Partilha de perspectivas... tanto quanto atualizadas.



sábado, 13 de maio de 2023

Eutanásia: Fátima e Nossa Senhora


As quatro últimas datas de aprovação da eutanásia – eufemisticamente dita de ‘despenalização da morte medicamente assistida’ – têm alguma proximidade a Fátima e aos acontecimentos ali verificados. Referimo-nos apenas aos momentos mais recentes e têm por pano de fundo – com a lei votada pelos deputados em maioria – de permeio com as idas-e-regressos (em três anos e três meses) entre o Parlamento, a Presidência da República, o Tribunal Constitucional e seus adjacentes: 20 de fevereiro de 2020 (em plena pandemia) – festa litúrgica dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto; 7 de dezembro de 2022 – véspera da Imaculada Conceição; 13 de fevereiro de 2023 – memória do falecimento da Irmã Lúcia, vidente de Fátima; 12 maio de 2023 – véspera da primeira peregrinação aniversária das aparições na Cova de Iria.

1. Será coincidência com tais datas? Haverá alguma marcação ao fenómeno de Fátima? Será uma estratégia de distração por parte da camada dos políticos, tentando ofuscar quem foi ou vai a Fátima? Estará subjacente uma espécie de contestação à mensagem de sofrimento, por vezes, acentuada pela mensagem de Fátima? Quem se dei contar de que as datas em apreço valem mais do que dias do calendário?

2. O problema foi tão reiterado que quase venceu pelo esgotamento os antagonistas. Foi idêntico o processo quanto ao aborto: pé-ante-pé entramos – como dizem os promotores – na senda da civilização. Mas será a opção pela morte – prévia ou antecipada – um rasgo de civilização? Para mim é um retrocesso atroz e que pode tornar-se irreversível. Sou pela vida, por isso, é mais um dia triste a somar a tantos outros, mesmo que possa ser de festa para outros ‘mais inteligentes’...

3. Sinto pena por haver pessoas que aplaudem estas decisões em favor da morte, tenha ela a faceta que tiver. Claramente estamos em pistas diferentes e seguimos valores antagónicos. Devia haver, no entanto, mais compreensão para quem não quer a eutanásia. Ora isso não se vê nos defensores da dita, pois consideram – pelos trejeitos e observações – que, quem não pensa como eles, não passa de um troglodita quase medievalesco surreal.

4. Efetivamente joga-se muito mais do que parece em todo este cenário pró-eutanásia: a vida só é digna quando é feliz e risonha ou quando todos me fazem a vontade… Como poderemos ser tão superficiais se ainda estamos neste grau de cultura humana e civilizacional. O que mais apreciamos não foi aquilo pelo que mais nos deu luta pela conquista? Como conciliar o amadurecimento de uma pessoa, se esta desistir ao primeiro problema? Este facilitismo materialista trará consequências, particularmente, para os mais novos, pois se não tiverem as coisas a seu jeito poderão não vingar na vida e com sucesso?

5. Sejamos claros e honestos: a vida nunca se referenda. Acredito que poderá surgir uma nova vaga – e não tem a ver com nenhum partido político – que reflita sobre o valor da vida e possa reverter as decisões por agora tomadas. E nem a obrigação constitucional do Presidente da República em promulgar a lei será capaz de nos entristecer. Na semana em que se comemorou a vitória sobre o regime nazi, podemos ver outros populistas – de alguma esquerda, trotskistas e, sobretudo, desmiolados – a fazerem vingar a condenação de inocentes…Ao menos haja coerência!

6. Recordando o mandamento da Lei de Deus: ‘não matar nem causar outro dano a si mesmo ou ao próximo’.



António Sílvio Couto

Sem comentários:

Enviar um comentário