Dizem os
dados que vão sendo publicitados que o tabaco – isto é, o imposto a que está
submetido – rende 3,3 milhões de euros por dia ao estado… o que, nos primeiros
oitos meses deste ano, fez-lhe auferir quase oitocentos milhões de euros.
Talvez estes números ajudem a perceber o recurso aos furtos de tabaco em muitos
dos assaltos.
Por seu
turno, os impostos sobre os combustíveis (ISP, IVA e outros) têm em cada litro
a proporção de quase dois terços do valor pago pelos clientes – 63% na gasolina
e 56% no gasóleo. Segundo dados disponíveis o preço médio dos combustíveis à
saída da refinaria é de um quarto do preço final… Vemos, assim, que, quem nos
governa, recebe choruda maquia por ocasião de cada abastecimento de combustível
rodoviário.
Embora o
tabaco possa ser opcional, o uso dos combustíveis é quase universal, daí resultarem
custos acrescidos para muitas das transações entre pessoas, empresas e
serviços.
Se bem
que o tabaco tenha repercussão direta na saúde, a questão dos combustíveis pode
e deve – podia e/ou devia! – ser mais democrática, isto é, deveria haver – como
chegou a ser prometido – uma oscilação no preço final em razão do custo do
petróleo. Ora, isso tem sido quase sempre ignorado por parte de quem governa,
pois manter os impostos sempre dará para auferir uma almofada orçamental,
sobretudo quando se pode ‘vender’ regalias à custa do sacrifício de quem
precisa de se deslocar ou de quem faz da estrada, com o consumo de combustíveis,
o seu espaço de trabalho…
Atendendo
a que há fatores da vida económica que podem condicionar o desenvolvimento da
vida social, poderemos considerar que usar certos serviços essenciais – tendo
em conta os vetores primários – como fonte de incremento para impor impostos, diretos
ou indiretos, quase nos aparece como exploração e enriquecimento ilícito do
estado sobre as pessoas, as famílias e as instituições. Efetivamente os preços
das energias e dos fatores de produção, que muitas delas proporcionam, não
deviam tornar-se reféns dos interesses de quem governa e tão pouco dos lóbis
que lhes estão associados… Na linha dos princípios (ditos) democráticos, será
abuso de poder e favorecimento da confiança que os prestadores dos serviços – e
por mais excelência o estado – usem os meios de que dispõem, nalguns casos sob
a forma de exclusividade, para subjugarem os que compram tais serviços, usando,
normalmente, a precedência de conhecimentos em seu favor…
Cada vez
mais vemos crescer a manipulação dos números para iludir o povo de que estamos
no caminho da prosperidade. Foi assim que, anteriormente, nos levaram ao
terceiro resgate das forças económicas internacionais, em 2011, e, por muito
que digam o contrário, não acredito no sucesso das contas públicas e muito
menos de que, no futuro, nada será como já foi antes.
Não
gosto que nos queiram fazer de papalvos, iludindo as incompetências com
simulações mais ou menos artísticas e com a cobertura de forças que não sabem
fazer outra coisa do que viverem dependuradas nas protuberâncias estatais…até
que nestas já não haja nada que se possa espremer.
Sou
avesso ao estaticismo da economia. Defendo o direito inquestionável da
iniciativa privada. Acredito que os particulares têm maior capacidade do que o manifesto
imobilismo estatal. Aqueles geram riqueza, estes gerem o que os outros
produzem…
A
doutrina social cristã é uma das melhores formas de conduzir, de reprogramar e
de reformar tantas das geringonças economicistas…ontem como hoje. Talvez a
ignorância sobre a doutrina da Igreja para as questões sociais possa explicar
que uns tantos (ditos ou apelidados) cristãos se enfeudem em sistemas
marxistas-trotskistas sem resposta ao bem comum, mas antes promotores de
novos-ricos…os que comandam os sindicatos e agremiações afins.
O tabaco
e os combustíveis são duas meras peças dum xadrez social, por agora. Outros
tentáculos surgirão para dar visibilidade e ganhos a quem disso se quiser
aproveitar!
António
Sílvio Couto
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