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domingo, 20 de junho de 2021

Chegou em força a 4.ª vaga do vírus


Chegou. Não há pachorra. Por causa duns tantos pagam todos.

E verdade: por estes dias temos de estar confinados – embora de rédea bastante larga – à ‘área metropolitana de lisboa’, ninguém entra nem sai durante quase quatro dias.

Eis a fatura que todos pagam pelos festejos futeboleiros de há um mês atrás…

 1. Mesmo com o cumprimento das mais elementares regras de convivência em saúde pública – higienização das mãos, uso de máscara e distanciamento mínimo – acrescentadas com as medidas mais básicas – testagem, vacinação ou resguardo pessoal – os números dispararam na grande zona da capital. Com quase um terço da população do país abrangido por tais medidas, houve necessidade de confinar ao espaço de dezoito concelhos esta população um tanto rebelde e movediça.

 2. Apesar das recomendações e dos avisos, das prevenções e das ameaças, dos medos e das consequências estamos chegados à etapa de pré-colapso já experimentado noutros tempos. Embora possa parecer algo ‘dejá vu’ – sobretudo no tempo que mediou entre o natal e a páscoa recentes – agora podemos perceber as incidências das causas e quase prever os resultados das consequências.

 3. Pareceu ter sido deitado a perder o esforço cívico de cumprimentos das regras de uma percentagem significativa da população, pois uns tantos mais espertos estiveram-se a borrifar para o que era mínimo e obrigam todos a estarem sob restrições mais ou menos ditatoriais…isto é, foi decidido e já está! Com efeito, o governo decidiu e, mesmo sem estado de emergência ou de qualquer outra decisão do parlamento, pôs em marcha, se bem que os chefes – de estado e de governo – tenham ido para o estrangeiro!

 4. Toda esta crise pandémica trouxe à luz do dia a falta incrível de civismo por parte de alguns pretensos cidadãos, mas que de tal condição só colhem os benefícios e nunca por nunca as dificuldades…por mais básicas que possam ser. Efetivamente, há pessoas que só conhecem os seus direitos e quase nunca as inerentes obrigações, que se acham na condição de exceção, mesmo que esta se lhes não aplique. Percebe-se um tanto melhor que o respeito pelos outros não seja considerado um princípio mínimo da convivência social, mas que cada um possa impor aos outros o que mais lhe convêm, conflituando, por vezes, com tantos dos direitos adquiridos…

 5. Passada que foi a purga dos mais velhos, eis que o vírus – tendo em conta os desvarios mais recentes – está a incidir nos mais novos, isto é, na barreira dos que estão abaixo dos quarenta anos. Em meados de maio ultrapassamos, em Portugal, a fasquia dos dezassete mil mortos por ‘covid-19’, sendo cerca de 65% de vítimas acima dos oitenta anos. É digno de registo o que aconteceu quanto aos falecimentos: em 2 de janeiro deste ano havia sete mil mortos, dez dias depois (12 de janeiro) tinham perecido mais mil pessoas, seis dias após atingimos os nove mil, cinco dias decorridos mais estávamos nos dez mil mortos e três dias ainda chegamos aos onze mil falecidos. Em finais de janeiro – dias 28 e 31 – morreram mais de trezentas pessoas num só dia!

 6. Talvez tenhamos agora uma oportunidade de refletir sobre os aspetos mais relevantes de quanto nos aconteceu: quais os cuidados dados aos mais velhos? Que as condições familiares ou outras lhes são dadas? Estaremos, hoje, mais conscientes dos riscos e perigos, que tantos dos nossos idosos vivem, em família ou noutros lugares de recolhimento?

Estamos num tempo de viragem, saber fazê-la será arte e engenho para muito e significativo tempo, o nosso e o dos outros!    

 

António Sílvio Couto

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