Num
método quase rotineiro vamos tentando fazer uma espécie de ‘reset’ das coisas
da pandemia – desde meados de fevereiro de 2020 até à data em avaliação –
recorrendo a vários itens: vítimas (contagiados, recuperados ou falecidos),
passando pelas possíveis soluções (regras sanitárias, testagem, vacinação ou
imunidade) e interpretando os diversos aspetos…mais ou menos percetíveis.
Se, na
maioria das situações, boa parte da população cumpre as regras, noutros casos
vemos emergirem abusos e quase atentados à saúde pública…colocando muitas
dúvidas sobre a pretensa normalidade.
1. Depois da confusão generalizada instalada
na sociedade sobre o ‘sars-cov-2’ vimos emergirem um tanto rapidamente projetos
de vacinas: BioNtech.Pfizer, Moderna, Oxford.Astrazeneca, Janssen/Johnson&Johnson,
Novavax, SputniK V… as mais divulgadas e usadas, com as três primeiras na
dianteira na sua administração ao nível mundial, europeu e português. Até final
de fevereiro deste ano havia um total de 69 vacinas, entre as que estão já em
utilização e as que se encontram em ensaios clínicos. É nítido o esforço para
combater esta pandemia, dado que ainda não sabemos bem como e onde começou, tão
pouco vislumbramos a total irradicação, se tal poder acontecer!
2. A população já vacinada tem
vindo a decrescer, isto é, começou pelos mais velhos – dizem que os mais
vulneráveis à contaminação – e vai descendo em idade e – assim o desejamos – em
eficiência naquilo que alguns apelidam de imunidade (ou bolha) de grupo. Neste
sentido foram-se verificando situações de alguma irresponsabilidade por parte
de grupos etários mais baixos, criando-se, deste modo, algo suscetível de não
ser corretamente controlada a disseminação do vírus…
3. Desde meados de maio deste ano fomos
verificando momentos coletivos de menor atenção aos cuidados primários para a
não-difusão do vírus: por sinal ligados ao fenómeno do futebol, na capital, na
região norte do país e também no Algarve. De todos o mais bizarro foi o que
envolveu pessoas vindas do estrangeiro: sem máscara, em grupos de
‘arruaceiros’, sob forte influência do álcool e provocando as autoridades
policiais. Aos de cá faz-se cumprir as regras, colocam-se limitações e
restrições várias… aos de fora fez-se vista grossa, como se tivessem vindo
trazer dinheiro às carradas, quando o que deixaram foi lixo, destruição e má
influência para os prevaricadores… Desgraçado país que faz o seu turismo de
copo – com muita cerveja mais alcoólica do que a deles – na mão e de toalha ao
sol! Basta um pequeno percalço e treme o esqueleto da nossa incipiente
economia…
4. Desse mesmo país – de quem dizem
ser o nosso mais velho aliado comercial – vieram, menos de uma semana decorrida,
novos condicionamentos às deslocações de-lá-para-cá e de-cá-para lá. As
explicações governamentais são de uma pífia resolução. As medidas a tomar não
têm consequências. As vítimas – por vezes ufanas do sucesso residual –
contentam-se com umas ajudas prometidas e quase nunca recebidas. Enquanto
alicerçarmos a nossa economia em expedientes da restauração estaremos sempre a
começar do zero e andaremos a querer vender um produto que facilmente fica fora
de validade…
5. Mais uma vez estamos a perder a
oportunidade de fazermos uma reestruturação séria dos nossos critérios de conduta
pessoal, familiar e social, pois continuamos a adiar essa reflexão que saiba
viver mais no sistema da poupança e do que no regime dos empréstimos,
valorizando o trabalho que produz e não os gastos na sedução da preguiça…
Continuam a enganar-nos ao lançar dinheiro sobre os problemas e não em sabermos
reconfigurar o nosso tecido social, económico, cultural e moral, segundo as
nossas reais possibilidades e não alimentando as ambições consumistas,
materialistas e de baixa felicidade.
Este
vírus ainda não nos ensinou a compreender a nova normalidade, pois parece que
queremos refazê-la sem mudar de valores, de critérios e de condutas…
António Sílvio Couto
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