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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Quando ‘estar contra’ se torna favorável

 

Mais uma vez as eleições no Brasil revestem-se de algo a fazer refletir e não é pelos resultados ‘inesperados’, mas pela conjugação entre diversos componentes explicáveis: antes (pesquisas/sondagens), agora (resultados – Lula: 48 %; Bolsonaro: 43 %) e no futuro (próximo – a campanha; mais tarde – quem vencerá?).

Daquilo que se pode entender parece que, quando as forças estão contra, algo se adivinha de diferente, seja pelos votos expressos, seja pelas consequências sociais e políticas.

Não será que alguns votaram Bolsonaro porque não queriam Lula e que este já atingiu o máximo das preferências? Será, por isso, de incluir nas linhas de reflexão se estar contra não reverte em favor de quem será do mal-o-menos?

1. Dá a impressão que boa parte dos nossos jornaleiros (jornalista é mais isento e distante) – tanto lá como cá – estavam a ver nas eleições brasileiras como algo parecido com um jogo de futebol, onde as jogadas dos intervenientes eram aplaudidas não pelos golos marcados, mas pelo espetáculo oferecido… Em certos comentadeiros/as (comentador não usa tantos adjetivos nem se pronuncia só pelo gosto partidário) – tanto cá como por lá – via-se que estavam bastante mais interessados em ver sangue, senão real pelo menos nas palavras, do que em fazerem a interpretação dos dados já expressos. Por estas razões deixou-me algo apreensivo quanto às reações dos eleitores brasileiros votantes em Portugal: se eram do Lula porque não ficaram lá? Se eram do Bolsonaro como vão regressar, se o primeiro vencer?

2. As cores simbolicamente preferidas dos candidatos – Lula – vermelho; Bolsonaro – amarelo contêm linguagem ideológica, sensível e, nalguns casos, provocatória. Se quanto ao amarelo entendemos que está contido na bandeira do Brasil, o vermelho de Lula é, nitidamente, uma abordagem marxista das questões sociais e mesmo culturais. Pena é que tudo isto passe por entre os folclores de campanha e sob a alçada das manipulações ideológicas.

3. Acima de tudo o que considero preocupante são as inquietações de alguns setores da nossa sociedade (portuguesa) que, sem ter nada com o assunto, vibra e critica aquilo que os brasileiros – e outros, como os italianos ou os suecos – escolheram ou vão votar. Os espetadores de bancada – foi essa a referência supra feita à comparação com os jogos de futebol – por cá como que consideram a sua afinidade partidária para se vangloriarem pelos ‘seus’ ou por invetivarem os adversários. De facto, somos muito lerdos de capacidade de interpretar estes e outros episódios da vida nacional e internacional.

4. Em jeito de questionamento deixou algumas pistas que poderão ajudar-nos a sermos mais ponderados no pensar e no agir.

– As pesquisas (ou sondagens) não serão, hoje, a maior manipulação dos eleitores, sendo preciso votar ao contrário dos resultados para que apontam e para termos a verdade das escolhas?

– Não será preciso encontrar pessoas na comunicação social que sirvam a verdade e que não tentem intoxicar os que pretensamente informam?

– O futuro não nos dirá se esta forma de fazer política – marcada pelas ideologias marxistas, transversais e internacionalistas…saudosistas dos impérios soviéticos e afins – não tem os dias contados?

– Por que há tanto medo da fé cristã na política e de uma política com valores cristãos?

5. Se outros dizem o que pensam – será que pensam o que dizem? – não terei o direito de idêntica ousadia?

Numa palavra: nem Lula nem Bolsonaro… Felizmente não tenho de escolher (nem quero) nenhum deles!



António Sílvio Couto

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