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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Hipocrisia dos hipócritas… ressabiados

 

O mundial de futebol sénior-masculino, no Qatar, chegou. Temos visto e ouvido posições de certas figuras, de alguns figurões e de umas tantas figurinhas a pronunciarem-se quanto a questões de não-adequação naquele país… aos ‘valores’ mais conformes à normalidade, referindo erros, ofensas e atropelos aos (ditos) ‘direitos humanos’ e para com grupos protegidos por fações e lóbis no pretenso mundo ocidental.

O responsável máximo da entidade promotora do evento, a FIFA, denunciou a hipocrisia dos europeus, quanto àqueles temas, tendo-se afirmado e assumido como esse a quem os contestadores se consideram protetores e, hipocritamente, querendo impor a sua ‘normalidade’ como regime de aceitação a quem não pensa, age ou vive como eles.

1. Os arautos da boa-fé enviesada do mundo ocidental – prenhe de injustiças, anormalidades e de amoralidades, segundo outros conceitos – querem fazer crer que eles nunca ofendem os direitos humanos. Mas, ao combaterem os outros – que não pensam como eles – com tanta voracidade, não estarão a ser mais ditadores do que aqueles aos quais contestam? Ao querem impor a ‘ideologia de género’ será que usam de respeito para com quem não quer essa mesma ideologia? Ao vestirem certas roupas de marca – numa roupagem de ricos em confronto com os pobres, de verdade – saberão se não foram confecionadas por explorados e mal pagos? Ao envergarem chuteiras vistosas não estarão a ofender quem as fez e não recebeu os salários corretamente devidos?

2. As bolhas de certa esquerda – dialética, marxista e trotskista – invetiva alguns comportamentos, enquanto saboreia lautos almoços/jantares, onde os que os prepararam não terão sido pagos devidamente. Contestam as corridas de toiros, mas ao sabor de lagostas e de caracóis… esses sim, cozinhados vivos! Incentivam a luta contra os combustíveis fósseis, mas à custa de viverem em casas aquecidas com energias mais caras e, possivelmente, subsidiadas por forças não-democráticas. Como se deslocam para as manifestações – voam, caminham a pé ou pedalam para lá chegarem? O problema é sempre o uso daquilo que podia ser de todos, mas só uns tantos os usufruem, mesmo que à socapa e sem que se descubra até onde são, verdadeiramente, hipócritas e mentores de novas hipocrisias…

A ressabiada sugestão de os capitães das equipas nacionais – oito das 32 seleções – ostentarem uma braçadeira com as cores do arco-íris tem tanto de enferma de razões, quanto manipulada por setores ideológicos que usam os ‘seus’ meios para imporem as ideias, sem respeitarem quem não vai na sua linha…

Que se avalie esse famigerado gesto de ajoelhar antes dos jogos… quando o fez Portugal teve mau ou ridículo desempenho! Não é com esse folclore que se combatem os problemas!

3. Agora que rola a bola e faz a delícia da populaça, surgem uns iluminados do ‘nada fazer e só contestar’, pois há quem dê cobertura às manigâncias mal-amanhadas que sempre emergem do lodo fedorento mais ou menos gerido a contento. Por que não olham para os explorados na sua terra? Por que são tão bons a dizer mal e nunca assumem os erros cometidos, em eventos idênticos, quando chamados a realizar?

Segundo dados do comité organizador do ‘euro-2004’, em Portugal, morreram trinta e sete trabalhadores na construção dos estádios… No Qatar, para a construção dos estádios e outras obras do mundial de 2022, houve 6.750 mortos… sobretudo de emigrantes.

Os custos conhecidos globais da realização – estamos no dealbar do evento, naquele país arábico – ascendem a 200 mil milhões e euros… podendo, no final, dar mais de três mil milhões de euros de lucro.

4. Porque não acredito que não haja articulação potestativa de tantas forças em relação ao submundo do mundial de futebol sénior-masculino, no Qatar, é preciso pensar pela própria cabeça e descobrir quem articula esta onda agora tão empolada. Neste como noutros assuntos há lóbis muito fortes que se escondem, mas com um pouco de sageza se pode encontrar tão hábeis mentores… e o de ‘gender’ em particular une pontas de algo que ultrapassa o visível…nem que seja pelo arco-íris a reluzir.



António Sílvio Couto

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