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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Sobre os rios da Babilónia…

 



1 Junto aos rios da Babilónia nos sentámos a chorar, recordando-nos de Sião. 2 Nos salgueiros das suas margens pendurámos as nossas harpas. 3 Os que nos levaram para ali cativos pediam-nos um cântico; e os nossos opressores, uma canção de alegria: "Cantai-nos um cântico de Sião." 4 Como poderíamos nós cantar um cântico do SENHOR, estando numa terra estranha?

Este excerto do Salmo 137, 1-4, veio-me mais à lembrança, quando naquela tarde-noite do dia 13 de novembro de 2022, vi chegarem os símbolos das JMJ ao cais da Moita, procedentes do Montijo.
A Cruz e o ícone de Nossa Senhora, que já percorreram imensos lugares, por ocasião das JMJ noutros países, estavam ali, trazendo memórias e vivências, sentimentos e alegrias, gestos e atitudes... enquanto, na expetativa, dezenas de crianças, com adultos à mistura, numa simbiose de fé, de festa e de fazer parte dessa longa multidão de tantos outros que fizeram idêntica vivência aquando do acolhimento dos símbolos... nas suas terras!
Caía a noite e o ‘Boa Viagem’ chegou ao cais. De lá ouvíamos o rufar dos tambores dos jovens de uma associação do Montijo, que tentou suprir o programado para a banda da Moita, algo exigente em meios em vésperas do dia... da margem escutava-se o hino das JMJ 2023, entoado pelos mais novos da catequese... no ar o som e a cor de parcos foguetes, traçando um ar de festa e de alegria, tão comum noutras datas naquele mesmo lugar...
O pico da maré fez adaptar a receção dos símbolos das JMJ à Moita e isso nos pode (ou deve) trazer sinais de reflexão para uma presença do cristianismo neste tempo e neste mundo.

1. Uma luz brilha nas trevas – alumiados os símbolos com archotes podemos caminhar para o lugar da celebração da eucaristia de domingo, acomodada no horário, mas também na significação. Talvez não tenha sido muito habitual, os símbolos chegarem pela noite. Por isso, se notou um tanto a falta de luminosidade, essa que nós, os cristãos, temos de trazer e de levar.

2. Saber viver o momento – daqui a anos, poderemos lembrar-nos que estes símbolos estiveram entre nós e que os recebemos com respeito e dignidade. Aliás, no sopé da cruz foi colocada uma fotografia do bispo D. Daniel Batalha Henriques, recém-falecido e que estava a fazer a ‘negociação’ para que se possa fazer uma manifestação idêntica com barcos no rio Tejo, por ocasião das JMJ, particularmente na semana de 1 a 6 de agosto do próximo ano: a ele confiamos mesmo a sua intercessão, no Céu, para que possamos ter condições de levar a cabo esse projeto…

3. Envolver quem possa participar – numa ação de ir ao encontro os símbolos da JMJ 2023 foram às escolas onde há alunos em idades correspondentes aos participantes nas jornadas – acima dos quinze anos à data da realização das mesmas. Nesta iniciativa de pescar fora do aquário vai mais do que um ato de cordialidade social, é, sobretudo, um desejo de querer fazer diálogo com que possa ser, pata além do público-alvo, um alvo da evangelização dos mais novos, para os mais novos e pelos mais novos, isto é, os jovens. Como se dizia no texto da Conferência Episcopal Portuguesa enviado sobre o sínodo dos bispos: ‘Mais do que pensar qual é o lugar dos jovens na vida da Igreja é preciso perceber que lugar pode ocupar a Igreja na vida dos jovens e, para isso, a Igreja tem que escutar e dar tempo aos jovens’.

4. Abertura e compromisso – a presença dos símbolos da JMJ 2023 – cruz e ícone mariano – são dois sinais bem claros de diálogo entre os cristãos: a cruz sem Cristo abre para uma aceitação e presença aos protestantes, nisso que para eles parece importante e que para os católicos não faz objeção de ritual; o ícone mariano de Nossa ‘Salus populi romani’ permite-nos alguma proximidade aos ortodoxos, por vezes tão avessos às imagens de Nossa Senhora.

Estamos em caminho de peregrinação não só dos símbolos, mas também das pessoas, hoje como ontem!



António Sílvio Couto

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