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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Distribuindo o livrinho…

 


Teve algum sinal de revivalismo vermos um candidato às eleições presidenciais andar a distribuir livrinhos – tão pequenos e de bolso, quanto desejável de larga mensagem e talvez de expansão – nas sessões de propaganda… De cartilha/catecismo alçado para não deixar fugir tanto daquilo que escapa ao mínimo denominador comum.

Quem não se lembrará de idêntica atitude de outros ‘educadores’ do povo: Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Fidel Castro, Hugo Chavez… catequizadores de um livro só…por acaso todos mentores de ideologia ou de ‘religião’ social uniformizada.

O ‘nosso’ mentor/educador/ideólogo distribuía exemplares da Constituição da República Portuguesa, não se sabendo qual a versão, se a inicial de 1976 – ultra-ideologizada – se alguma das outras oito revisões ‘corrigidas’, simplificadas ou mais limpas do teor dialeto-marxista…que quem o apoia nunca aprovou!

Quem terá já lido – sem ser para prestar provas ou por necessidade de consulta ocasional – toda a dita Constituição? Nela podemos ver, encontrar e compreender diversas camadas de mentalização coletivista, que nela desejaram verter os mais ‘avançados’ projetos…porque se adiantaram aos menos politizados. Por isso, vir de Constituição em punho como que me soa a um novo processo revolucionário em curso recauchutado. Para esse peditório já demos há muito tempo…

= No contexto europeu e até do mundo ocidental o caso português é de digno de ser estudado. O que explica um certo recrudescimento de teorias marxistas – e até trotskistas – na nossa sociedade? Quando, em tantos países, as fações dialético-marxistas hibernaram, por cá pareceram reflorescer dumas cinzas alimentadas com luta e ignorância? Em certas culturas emergiram tentáculos com nova tonalidade, por cá renasceram conjunturas que fizeram questionar – na minha leitura e/ou confusão – alguma da nossa sanidade política. Não haverá, entre nós, uma certa sobranceria de algumas forças que gostam de ganhar na rua o que não conseguem nos votos? Repare-se nos resultados das eleições autárquicas – há casos de vitórias com maioria, onde não se pronunciou sequer um terço dos inscritos. Legitimidade têm, mas credibilidade apresentarão? Com tantas autarquias-empresa, não se verifica uma ditadura de quem prende os trabalhadores pela boca, isto é, porque te pago, votas em mim ou podes perder o emprego? A quem interessa manter este ‘status quo’, de reinar sobre as condicionantes dos mais frágeis da sociedade? Não seria preferível dar ferramentas para as pessoas pensarem e decidirem por si mesmas do que ‘obrigá-las’ a estarem caladas por medo de serem elas mesmas à custa da grandeza de uns tantos manipuladores (ditos) democratas? O melhor democracia não escolherem o que nós queremos, mas saber decidir pelo que é mais importante para todos… Muito pior do que os democratas de papel são os democratas de cordel!

 = Para quem já fez a cobertura de alguma campanha e de eleições presidenciais – fi-lo em 1986 entre Mário Soares e Freitas do Amaral…na maior crispação jamais verificada em Portugal – o tipo de refrega destes dias soa a quase-brincadeira de jardim-de-infância em maré de fim-de-ano…pois as ofensas só atingem quem delas se deixa melindrar e os ataques, na maior parte das vezes, servem para encobrir a falta de ideias e, sobretudo, os argumentos de quem, mais do que ganhar, deseja não-perder…por muitos.

Desgraçado país e tão enferma nação, que se deixa cativar por quão maus concorrentes e, particularmente, por representantes de baixa índole e mais infetada proposição para o nosso futuro.

- Não será de livrinho em punho que criaremos riqueza nem sequer competição, pois quem se cristalizou naquela fase da Constituição pouco terá a dar, hoje.

- Não será de livrinho em destaque que iremos convencer quem quer que seja para vir investir num país onde quem deseja ser empresário é combatido por forças que só desfazem e destroem…a iniciativa privada.

- Não será de livrinho em consulta que iremos fascinar os minimamente ousados em criar emprego, pois se podem tornar, na curva seguinte, inimigos da ‘classe trabalhadora’…    

    

António Sílvio Couto

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