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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Respigos da procissão a N.ª S.ª da Boa Viagem

 


No passado domingo, dia 12, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem percorreu, em autocaravana, as ruas da vila da Moita. Esta foi a forma encontrada, pelo segundo ano consecutivo, de tornar presente e visível a fé católica em dia de grande importância para as designadas ‘festas da Moita’.

Devido ainda aos condicionamentos higiene-sanitários que estamos a viver, esta forma de fazer a procissão pelas ruas da Moita permitiu que muitos outros – para além dos habituais frequentadores das procissões – pudessem exprimir a sua fé através do culto a Nossa Senhora, mesmo pelos locais visitados, através desta procissão-caravana e que, durante duas horas e cerca de vinte quilómetros de distância, extrapolaram o percurso habitualmente fixado…


Muitas pessoas – uma boa parte cumprindo as regras em vigor – vieram para as ruas ou através da presença nas varandas e janelas, saudando Nossa Senhora da Boa Viagem, cuja imagem foi transportada numa viatura dos bombeiros locais. Durante esta forma de procissão foram percetíveis algumas formas de fé contida, através de expressões próximas de oração, senão em palavras, ao menos em sentimentos e gestos… como flores e outros adereços festivos.

No cumprimento de um ritual costumeiro foi feita a bênção das embarcações no cais, ao som dos foguetes, tão apreciados pelas gentes locais. Nessa ocasião teve intervenção a banda filarmónica da Moita, que executou o hino a Nossa Senhora da Boa Viagem. Também ao longo da procissão autocaravana houve cânticos marianos adequados, a partir de um veículo que integrava a procissão.


De referir que, de 30 de agosto a 7 de setembro, decorreu a novena preparatória – ‘a Nossa Senhora da Boa Viagem e com São José’ – da festa de Nossa Senhora, celebrada liturgicamente no dia oito, natividade de Nossa Senhora. De 13 a 19 deste mês é dado continuidade ao tempo festivo através de momentos litúrgicos de oração na igreja matriz.

 Respigando…impressões – colhendo lições

 Ocupando um lugar privilegiado após a passagem da imagem na procissão fui percebendo como muitas pessoas se relacionam com o divino, simbolizado no andor de Nossa Senhora da Boa Viagem.

- Desde logo se capta algo de maternal-filial, num diálogo sem palavras, mas com sentimentos vivos e vivenciais, sinceros e mais profundos do que circunstanciais. 

- Numa leitura algo simples se podia constatar que, do caminho um tanto alcatroado por possível ideologia do ‘sem o religioso’, emergiam flores ténues de sensibilidade ao espiritual e mesmo ao tendencial cristão.

- De tantos rostos macerados pelo sofrimento e pela dor podíamos intuir que havia súplica e agradecimento, pequena confidencia ou mesmo desejo de não disfarçar o que ia na alma.


- Flores, muitas flores salpicaram o caminho por onde passava a imagem. Numa rua houve mesmo um pequeno, mas simbólico, tapete de flores, como que dando a entender do contentamento pela visita da Senhora e Mãe… onde o estandarte disponibilizado (há anos) se percebia com regularidade.

- Também se notava muita indiferença, senão mesmo oposição encapotada. Sabe lá por que razão: ignorância, insensibilidade ou mesmo resquício ideológico mais entranhado. Mesmo assim houve – tanto quanto era visível – respeito e tolerância, na maior parte dos casos com mais silêncio exterior do que noutros momentos.

Numa palavra: sem elogios desnecessários nem observações menos agradáveis, as gentes da Moita souberam honrar a sua padroeira e protetora. Com a vontade de melhorar, aqui registo as minhas impressões…     

 

António Sílvio Couto

 

 

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