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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Preconceitos darão votos?

 
Por estes dias – e desde há cerca de um mês – fomos confrontados com uma tendência de boa parte da comunicação social em ‘vender’ – diria antes impingir sob manipulação acintosa – um certo modelo de presença na vida política. Os ‘astros’ alinharam-se com ‘naturalidade’ para que tal se pudesse concretizar. Vimos forças quase antagónicas a exaltarem a nova proposta. Horas e horas foram gastas a esmiuçar os benefícios pretendidos. Até as ‘cúpulas’ embarcaram no engodo… Só que o povo – esse de quem se servem para tentar legitimar as decisões de gabinete – foi noutra linha e poucos (quase ninguém) saíram a ler o que aconteceu nessa resposta simples, clara e sensata sobre o modo de estar nestas coisas da vida pública (política)…sem que as questões ético-morais não façam parte da análise, da avaliação e da decisão.

1. Fique claro: sou daqueles que ainda acreditam que ‘Deus escreve direito por linhas tortas’, isto é, aquilo que poderia ser considerado menos bom ou até negativo pode ter outra interpretação, assim o consigamos ver e discernir. Há acontecimentos que podem ser sinais de algo mais do que aquilo que vemos em primeiro plano. Com efeito, precisamos de ultrapassar alguma da banalidade do imediatismo para descobrirmos algo mais profundo ou mais alto, isto é, temos de saber mergulhar nas raízes e de levantar os olhos do chão.

2. Nota-se que muitos dos agentes d
a comunicação social – nos diversos aspetos, tendências ou configurações – querem ter uma agenda à sua maneira, onde certas questões sejam apresentadas, vistas e lidas com os seus clichés…muitos deles preconceituosos e não-independentes. Por vezes afirmam de forma peremptória que não se deve trazer para a vida pública questões do foro privado, mas quando assuntos deste espaço interessam como temática para a sua agenda, não têm pejo de o fazer, mesmo que se possa fulanizar o problema… A transversalidade da ‘ideologia de género’ é disso um sinal mais do que evidente!

3. Confunde-me que se use o ‘povo’ – entidade ou figuração, personalidade corporativa ou mito mais ou menos idealizado – como sujeito de ação e se destrate o mesmo, quando parece não seguir aquilo que gostaríamos que nos favorece-se. Fique claro: o povo é soberano em todas as questões, mesmo que possa estar sob manipulação e que quase sempre fala, embora não lhe compreendamos, logo, as lições. Há momentos – sobretudo de crise – em que se nota quase uma simbologia da ‘voz divina’, quando o povo nos adverte, avisa e dá sinais para onde seguir…

4. Custa-me a crer que ainda não se tenha percebido essa espécie de plano subterrâneo onde certas forças mais do que construírem a sociedade na base da verdade preferem congeminar processos alicerçados nalguma ‘fidelidade’ a princípios obscuros, muitos deles que percorrem os partidos e associações na sua diversidade e, teoricamente, em complementaridade. Quantas vezes invocam a ‘ética republicana’ para terem cobertura das suas ideias. Quantas vezes temas como ‘a vida e a sua defesa’ têm mais detratores do que defensores. Quantas vezes os argumentos apresentados em debates – públicos/políticos, televisionados/nas redes sociais – se nota que há um devocionário por onde se guiam os intervenientes. Em que loja (ou armazém) recebem tal instrução? Com que instrumentos e truques serão educados?

5. Por último exprimo com tristeza uma constatação…com alguns factos: quando vejo cristãos mais empenhados em defenderem as ideias de tais ‘escolas’ do que a pronunciarem-se a partir da doutrina católica – no Catecismo em vigor ou nas intervenções do magistério – sinto-me confuso, baralhado e quase revoltado. A quem interessa apresentar como católicas figuras que ‘enfeitam’ também intervenções de partidos ‘que maquinam contra a Igreja’, nessa expressão consagrada e não substituída? Por que teremos de tolerar figurões, que defendem, mesmo no parlamento, mais temas fraturantes anti-vida do que a ética cristã?
Em breve seremos chamados a votar. Será útil e necessário ter memória e teremos de agir em conformidade… refutando, visceralmente, as propostas de certos trogloditas de serviço…e tão efabulados pelas sondagens.

António Sílvio Couto

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