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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

6.º ‘dia mundial dos pobres’

 

Por ocasião do trigésimo terceiro domingo do tempo comum (13 de novembro), a Igreja católica celebra o ‘dia mundial dos pobres´ – na sua sexta edição – e sob o tema: «Jesus Cristo fez-se pobre por nós (2 Cor 8,9)», tendo como objetivos, segundo as palavras da mensagem do Papa: ‘como uma sadia provocação para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual’.

Respigamos excertos da mensagem do Papa Francisco… colocando breves questões:

1. «Há alguns meses, o mundo estava a sair da tempestade da pandemia, mostrando sinais de recuperação económica que se esperava voltasse a trazer alívio a milhões de pessoas empobrecidas pela perda do emprego... Mas eis que uma nova catástrofe assomou ao horizonte, destinada a impor ao mundo um cenário diferente... A guerra na Ucrânia». Empobrecidos pela doença, tudo é agravado pela guerra...
2. «Quantos pobres gera a insensatez da guerra!... Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da precariedade?» Novos pobres num sem-razão e quase irracionalidade...
3. «Também nós, cada domingo, durante a celebração da Santa Missa, cumprimos o mesmo gesto, colocando em comum as nossas ofertas para que a comunidade possa prover às necessidades dos mais pobres». Será claro e percetível que a recolha económica na missa, por ocasião do ofertório, é para os pobres e não para as despesas das igrejas?
4. «Os povos que acolhem têm cada vez mais dificuldade em dar continuidade à ajuda; as famílias e as comunidades começam a sentir o peso duma situação que vai além da emergência». Dá a impressão que somos razoáveis a responder às desgraças, mas com facilidade nos acostumamos aos sinais de miséria, mesmo a mais gritante..
5. «A solidariedade é precisamente partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra. Quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade». Tem sido profícuo o papel de grande parte da comunicação social em gerar ondas de solidariedade, que não podem sobreviver com gestos esporádicos, mas numa organização consistente e fraterna.
6. «A generosidade para com os pobres encontra a sua motivação mais forte na opção do Filho de Deus que quis fazer-Se pobre». Jesus fez-se pobre, não numa encenação de faz-de-conta, mas assumindo as consequências de ser pobre com os mais pobres... Já teremos entendidos esta profecia de Jesus?
7. «Devemos refletir, sim, sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal. Um tal apego impede de ver, com realismo, a vida de todos os dias e ofusca o olhar, impedindo de reconhecer as necessidades dos outros». Numa cultura alicerçada no ‘ter’ e no ‘mostrar que tem’, urge refletir sobre o nosso sincero relacionamento com o dinheiro e quanto ele significa de posse e de possessivo.
8. «A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia duma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz. A mensagem de Jesus mostra-nos o caminho e faz-nos descobrir a existência duma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – a d’Ele – que liberta e nos dá serenidade». Temos os dados para escolher: a pobreza que mata ou a pobreza, como a de Jesus, que liberta e nos ajuda a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade.
9. «Se Ele [Jesus] Se fez pobre por nós, então a nossa própria vida ilumina-se e transforma-se, adquirindo um valor que o mundo não conhece nem pode dar. A riqueza de Jesus é o seu amor, que não se fecha a ninguém mas vai ao encontro de todos, sobretudo de quantos estão marginalizados e desprovidos do necessário». Não é por acaso que a primeira das bemaventuranças nos situa na compreensão do que é ser pobre... à maneira e como Jesus.
10. «Não desprezemos os pobres, os humildes, os operários; são não só nossos irmãos em Deus, mas também os que mais perfeitamente imitam a Jesus na sua vida exterior. Eles apresentam-nos perfeitamente Jesus, o Operário de Nazaré». Esta citação, na mensagem papal, de Carlos de Foucauld, recentemente canonizado pelo Papa Francisco, comporta um desafio: os pobres são nossos irmãos, sempre!



António Sílvio Couto

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