Durante
oito dias – de 19 a 26 de setembro – vimos um número significativo de taxistas
em reivindicação, sobretudo, nas ruas de Lisboa, Porto e Faro. Diziam que o
objetivo era lutar contra as plataformas eletrónicas de transporte de
passageiros, cuja lei, a entrar em vigor no início de novembro, prejudicará os
taxistas…
Depois
duma semana de paralisação, os responsáveis das associações do setor do táxi
deixaram-se convencer com a promessa dum partido político – por sinal o
principal que suporta o governo da geringonça – de que as câmaras municipais
vão estabelecer quotas de prestação de serviço para os tais concorrentes do
lóbi taxista… ‘apaziguando’ os contestatários com uma mão vazia de nada e um
programa de coisa nenhuma.
Um tanto
à guisa de avaliação deste mias recente protesto dos taxistas perguntamos:
- Para
atingir estes resultados era preciso montar o circo que exibiram nas ruas e
avenidas das principais cidades?
- Isso (isto
é, o resultado obtido) não era negociável dentro de portas e foi preciso trazer
para a praça pública a refrega de outras batalhas?
- Se
queriam dar visibilidade e ostentar propaganda para com quem os tem enganado –
diziam durante o protesto, mas não sei se o confirmaram no final – não teria
sido melhor arranjar outra forma de estender o tapete às câmaras da cor do
governo e quejandos?
= Certas
declarações dos dirigentes das associações de taxistas pareciam mais encomendadas
em época de campanha eleitoral, pois, iam deixando transparecer que estes
protestos não passaram dum estrebuchar de quem ainda não se apercebeu que a
manipulação não convence o tempo todo e tão pouco todos ao mesmo tempo. De
facto, o setor do táxi move-se entre um certo conservadorismo de clientelas e
uma inadaptação às novas tecnologias.
- Não
vimos nem ouvimos – e foi pena – reivindicar melhor formação e educação para os
prestadores de serviço no setor do táxi.
- Não
vimos nem ouvimos – e é lamentável agora e para o futuro – os taxistas quererem
nivelar-se pela limpeza dos veículos, pelo civismo dos serviços e pela
verdadeira honestidade para com os clientes/fregueses.
- Não
vimos, não ouvimos nem conseguimos compreender que o setor do táxi tenha vindo
reclamar maior capacidade de boa prestação do seu serviço pago em comparação
com a (pretensa) qualidade dos seus oponentes…
= Como
referia alguém (bem cotado na arte de bem-pensar) será sempre de questionar
quem teme a concorrência, pois pode estar a esconder algo de menos bom, pois,
se fosse melhor, não temeria entrar em competição. Neste aspeto a luta dos
taxistas deixou algo a desejar, na medida em que uma parte significativa dos
reclamantes não tem sabido apetrechar-se das melhores ferramentas para que
possa haver um serviço público de transporte de qualidade, tanto na prestação
como na avaliação.
Já não
basta o monopólio do passado, é preciso continuar a saber estar na praça com
bons e os melhores serviços…sobretudo humanos, pois a frota de carros tem
melhorado, mas só por fora!
António
Sílvio Couto
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