Atendendo à singularidade desta pessoa e da função que viveu em santificação, ousamos transcrever excertos referidos naquele ato de caminho para a glorificação nos altares. Disse o prelado do ‘Opus Dei’: «Estou cada vez mais convicto do papel fundamental que esta mulher teve e terá na vida da Igreja e da sociedade. O Senhor chamou Dora del Hoyo a ocupar-se de tarefas semelhantes àquelas que foram cumpridas por Nossa Senhora na casa de Nazaré (...). O exemplo cristão desta mulher, com a sua fidelidade à vida cristã, contribuirá para manter vivo o ideal do espírito de serviço e para difundir na nossa sociedade a importância da família, autêntica Igreja doméstica, que ela soube encarnar com o seu trabalho diário, generoso e alegre».
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Num tempo ávido de figuras com protagonismo – real, empolado ou virtual;
credível, irónico ou ideal; sincero, possível ou fabricado – como que temos de
intuir nesta mulher que se santificou na ‘vida doméstica’ algo mais do que a
promoção de um elemento do ‘Opus Dei’, mas antes nos devemos situar diante duma
cristã com lições de vida normal, nas tarefas do dia a dia e sob a condição de
simplicidade sem artifícios ou armadilhas...
= Quando vemos que tanta gente se encavalita para aparecer, seja qual for o
palco ou mesmo o plano de difusão, torna-se urgente que se promova quem vive,
por opção de vida, na sombra, embora seja mais do que a imagem projetada ao
sabor dos interesses de ocasião!
= Quando vemos até certos purpurados – no contexto eclesial (civil ou
militar) e não só – fazerem alardo da discordância, em vez de serem promotores
da concórdia, tanto na vida de proximidade como no contexto nacional, consideramos
que exemplos de mulheres como esta são desafios à humildade sem rótulo nem
condecoração, agora ou no futuro!
= Quando vemos uns tantos indícios de assalto à família, empurrando as mães
para tarefas (ditas) importantes, mas um tanto descartáveis da sua feminilidade,
sentimos que esta mulher ‘a caminho dos
altares’ nos dá lições de cuidado aos outros sem protagonismo nem (talvez) não
usufruindo de uma remuneração correspondente à atenção aos que estavam à sua
volta!
- A santificação no nosso dia a dia, fazendo o trabalho que nos é dado realizar
e nas condições em que somos chamados a viver;
- Estar em atitude de serviço, fazendo das pequenas coisas, grandes
momentos de partilha e de edificação para com os outros;
- Dedicação ao trabalho – seja qual for a ‘categoria’ ou até a (pretensa) remuneração
– como meio de comparticipação na obra criadora de Deus, hoje;
- Viver o momento presente como etapa de maior crescimento humano,
espiritual e cultural.
Pelo muito que temos a aprender, queira esta venerável interceder por nós,
já!
António Sílvio
Couto