A tendência em menorizar a iniciativa privada por
contraste com a capacidade de distribuição de regalias pelo Estado tem vindo a
acentuar-se, tanto na mentalidade como no comportamento de uma boa parte dos governantes
– e afins – no nosso país.
Disso mesmo podemos dar conta ao consultar o
programa do XXII governo constitucional, desde logo o mais longo em gente, o
mais lesto em partidarite e possivelmente o mais lento em decisões credíveis e
aceitáveis para todos e não somente para a fatia do funcionalismo estatal.
Vejamos
alguns dos enunciados do programa de governo (extraído da introdução do texto
publicado):
* Desafios estratégicos: combater as alterações climáticas; responder ao desafio demográfico; construir a sociedade digital; reduzir as desigualdades.
* Regas de boa governação: contas certas para a convergência com a União Europeia; melhorar a qualidade da democracia; investir na qualidade dos serviços públicos; valorizar as funções de soberania.
Se atendermos ao sumário do dito programa pouco ou nada faz olhar com a devida atenção para o papel da iniciativa privada, antes pelo contrário, se exclui qualquer privatização e se acentua ‘nacionalização’ de tudo quanto possa acontecer, como por exemplo na área da saúde.
É notório o papel do Estado-patrão, onde quem não estiver tutelado por ele ou atrelado a ele não consegue atingir os fins de uma sociedade marcada pelo ferrete anti-privado.
* Desafios estratégicos: combater as alterações climáticas; responder ao desafio demográfico; construir a sociedade digital; reduzir as desigualdades.
* Regas de boa governação: contas certas para a convergência com a União Europeia; melhorar a qualidade da democracia; investir na qualidade dos serviços públicos; valorizar as funções de soberania.
Se atendermos ao sumário do dito programa pouco ou nada faz olhar com a devida atenção para o papel da iniciativa privada, antes pelo contrário, se exclui qualquer privatização e se acentua ‘nacionalização’ de tudo quanto possa acontecer, como por exemplo na área da saúde.
É notório o papel do Estado-patrão, onde quem não estiver tutelado por ele ou atrelado a ele não consegue atingir os fins de uma sociedade marcada pelo ferrete anti-privado.
Será que as conquistas tão altissonantes de
‘recuperação dos rendimentos e da confiança da economia e do emprego’ se
fizeram só à custa das contas certas e não de alguma austeridade suportada por
impostos nem sempre claros e justos? Será que o autoapelidado ‘ciclo de
consolidação da recuperação da economia’ se fez (ou não fará) pela habilidade
dos governantes ou não foi, sobretudo, fruto da conjuntura internacional
favorável? Não será que o almejado ‘ciclo de sustentabilidade a longo prazo’
não estará em causa, quando se descobrir que a distribuição de proventos e de benesses
foi enganadora e iludiu o povo mais do que o educou para a verdade daquilo que
são as nossas frágeis possibilidades?
= Certamente que já todos nos questionamos onde vai
buscar – o termo tem alguma conotação com a caça – o governo fonte de financiamento
para ter proventos capazes para as obras públicas, as diversas áreas de
intervenção do Estado, para salários, ordenados e pensões e até para, desde
quando em vez, dar uns trocos de garantia aos seus servidores, que são os mais
de oitocentos mil funcionários públicos. Claramente a resposta é: aos impostos,
lançados, cobrados ou exigidos às pessoas e empresas. Como estas são entidades
privadas e não podem fugir ao fisco, sob o risco de serem multadas, penhoradas
ou fechadas, vemos que a grande fonte de receita do Estado-patrão está situada
naquilo que o governo – e as ditas forças de esquerda – não aprecia, não ajuda
e muito menos considera parceiro do desenvolvimento social, económico ou
empresarial.
Não podemos esquecer ainda as subvenções da UE como
fonte de muitos dos fundos governamentais…
A queda do desemprego – referido no documento do
governo como tendo atingido mais de 350 mil novos empregos – à fasquia mais
baixa do tempo da (apelidada) democracia…é título de glorificação. Até a subida
do ‘ordenado mínimo’ foi arte e obra do governo passado e vai continuar,
galopantemente, neste.
Há questões que, por serem da área da iniciativa
privada, não são tocadas nem ao de leve. Poderão todas as empresas – ditas
pequenas, médias ou da economia social – suportar tais subidas? Certas forças
ditas ‘patrióticas e de esquerda’ – tão defensoras das pequenas e médias
empresas – são das que propõem que o tal salário mínimo mais suba, não cuidando
se há ou não meios de o conseguir.
= Nenhum país cresceu, cresce ou crescerá sem uma
harmoniosa articulação entre o que compete ao Estado e a iniciativa privada. O
mal, neste momento, no nosso país, é a acentuada reversão em considerar a
iniciativa privada, com o conjunto dos partidos em maioria, para que o Estado
seja dono e senhor de toda capacidade de promoção, de apoio e o menos possível
de subsidiação. Para alguns que sempre viveram sob a proteção do Estado não
lhes faz confusão o que acontece, mas quem teve de se fazer por si, custa
ver-se relegado para plano secundário, particularmente se não se quer viver de
sopas alheias…
António Sílvio Couto
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