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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

A quem ganhar as eleições - congratulações ou condolências?

Eis que de repente o ano de 2024 poderá ficar na história como um dos mais marcantes do nosso ser coletivo. Para além de ocorrer o cinquentenário da revolução de ‘abril’ teremos eleições para quase todos os gostos - regionais nos Açores, em fevereiro; legislativas antecipadas, em março; regionais na Madeira, em maio ou junho; europeias, em junho; legislativas novamente (caso não haja maioria real ou fabricada após março) talvez em outubro... De todas só as ‘europeias’ estavam previstas, o resto têm sido impostas por fatores exteriores à condição politico-social, sobretudo sob a influência do poder judicial.

1. Tendo em conta as causas e como que advertindo os resultados, os vencedores poder-se-ão tornar merecedores não de encómios, mas de lamentos, tais poderão ser as dificuldades em fazerem vingar os seus objetivos mínimos e suficientes. Por muito que se tente diluir a leitura de bipolarização - direita/esquerda - é cada vez mais nítido o traço que divide as propostas dos partidos de um e de outro do lado da barricada, que, embora, virtual vigora desde sempre nos intentos das forças submetidas a votação. Mais Estado ou mais iniciativa privada, mais capacidade de viver à custa de todos ou sobrevivendo segundo os méritos pessoais e individuais, segundo as exigências do (pseudo) ‘estado social’ ou complementando com a autonomia dos bens e serviços prestados... eis alguns dos itens que podem e devem fazer com que as escolhas na hora de votar nos faça acreditar que a subsidio-dependência não gera riqueza e tão pouco a distribui com justiça...

2. Os assuntos em discussão mais recorrentes, por estes dias, andam em volta da economia, educação, segurança, saúde, habitação... Outros poderiam e deveriam ser acrescentados e colocados com serenidade, com verdade e,sobretudo, ouvindo os que todos têm a dizer, sem inflacionar o que não presta e não tratar condignamente o que é essencial. De facto, há setores da ‘nossa’ política - onde boa parte da comunicação entra quase acriticamente - segundo os quais se consideram donos e senhores de alguns assuntos. Veja-se o tema da ‘habitação’, onde uma certa esquerda manipula as ideias, mas não faz nada pela resolução do problema, inclusivamente escorraça quem não seja da mesma ideologia como se tem visto nalgumas iniciativas feitas ‘à la carte’ - quanto ao lugar e aos cartazes exibidos - para que os chefes partidários possam aparecer como recolhetores dos resultados em revindicação. Isto será sério ou andamos a brincar com coisas sérias demais e a fazer-de-conta que tudo não passa de cenário?

3. Mesmo que seja considerado o ‘terceiro poder’, a justiça, vive hoje dias atribulados, muito por culpa do vetor legislativo. Com efeito, aquele decide em razão do que é legislado. Ora, se a capacidade de legislação está infetada de preconceitos (quase) ideológicos, o poder judicial corre o risco de não decidir de forma livre e isenta. O que temos visto é uma certa contestação de quem governa pela possível ingerência do poder judicial - nos seus vários órgãos - nas questões de índole político-partidária. Mas não foram eles, os legisladores, que deram suporte para quem tem de exercer a justiça? Já só faltará que se façam leis que protejam os que governam, atendendo às repercussões das más decisões que tomam... Estes tiques andam por aí salpicando mentes e interesses...

4. Por muito ‘científicas’ que se pretendam impingir, as sondagens são o que há de mais funesto, tenebroso e enganador para votantes e votados, pois fazem estes acreditam naquilo que, uns tantos, dizem para que o resto creia que é por aí que vai a onda... Não deixa de ser, no mínimo, esquisito que, de entre os milhares de inquiridos, nunca tenha sido abordado para responder a nenhuma dessas sondagens. Não andarão sempre à volta dos mesmos, ludibriando e sendo enganados?

5. Muito honestamente digo: quem ganhar em qualquer das eleições que se aproximam irá chorar mais do festejar, pois os sinais de desemprego, os juros da economia, os problemas sociais não enganam, os problemas da educação e das forças de segurança: o tempo das ‘vacas gordas’ acabou, já!



António Sílvio Couto

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