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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Católicos agredidos em procissão


Num país das liberdades soube-se há dias que alguns católicos foram agredidos durante uma procissão.

Eis a notícia no jornal católico ‘La croix’ de 31 de maio passado:

«Une marche de prière organisée samedi 29 mai 2021 par le diocèse de Paris en mémoire à des martyrs catholiques de la Commune de Paris a dû être interrompue en raison d’une contre-manifestation d’extrême gauche qui a donné lieu à des incidents violents. Cela se voulait une procession comme tant d’autres, samedi 29 mai 2021. En mémoire des religieux exécutés le 26 mai 1871, pendant la «semaine sanglante» de la Commune, le diocèse de Paris avait organisé une «marche des otages martyrs de la rue Haxo». Violemment pris à partie par des militants d’extrême gauche, le pèlerinage a toutefois dû être stoppé. Nous étions dans une démarche de prière et de commémoration, sans aucune forme d’expression ou de revendication politique, témoigne pourtant à ‘La Croix’ Mgr Denis Jachiet, évêque auxiliaire. Nous ne fêtions pas la victoire d’un camp sur un autre. Forte d’environ 300 participants, la procession est partie vers 17 h 15 du square de la Roquette, dans le XIe arrondissement de Paris, afin de suivre le chemin des prisonniers de l’ancienne prison de la Roquette, où fut par ailleurs exécuté Mgr Georges Darboy le 24 mai 1871, jusqu’à l’actuelle église Notre-Dame des Otages. Très vite, le cortège a essuyé de la part de personnes attablées en terrasse des quolibets, dont l’historique «À bas la calotte». «Notre procession était familiale, avec des enfants et des personnes âgées, et nous avons d’abord pris cela de manière apaisée voire amusée car nous avions l’impression d’être retournés au XIXe siècle!», raconte Hubert, membre du conseil paroissial de Notre-Dame des Otages».

 1. Este texto narrativo revela algo preocupante, agora em Paris, dentro de pouco tempo em Lisboa ou Braga. Sempre assim foi e talvez será! As questões de guerrilha religiosa começam lá e, passados anos, chegam cá. Precisamos de atender aos sinais… Citamos o texto em francês, esperando que todos o possam compreender.

2. A memória da procissão em Paris era sobre uma perseguição religiosa aos cristãos no século dezanove. Os agora defensores da ‘liberdade’ atacaram. Lá como cá certas forças não gostam de ver denunciados os seus ‘crimes’ do passado, propalando a sua sanha anticristã. Por que não se viu nenhuma referência nas nossas televisões? Isso não é digno de ser mostrado ou, quando os ‘seus’ cometem asneiras, são silenciados, cá como lá? 

 3. Em Portugal somente mais de uma semana passada surgiram notícias nos meios de comunicação social ligados à Igreja católica. Faltará solidariedade na desgraça ou ainda continuamos a ser manipulados sem nos darmos conta? Não nos faltará sentido de memória para não deixarmos cair no esquecimento situações de perseguição de outras épocas? Ainda terá sentido relembrarmos a refrão –‘sangue de mártires, semente de cristãos’?

4. Depois da traumatizante vivência de termos sido encurralados na pandemia para a sacristia, precisamos de saber interpretar estes acontecimentos em terras ditas de liberdade, mas onde o cristianismo se pode confundir com um fenómeno cultural de valor discutível, ao menos, por certas forças mais combativas, ruidosas e destemidas. Estamos no fio do juízo sobre o sentido da nossa fé – muito para além da crença e de seus ritos – por parte de uns tantos educados nas ideias dialéticas (marxistas, trotskistas ou socialistas), subjacentes a tantas expressões sociais, económicas e políticas.

 5. Talvez tenhamos de estar preparados psicológica e culturalmente para ser confrontados não já com a indiferença das nossas manifestações religiosas – procissões, celebrações públicas ou atos de religião simples – mas para a contestação, a provocação ou mesmo os ataques subtis e claros. Saberemos lidar com essas vivências? Teremos cristãos capazes de dar a cara e o resto?

Pela forma silenciosa com que as notícias de Franças foram ignoradas, preparemo-nos para o pior…por cá! 

 

António Sílvio Couto

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