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domingo, 21 de novembro de 2021

Proteção de menores

 

É hoje um assunto recorrente, embora seja afunilado para a vertente sexual, este tema da ‘proteção de menores’ ao que, comummente, acrescentam, ‘em risco’, sendo, nalguns casos especificadas as situações. Ora, de entre as mais referidas, há uma que tem sido reportada com maior insistência: ‘os abusos sexuais’, num sentido geral e mais reduzido (corre-se até o risco de ser redutor), ao longo do tempo, nas instâncias da Igreja Católica.
Dada complexidade do assunto tentaremos abordá-lo no sentido descritivo (social, jurídico ou ético) e, no que à Igreja católica se refere, com o recurso às posições oficiais e às incidências mais particulares.

1. CPCJ – comissão de proteção de crianças e jovens: finalidade e ação. Segundo as informações disponíveis, as ‘comissões de proteção de crianças e jovens’ são instituições oficiais não judiciárias com autonomia funcional que visam promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações suscetíveis de afetar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral (n.° 1 art.° 12.° da Lei n.° 147/99 de 1 de setembro). As sinalizações da CPCJ envolvem as seguintes situações de perigo: abandono; sob maus tratos físicos, psíquicos ou sexuais; sem cuidados ou afeição adequadas à sua idade; sob atividades ou trabalhos inadequados à sua idade. As sinalizações de perigos podem ser feitas pessoalmente, por escrito ou pelo telefone... O anonimato, segundo as circunstâncias, também vale, muito!

2. Se tivermos em conta alguns dados sociopolíticos corremos o risco de que as crianças e/ou jovens com dificuldades, podem com facilidade ser ‘nacionalizados’, isto é, o pai-Estado apropria-se daqueles que, estando mais ou menos fragilizados, ele assume na gestão das situações. Dizem alguns ‘entendidos’ na matéria que o Estado gasta, por cada criança ou jovem que assume para resolver os problemas à sua maneira, o encargo de mais de mil euros por pessoa, quando paga uns míseros euros de abono de família – no Orçamento de Estado previsto para 2022 era de cinquenta euros/mês, em média… Esta é a justiça social em vigor! Efetivamente a família vale menos do que a aposta nos empregos das instituições… de regeneração!

3. Comissão pontifícia para tutela de menores. Por indicação do Papa Francisco, desde março de 2014, foi estabelecida esta comissão para lidar com o escândalo de abuso sexual de menores, procurando proteger crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja. Tem sido uma autêntica ‘bola de neve’ todo este processo no seio da Igreja católica, com posições firmes e atentas a tudo quanto pode ter sido inadequado, senão mesmo imperdoável, nesta matéria. As diversas dioceses portuguesas puseram em marcha a forma de agilizar esta verificação dos factos, de permitir encontrar os prevaricadores – tenham o estatuto que possam apresentar – e de dar voz às vítimas…tantas vezes ignoradas, silenciadas ou negligenciadas…Tudo isto está em funções, nas vinte e uma dioceses, desde junho de 2020…com técnicos, peritos e especialistas sobre as diversas matérias englobadas neste tema dos abusos sexuais a menores e pessoas fragilizadas.

4. Petição dos ‘241’: ousadia ou provocação? Nas vésperas da mais recente reunião da Conferência Episcopal Portuguesa (meados de novembro), um grupo de 241 personalidades fizeram chegar àquele órgão dos bispos portugueses uma carta-petição para que fosse constituída uma ‘comissão independente’ sobre a matéria, quase fazendo tábua-rasa do já implementado, desde que se possa dizer o que interessa…sabe-se lá a que custo e com que consequências. A CEP foi lesta em dar carta-branca aos peticionários, como que desautorizando as ‘suas’ comissões diocesanas. A CEP ‘democratizou’ facilmente o assunto, permitindo que se possa valorizar mais o abstrato e menos o concreto, isto é, o que possa ser ouvido ao longe (ou ao largo) poderá não precisar de ter o aval daquilo que está mais próximo… Que não haja medo da verdade…correta!

5. Quem defende quem ou quem acusa do quê? Fique claro: as vítimas – de abuso ou de acusação – devem ter a prioridade. De facto, não podemos cometer injustiças com pressas justiceiras. Não podemos ser justos e retos se cometermos ofensas à verdade e à caridade. Que estejamos todos centrados no essencial: as pessoas.

António Sílvio Couto

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