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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Números de morte...em tempo de gripe

 

Depois dos números dramáticos de mortos, há cerca de dois anos, pelo covid-19, eis que, por estes dias dias (duas semanas apenas), os dados estão aí: em média, na última semana, morreram, por dia, 470 pessoas em Portugal... isto é, com mais de cem óbitos acima do que era esperado...tudo isto parece ser resultado do surto gripal emergente e da fraca adesão à vacinação.

Segundo responsáveis da área da saúde ficou abaixo do desejável a participação na vacinação antigripal, quedando-se, nas pessoas acima do 60 anos, apenas em 62%.

1. Mais uma vez assistimos ao ‘espetáculo’ quase degradante de filas de ambulâncias à porta dos principais hospitais, com horas intermináveis de espera para atendimento, agravando-se tudo isso com o aumento de infeções respiratórias, as condições meteorológicas (frio e chuva), aliadas à descompensação dos prestadores de serviços de saúde, médicos e enfermeiros. Diante destes dados pouco ou nada se modificou: quem governa parece assobiar para o lado, como se não tenha a ver (antes e durante) com o panorama; quem deve propor modificações amedronta-se com a possibilidade de que o que diga lhe seja cobrado a curto prazo (caso possa ganhar as eleições); os que cuidam da nossa saúde não são bem tratados nem pagos... e quem sofre é o mexilhão...

2. Continua-se a clamar pelo SNS como se fosse o placebo que resolve todos os problemas sem deles haver uma cura que resulte...efetivamente. Embora se diga ‘tendencialmente gratuito e universal’, este SNS está falido por razões ideológicas de uma certa esquerda ressabiada e em luta contra quem não faz coro com as suas pretensões: o setor social e os privados não são os que fazem o SNS estar sem nexo, este advém dos conluios de certas forças mais apostadas em tornar tudo e todos ‘coisa do Estado’ do que em resolver-se o que é importante, independemente de quem o faça mais e melhor: com a saúde não se brinca e muitos dos promotores da ditadura exclusiva do SNS continuam mais a servir os seus interesses estatais do que a cuidar das pessoas que precisam de assistência.

3. Agora que caminhamos para fazer escolhas, votando nas próximas eleições, é preciso que se saiba quem quer mesmo o bem das populações, tanto do litoral como do interior. Agora que estamos - ao que parece e nos vendem acriticamente - em tempos de ‘vacas gordas’ com dinheiro a rodos para deitar sobre os problemas, mas sem os solucionar de verdade, importa que se saiba o que cada partido quer para este setor tão frágil e inflacionado da saúde. Pelo silêncio quase cobarde em que temos andado, continuaremos a não saber o que nos espera de verdadeiramente.
Breves questões: por que são as análises clínicas gratuitas? No futuro isso terá possibilidade de continuar? Por que quase aboliram as taxas nos (ainda) centros de saúde? Até quando poderá a economia do país suportar tais benesses? Certos direitos adquiridos foram-no a que título e com que capacidade de continuação?

4. Dizem os entendidos na matéria que o cenário de mortalidade excessiva já se verificou noutros anos, como 2012, 2015, 2017 e 2019. Assim sendo teremos de continuar a ver cair tanta gente que podia e devia ser mantida com vida e saúde?
Votos de saúde com direitos e concomitantes deveres.



António Sílvio Couto

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