No passado domingo, dia 12, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem percorreu, em autocaravana, as ruas da vila da Moita. Esta foi a forma encontrada, pelo segundo ano consecutivo, de tornar presente e visível a fé católica em dia de grande importância para as designadas ‘festas da Moita’.
Devido ainda aos condicionamentos higiene-sanitários que estamos a viver, esta forma de fazer a procissão pelas ruas da Moita permitiu que muitos outros – para além dos habituais frequentadores das procissões – pudessem exprimir a sua fé através do culto a Nossa Senhora, mesmo pelos locais visitados, através desta procissão-caravana e que, durante duas horas e cerca de vinte quilómetros de distância, extrapolaram o percurso habitualmente fixado…
Muitas pessoas – uma boa parte
cumprindo as regras em vigor – vieram para as ruas ou através da presença nas
varandas e janelas, saudando Nossa Senhora da Boa Viagem, cuja imagem foi transportada
numa viatura dos bombeiros locais. Durante esta forma de procissão foram
percetíveis algumas formas de fé contida, através de expressões próximas de
oração, senão em palavras, ao menos em sentimentos e gestos… como flores e
outros adereços festivos.
No cumprimento de um ritual costumeiro foi feita a bênção das embarcações no cais, ao som dos foguetes, tão apreciados pelas gentes locais. Nessa ocasião teve intervenção a banda filarmónica da Moita, que executou o hino a Nossa Senhora da Boa Viagem. Também ao longo da procissão autocaravana houve cânticos marianos adequados, a partir de um veículo que integrava a procissão.
De referir que, de 30 de agosto a
7 de setembro, decorreu a novena preparatória – ‘a Nossa Senhora da Boa Viagem
e com São José’ – da festa de Nossa Senhora, celebrada liturgicamente no dia
oito, natividade de Nossa Senhora. De 13 a 19 deste mês é dado continuidade ao
tempo festivo através de momentos litúrgicos de oração na igreja matriz.
- Desde logo se capta algo de
maternal-filial, num diálogo sem palavras, mas com sentimentos vivos e
vivenciais, sinceros e mais profundos do que circunstanciais.
- Numa leitura algo simples se
podia constatar que, do caminho um tanto alcatroado por possível ideologia do
‘sem o religioso’, emergiam flores ténues de sensibilidade ao espiritual e
mesmo ao tendencial cristão.
- De tantos rostos macerados pelo sofrimento e pela dor podíamos intuir que havia súplica e agradecimento, pequena confidencia ou mesmo desejo de não disfarçar o que ia na alma.
- Flores, muitas flores
salpicaram o caminho por onde passava a imagem. Numa rua houve mesmo um
pequeno, mas simbólico, tapete de flores, como que dando a entender do contentamento
pela visita da Senhora e Mãe… onde o estandarte disponibilizado (há anos) se
percebia com regularidade.
- Também se notava muita
indiferença, senão mesmo oposição encapotada. Sabe lá por que razão:
ignorância, insensibilidade ou mesmo resquício ideológico mais entranhado.
Mesmo assim houve – tanto quanto era visível – respeito e tolerância, na maior
parte dos casos com mais silêncio exterior do que noutros momentos.
Numa palavra: sem elogios
desnecessários nem observações menos agradáveis, as gentes da Moita souberam
honrar a sua padroeira e protetora. Com a vontade de melhorar, aqui registo as
minhas impressões…
António Sílvio Couto
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