolução da média de idade em termos de falecimento, ser velho em que idade se situa?
Poder-se-á considerar que ‘velho/a’ se pode enquadrar por volta do sessenta e cinco anos – numa aproximação à dita ‘idade da reforma’ (se esta aumentar, aumentará a outra?) – tendo, no entanto, em conta a condições de vida de cada sociedade, país ou mesmo cultura…
Segundo dados publicados recentemente, em Portugal, por cada 100 jovens há 153 velhos. Se atendermos a dados anteriores poderemos ver que em 1960 havia 27 velhos por cada cem jovens… o que nos dá a noção bem clara do envelhecimento progressivo da nosso país, prevendo-se ainda que, em 2050, quase metade da população portuguesa tenham mais de cinquenta e cinco anos. 
= Perante este rápido e (quase) superficial diagnóstico que vemos ser implementado para os mais velhos? Por vezes vem-nos à lembrança o recurso aos lares – agora pomposamente designados de ‘estrutura residencial para idosos’ – atendendo a que as famílias não conseguem nem têm meios para cuidar dos seus mais velhos, sejam pais ou outros: desde os mais simples e baratos – o que não quer significar desleixados ou sujos – até aos mais elaborados e com taxas exorbitantes, vemos de tudo num mercado onde o estado/governo não investe, embora vá subsidiando, apoiando ou mais ou menos ajudando… Bastaria aqui trazer à colação o que o estado/governo gasta com cada preso: cerca de cinquenta euros por dia, enquanto dispõe de pouco mais de dez euros diários de comparticipação para os lares devidamente certificados, acompanhados e visitados (fiscalizados) pela segurança social…
Iniciativas como a ‘universidade sénior’, atividades de ocupação do tempo (onde se podem incluir, de forma organizada, os centros de dias), locais de encontro e de convívio…umas vezes organizadas por associações e entidades ligadas à área, noutras vezes assumindo as autarquias esse papel, sobretudo em maré de eleições ou como atividades de promoção de quase entretenimento com segundo sentido.
Há, no entanto, situações que seriam dispensáveis, quando usam os mais velhos – em especial por ocasião de festividades como o natal ou o carnaval – em algo que não os dignifica, antes como que os ridiculariza. Não gosto de ver mais velhos a fazerem figuras tristes, vestidos com roupas que os infantilizam ou pior os fazem algo de chacota local ou mais alargadas, pois algumas dessas atividades não há quase pejo de divulgar pelo buraco da fechadura em que se tornaram certas (ditas) redes sociais… Sinceramente: não gostava de ver o meu pai ou a minha mãe a fazerem certos papéis, que considero menos dignos de pessoas com história de vida e de dignidade a preservar… Aprender a ser velho/a e a lidar com eles, precisa-se!               

António Sílvio Couto

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