Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



segunda-feira, 1 de maio de 2023

Visão de governantes sobre os governados, ontem como hoje

Eis uma estória... verdadeira ou não, mas simplesmente provocadora:

Numa da suas reuniões, Hitler pediu que lhe trouxessem uma galinha. Agarrou-a fortemente com uma das mãos enquanto a depenava com a outra. A galinha, desesperada pela dor, quis fugir mas não pôde.
Assim, Hitler tirou-lhe todas as penas, dizendo aos seus colaboradores: “Agora, observem o que vai acontecer”.
Hitler soltou a galinha no chão e afastou-se um pouco dela. Pegou num punhado de grãos de trigo, começou a caminhar pela sala e a atirar os grãos de trigo ao chão, enquanto os seus colaboradores viam, assombrados, como a galinha, assustada, dorida e a sangrar, corria atrás de Hitler e tentava agarrar alguns grãos. A galinha seguia-o para todos os lados.
Então, Hitler olhou para os seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos, e lhes disse: “Assim, facilmente, se governa os estúpidos. Viram como a galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei?
Tirei-lhe tudo... as penas e a dignidade, mas, ainda assim ela segue-me em busca de farelos”.
Assim é a maioria das pessoas, seguem os seus governantes e políticos, apesar da dor que estes lhes causam e, mesmo que lhes tirem a saúde, a educação e a dignidade, pelo simples gesto de receber um benefício barato ou algo para se alimentar por um ou dois dias, o povo segue aquele que lhe dá umas simples migalhas.

1. Quem não for governante como que se pode rever na fase de governado, mesmo que ainda não se sinta totalmente galinha depenada ou não corra já atrás dos grãos lançados do ‘poder’ para a sua autossustentação ou até em ordem à manipulação. Com que subtileza as forças do poder usam os outros para que se calem e obedeçam. Com que desfaçatez se engendram truques para ter os governados presos pela boca. Com que habilidade são apresentadas ‘soluções’ que manipulam os que delas são favorecidos.

2. Mesmo que de forma subtil há muitos governantes que são – consciente ou inconscientemente – seguidores das técnicas de Hitler, esse famigerado ditador a quem ninguém deseja ser associado. Alguns pretensamente ‘democratas’ articulam esquemas idênticos ao da galinha depenada, pois conseguem criar nos votantes a sensação de que vão resolver os ‘seus’ problemas, mas o que fazem não passa de arregimentar aduladores que, seduzidos pela boca, vão nas pisadas daqueles que os seguem, quase de forma acrítica e ideológica. Os ‘sistemas’ de ajuda aos (apelidados) mais pobres como que fazem destes galinhas amestradas e seguidistas, dado que os subsídios prolongam a dependência no tempo e no espaço... Até quando estaremos calados? Por que nos querem comprar com benesses de baixo valor?

3. Por vezes estamos tão envolvidos nos factos e apanhados pelas circunstâncias que quase se torna difícil discernir aquilo que nos pode afetar, dizemo-lo mais da parte dos governados, pois os governantes têm os seus artefactos mais elaborados para nos conquistarem. Há quem se queixe de que os ‘políticos’ só nos vendem as suas patranhas, em forma de promessas, quando surgem as eleições. Depois como que esquecem tais façanhas e retomam a rotina de tentarem enganar o mais tempo possível e adiarem ser descobertos. Deste modo o eixo causa-efeito fica à espera das consequências. Com o escrutínio das redes sociais o assunto tem vindo a encurtar a avaliação…

4. À luz das artimanhas da ‘estória’ supra-citada, urge detetar os grãos de trigo lançados na sedução dos nossos dias, pois muitos deles aparecem-nos sob a forma de subsídio, de complemento de reforma ou até na redução do ‘IVA à taxa zero’. Cada vez mais é preciso estar atento às manigâncias do poder, seja ele quem for e atinja às áreas mais diversificadas.

5. O trabalho é um direito, mas fazê-lo com honra e dignidade é um dever. Não será que falta uma visão correta do trabalho, sem o reduzir à força do seu exercício? Pensar também é trabalho e do bom…



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário