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sábado, 29 de abril de 2023

Das falhas de comunicação aos erros na comunicação

 

É da mais elementar regra de conduta saber que, na comunicação – em geral e na de incidência social em particular – deve haver verdade, objetividade e, sobretudo, lealdade. Assim não se pode usar uma informação ‘off record’ como sendo dita para ser divulgada e quem possa pronunciar-se sobre um qualquer assunto deve saber que está a ser gravado, filmado ou a ser escrito o que diga em ordem a ser tornado público. Inflingir tais regras, para além de ser de gravidade ética, pode originar processos aos infratores.

Por outro lado, de alguns anos a esta parte é comum falar-se de ‘fake news’ (notícias falsas), numa forma de comunicação em que se difundem notícias com algum fundo de verdade, mas onde o que prevalece é o erro bem montado e fazendo crer que isso é verdadeiro. Há falsas notícias para todos os gostos-e-feitios, abrangendo os diversos campos de atividade... Nem sempre é fácil desmontar tais erros.

1. Umas das mais recentes polémicas sobre pretensas falhas de comunicação surgiu, quando os três mais altos dignitários da Nação, foram apanhados a comentar as atitudes de alguns partidos politicos, com a segunda figura do Estado a usar uma espécie de ‘conversa de café’, sob regozijo de falhanço do que havido acontecido. O ‘acontecimento’ deu-se numa sala do Parlamento e foi mostrado pelo canal televisivo do mesmo. Os conversantes não viram lá uma câmara? Esta estaria escondida para que não se advertissem de que aquilo que falavam podia ser visto e ouvido? A quem interessa agora encontrar prevaricadores – aos que falaram, aos que foram visados na conversa ou a quem emitiu o dito? Talvez este último seja o elo mais fraco e a ver pela forma tendenciosa com que o presidente do Parlamento trata os que não são da sua cor, teremos sangue a correr para o lado que o dele...mesmo que seja ele o réu e não a vítima.

2. Por vezes, quando a mensagem não agrada ou os efeitos da mesma deixam a desejar, prefere-se matar o mensageiro em vez de corrigir o que se pretende comunicar. Embora haja, hoje, muita gente com cursos na área da comunicação nem sempre se consegue a articulação entre emissor e recetor, pois a mensagem sofre de menos boa qualidade e, sobretudo, de conteúdo. Com especial incidência nas atividades sujeitas a votação – governo e autarquias, associações e coletividades – e ainda nas coisas desportivas ou clubísticas tem vindo a crescer a ‘necessidade’ de haver algum elemento de comunicação – gabinete, uma estrutura, uma figura ou um serviço (dito) de apoio – por forma a que seja publicitado o que o ‘dono’ pretende e não seja distorcido por quem faz as notícias...

Nas deambulações para levar a cabo as pretensões de tantos dos mentores da’nova’ democracia – depois de meio século de intencionalidade – estamos sob o escrutíneo das ‘redes sociais’, onde os pretensiosos fazedores de opinião (ao nível rasca) desfiam vídeos e imagens algo censuradas, isto é, ouvem e difundem quem lhes é favorável, ocultando quem não lhes adule o ego narcisista, pessoal e partidário... Vejam as reportagens de factos regionais e locais! Não será isto ‘fake news’ de trazer por casa? De facto, dizer meia-verdade é o mesmo que proferir meia-mentira!

3. Um factor de convulsão social tem sido a (dita) transportadora aérea nacional, pois voa mais por baixo do que levanta voo para cima. Dizer que se disse ou ocultar o que foi referido, tornou-se o mais recente episódio neste embróglio sócio-económico com versão de hidra, dado que, quando se pensava ter cortado uma das cabeças, logo outra se regenera e faz aparecer novo e mais intenso problema. Este é um nítido caso em que se confunde a informação com meia-verdade e onde as falsas notícias se revelam bem mais benéficas do que as (ditas) verdadeiras. Parece que atingimos um tal estado de confusão que os items do passado se esboroam à luz dos do presente e o que nos trará o futuro...

4. Por estes dias faleceu um grande comunicador (João Aguiar) e que incentivou as hostes da Igreja católica a saber usar a comunicação social (escrita, falada e televisionada) para levar o Evangelho. Assim o façamos!



António Sílvio Couto

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