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sexta-feira, 4 de junho de 2021

Vacinas (6), abusos e ‘normalidade’

 


Num método quase rotineiro vamos tentando fazer uma espécie de ‘reset’ das coisas da pandemia – desde meados de fevereiro de 2020 até à data em avaliação – recorrendo a vários itens: vítimas (contagiados, recuperados ou falecidos), passando pelas possíveis soluções (regras sanitárias, testagem, vacinação ou imunidade) e interpretando os diversos aspetos…mais ou menos percetíveis.

Se, na maioria das situações, boa parte da população cumpre as regras, noutros casos vemos emergirem abusos e quase atentados à saúde pública…colocando muitas dúvidas sobre a pretensa normalidade.

 1. Depois da confusão generalizada instalada na sociedade sobre o ‘sars-cov-2’ vimos emergirem um tanto rapidamente projetos de vacinas: BioNtech.Pfizer, Moderna, Oxford.Astrazeneca, Janssen/Johnson&Johnson, Novavax, SputniK V… as mais divulgadas e usadas, com as três primeiras na dianteira na sua administração ao nível mundial, europeu e português. Até final de fevereiro deste ano havia um total de 69 vacinas, entre as que estão já em utilização e as que se encontram em ensaios clínicos. É nítido o esforço para combater esta pandemia, dado que ainda não sabemos bem como e onde começou, tão pouco vislumbramos a total irradicação, se tal poder acontecer! 

 2. A população já vacinada tem vindo a decrescer, isto é, começou pelos mais velhos – dizem que os mais vulneráveis à contaminação – e vai descendo em idade e – assim o desejamos – em eficiência naquilo que alguns apelidam de imunidade (ou bolha) de grupo. Neste sentido foram-se verificando situações de alguma irresponsabilidade por parte de grupos etários mais baixos, criando-se, deste modo, algo suscetível de não ser corretamente controlada a disseminação do vírus…

 3. Desde meados de maio deste ano fomos verificando momentos coletivos de menor atenção aos cuidados primários para a não-difusão do vírus: por sinal ligados ao fenómeno do futebol, na capital, na região norte do país e também no Algarve. De todos o mais bizarro foi o que envolveu pessoas vindas do estrangeiro: sem máscara, em grupos de ‘arruaceiros’, sob forte influência do álcool e provocando as autoridades policiais. Aos de cá faz-se cumprir as regras, colocam-se limitações e restrições várias… aos de fora fez-se vista grossa, como se tivessem vindo trazer dinheiro às carradas, quando o que deixaram foi lixo, destruição e má influência para os prevaricadores… Desgraçado país que faz o seu turismo de copo – com muita cerveja mais alcoólica do que a deles – na mão e de toalha ao sol! Basta um pequeno percalço e treme o esqueleto da nossa incipiente economia…

4. Desse mesmo país – de quem dizem ser o nosso mais velho aliado comercial – vieram, menos de uma semana decorrida, novos condicionamentos às deslocações de-lá-para-cá e de-cá-para lá. As explicações governamentais são de uma pífia resolução. As medidas a tomar não têm consequências. As vítimas – por vezes ufanas do sucesso residual – contentam-se com umas ajudas prometidas e quase nunca recebidas. Enquanto alicerçarmos a nossa economia em expedientes da restauração estaremos sempre a começar do zero e andaremos a querer vender um produto que facilmente fica fora de validade…

 5. Mais uma vez estamos a perder a oportunidade de fazermos uma reestruturação séria dos nossos critérios de conduta pessoal, familiar e social, pois continuamos a adiar essa reflexão que saiba viver mais no sistema da poupança e do que no regime dos empréstimos, valorizando o trabalho que produz e não os gastos na sedução da preguiça… Continuam a enganar-nos ao lançar dinheiro sobre os problemas e não em sabermos reconfigurar o nosso tecido social, económico, cultural e moral, segundo as nossas reais possibilidades e não alimentando as ambições consumistas, materialistas e de baixa felicidade.

Este vírus ainda não nos ensinou a compreender a nova normalidade, pois parece que queremos refazê-la sem mudar de valores, de critérios e de condutas…         

 

António Sílvio Couto

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