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segunda-feira, 21 de junho de 2021

Estará salvaguardada a privacidade?

 


Vou trazer para vida mais pública algo que, na minha opinião, é uma intrusão abusiva e perigosa na vida privada…das instituições, das famílias e das pessoas.

Era cerca das 9.15 (manhã) de quinta-feira, dia 17 de junho, quando chegou ao email do Centro Paroquial de Acção Social da Moita a seguinte informação, sob o título de ‘pedido de esclarecimento’: «Exmos. Senhores, Tivemos conhecimento que esta manhã uma das crianças que frequenta a creche Ninho, Moita, foi colocada de castigo no exterior desse estabelecimento à chuva. Foi-nos inclusive, enviado um vídeo onde mostra uma educadora na altura a repreender a criança e a dizer e passamos a citar: "1,2,3 podes ir para a sala calado, se não voltas para aqui". Gostaríamos de saber mais esclarecimentos sobre este caso. Com os melhores cumprimentos». Esta mensagem tinha como remetente: agenda@diariodistrito.pt.

 1. Como instituição que se preza foi averiguado pelo Centro Paroquial a veracidade do que fora ‘relatado’, tendo sido apurado que algo não estaria a condizer minimamente com os possíveis factos apresentados, pois, embora as crianças estivessem a sair do espaço exterior, onde teria estado a chover – nessa manhã houve alguma chuva na região – mas a circunstância fazia entrar as crianças na sala e, em tempo algum, era colocada uma de ‘castigo’ à chuva… pelo contrário, era avisado para sair da chuva… Coisas de audição à distância e com interpretações quase-preconceituosas.

 2. Colhido o ângulo do tal ‘vídeo’ podemos perceber que, duma varanda a mais de cem metros de permeio, em plano superior – numa intromissão sobre um espaço privado, que é o recreio d’ O ninho’ – alguém gravou àquela hora da manhã algo que lhe pareceu anómalo e disso fez constar para um órgão de comunicação, bem rápido em fazer disso alarde.

Nesta fase da nossa reflexão ouso colocar breves questões: quem aquilo gravou não estaria de atalaia, como de outras vezes, logo invadindo a esfera privada da instituição? Que interesse teria em expor, para um órgão de comunicação fora do âmbito da terra onde mora, tal observação tão lesta e diligente? O acolhimento tão prestável daquele órgão de comunicação revela falta de assuntos ou manifesta algum conluio com quem assim o advertiu? Não poderemos induzir que podem estar outras atitudes menos corretas – talvez até pedofilia disfarçada – em ‘vigilâncias’ daquele tipo sobre uma instituição frequentada por crianças? Agora foi uma foto, amanhã não poderá ser um tiro, à distância? Há por aí muita gente mal-intencionada à solta!  

 3. Reporto-me, agora, à resposta que dei, por escrito, enquanto presidente da direção do Centro Paroquial e também como pároco da Moita, ao tal ‘diário distrito’, na sequência de uma reunião de direção:

«Ao senhor jornalista e ao senhor subdiretor:
 Questionamos:
- A fonte de informação (incluindo o vídeo) será assim tão credível ou não será uma possível intromissão – quase-voyeurista, dada a distância entre a captação da imagem e o dito local – de intromissão abusiva num espaço privado?
- Atendendo aos ditos ‘factos’ aduzidos não lhes terá passado pela suspeita – mesmo jornalística – de poder haver má-fé em tal ação de um particular sobre uma instituição?
- Num tempo tão ávido de questões que possam provocar ‘escândalo’, será razoável e avisado trazer estes mal-intencionados problemas, tentando gerar mal-estar social?
- Como veículo de paz consolidada, que deve ser a missão da comunicação social, serão atitudes como estas em apreço, fomentadoras de uma sociedade democrática humanizada e humanizadora?
- Num tempo algo crispado, sobretudo, nesta época de pandemia, não será de atender ao respeito por todos, fazendo cada um (pessoas e instituições) tudo quanto possa favorecer a verdade objetiva?
Postas estas questões convidamos esse órgão de comunicação social a tentar conhecer a nossa instituição, pois nada temos a esconder a ninguém. As nossas portas estão abertas a todos como Centro Paroquial de Acção Social da Moita desde 1952 e com incidência na área da infância desde 1978 e nunca tivemos problemas internos ou com o exterior com ninguém!
Aguardamos a vossa compreensão, comprometendo-nos no serviço de cidadania».

 4. Da resposta do dito órgão de comunicação àquilo que lhes enviei, respigamos as seguintes observações:

«Quanto à "Intromissão abusiva num espaço privado" isso terá que ser resolvido dentro da instituição, eu até deixo uma sugestão, para que ninguém veja o que se passa num espaço que é comum e público, a fachada de um prédio, a instituição providencie uma cobertura que tape os olhares dos vizinhos.

Em questões de conhecer o que a instituição faz, teremos todo o gosto, um dia, de fazer uma reportagem, mas não deixa de ser condenável a atitude da funcionária ao proporcionar um momento daqueles.

Da minha parte, tenho tudo dito, para já não iremos fazer qualquer notícia, mas iremos certamente estar mais atentos e como diz e bem iremos ter a missão de vigilantes em casos próximos como este que venha a acontecer nessa ou noutra instituição, e aí teremos que fazer notícia».

Por estas palavras citadas ficamos a saber que há quem defenda a substração à invasão da privacidade tapando os espaços abertos e que possam ser visíveis e não educando para o respeito pelos outros, não expondo a vida alheia, mas possivelmente espiolhando-a mesmo que de forma desrespeitosa e abusiva. Sendo assim estamos falados por uma certa comunicação social que prefere a difusão da mentira e não do resguardo da privacidade… até que um dia lhes toque na pele!

 

António Sílvio Couto

 

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