Teve algum sinal de revivalismo vermos um candidato às eleições presidenciais andar a distribuir livrinhos – tão pequenos e de bolso, quanto desejável de larga mensagem e talvez de expansão – nas sessões de propaganda… De cartilha/catecismo alçado para não deixar fugir tanto daquilo que escapa ao mínimo denominador comum.
Quem não se lembrará de
idêntica atitude de outros ‘educadores’ do povo: Mao Tsé-Tung, Che Guevara,
Fidel Castro, Hugo Chavez… catequizadores de um livro só…por acaso todos mentores
de ideologia ou de ‘religião’ social uniformizada.
O ‘nosso’
mentor/educador/ideólogo distribuía exemplares da Constituição da República Portuguesa,
não se sabendo qual a versão, se a inicial de 1976 – ultra-ideologizada – se
alguma das outras oito revisões ‘corrigidas’, simplificadas ou mais limpas do
teor dialeto-marxista…que quem o apoia nunca aprovou!
Quem terá já lido – sem ser
para prestar provas ou por necessidade de consulta ocasional – toda a dita
Constituição? Nela podemos ver, encontrar e compreender diversas camadas de
mentalização coletivista, que nela desejaram verter os mais ‘avançados’
projetos…porque se adiantaram aos menos politizados. Por isso, vir de
Constituição em punho como que me soa a um novo processo revolucionário em
curso recauchutado. Para esse peditório já demos há muito tempo…
= No contexto europeu e até do mundo ocidental o caso português é de digno de ser estudado. O que explica um certo recrudescimento de teorias marxistas – e até trotskistas – na nossa sociedade? Quando, em tantos países, as fações dialético-marxistas hibernaram, por cá pareceram reflorescer dumas cinzas alimentadas com luta e ignorância? Em certas culturas emergiram tentáculos com nova tonalidade, por cá renasceram conjunturas que fizeram questionar – na minha leitura e/ou confusão – alguma da nossa sanidade política. Não haverá, entre nós, uma certa sobranceria de algumas forças que gostam de ganhar na rua o que não conseguem nos votos? Repare-se nos resultados das eleições autárquicas – há casos de vitórias com maioria, onde não se pronunciou sequer um terço dos inscritos. Legitimidade têm, mas credibilidade apresentarão? Com tantas autarquias-empresa, não se verifica uma ditadura de quem prende os trabalhadores pela boca, isto é, porque te pago, votas em mim ou podes perder o emprego? A quem interessa manter este ‘status quo’, de reinar sobre as condicionantes dos mais frágeis da sociedade? Não seria preferível dar ferramentas para as pessoas pensarem e decidirem por si mesmas do que ‘obrigá-las’ a estarem caladas por medo de serem elas mesmas à custa da grandeza de uns tantos manipuladores (ditos) democratas? O melhor democracia não escolherem o que nós queremos, mas saber decidir pelo que é mais importante para todos… Muito pior do que os democratas de papel são os democratas de cordel!
Desgraçado país e tão enferma
nação, que se deixa cativar por quão maus concorrentes e, particularmente, por
representantes de baixa índole e mais infetada proposição para o nosso futuro.
- Não será de livrinho em punho
que criaremos riqueza nem sequer competição, pois quem se cristalizou naquela
fase da Constituição pouco terá a dar, hoje.
- Não será de livrinho em
destaque que iremos convencer quem quer que seja para vir investir num país
onde quem deseja ser empresário é combatido por forças que só desfazem e
destroem…a iniciativa privada.
- Não será de livrinho em
consulta que iremos fascinar os minimamente ousados em criar emprego, pois se
podem tornar, na curva seguinte, inimigos da ‘classe trabalhadora’…
António Sílvio Couto