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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

‘Apostolado do mar’... na Moita

 



‘Os marítimos vão p’ró mar
sempre cheios de confiança
e nunca deixam de rezar.
Têm fé que hão de voltar
porque Vós sois sua esp’rança’.


Esta segunda estrofe do hino a Nossa Senhora da Boa Viagem como que pode ilustrar o momento de iniciação do ‘Apostolado do mar’ na Moita.
No passado domingo, dia 19 de setembro, naquilo que seria o último dia da ‘semana da festa’ da Moita, se as coisas decorressem de forma normal, teve lugar um momento celebrativo do grupo paroquial do ‘Apostolado do mar’, no parque das canoas’, no Gaio, Moita.
Mais do que alguns convidados e de presenças de ocasião, foi importante a expressão de fé católica que pode e deve envolver. Sob a proteção de São Pedro Gonçalves Telmo – ‘São Telmo’ – reuniram-se algumas dezenas de pessoas para testemunharem o momento solene de apresentação deste novo grupo paroquial com caraterísticas muito específicas e também de novidade dentro do ‘Apostolado do mar’.
Vamos tentar responder a algumas questões que se nos podem colocar: que significado tem um grupo do ‘Apostolado do mar’ numa localidade ligada mais ao rio? Quem são os destinatários do ‘Apostolado do mar’? Qual a razão de ter um santo protetor? Como organizar um grupo deste teor, no presente e para o futuro?


* Uma fé com sabor a sal
Esta expressão ouvimo-la várias vezes, quando contatamos pessoas ligadas ao mar e à sua expressão em fé católica. Com efeito, há e deve haver uma forma de viver e de exprimir a fé católica a partir do lugar onde se vive: se à beira-mar (ou rio), se no alto de serrra, se no campo ou mesmo na cidade ou na aldeia... Isto passa não só pela decoração do espaço, mas também pela atitude celebrativa...em comunhão católica, onde o essencial é tido em conta e a sua forma de o manifestar pode variar. Isto tem a ver tanto com as pessoas em geral como também com os padres: será totalmente diferente ser ‘de sequeiro’ (fora do espaço marítimo) ou com sensibilidade às vertentes da água... Por vezes nota-se alguma confusão até na forma de colocar quem serve as paróquias ou comunidades!
Ora, estando a Moita situada no espaço de proximidade ao rio Tejo, será muito útil não perder essa referência à dimensão marítima. Isso mesmo está subentendido na estrofe do hino a Nossa Senhora da Boa Viagem, supra citado. Urge, por isso, redescobrir a relação com o rio e não só por haver outros interesses em marcha, mas para que algo identitário possa ser assimilado por quem aqui vive e, sobretudo, por quem aqui celebra a sua fé.
No âmbito da Igreja católica existe um trabalho de atenção às especificidades culturais – humanas e geográficas – de quem vive, trabalha, sente e cuida do mar. Isto chama-se: ‘Apostolado do mar’, uma obra católica de alcance mundial em que se procura levar a mensagem do Evangelho a todas as pessoas e em todos os espaços.

* Destinatários do ‘Apostolado do mar’
Por este tempo estão a ser revistos os estatutos do ‘Apostolado do mar’, em Portugal. Embora se pareça caminhar para designar este serviço pastoral da Igreja com a expressão ‘Stella maris’ – era um setor específico de apoio em terra às pessoas essencialmente ligadas à marinha mercante – podemos e devemos elencar quem são os destinatários desta ação da Igreja católica:
- as pessoas e organizações ligadas ao mar (ou ainda aos rios), seja ao nível profissional (marinha mercante ou pesca) bem como às atividades lúdicas e de lazer e ainda as agremiações de defesa e conservação do mar e dos rios;
- deve atender-se também às famílias destes setores;
- outro tanto se deve considerar para com as atividades com implicações culturais e religiosas de índole marítima e fluvial.
Uma breve referência, por exemplo à diocese de Setúbal: serão menos de meia dúzia as paróquias que não tenham relação direta com a água, tanto do mar como dos rios Tejo e Sado...

* São Pedro Gonçalves Telmo: patrono do grupo da Moita
Não deixa de ser um tanto específico que o grupo paroquial do ‘Apostolado do mar’ na Moita tenha aparecido com um santo protetor. Além de ser um grupo com ligação ao rio, não é costume surgir sob o patrocínio de um santo. Aqui, desde a primeira hora, surgiu São Telmo, naquilo que ele tem de particular na defesa dos navegantes e como alguém a quem podem socorrer-se os ‘marítimos’ do Gaio, pois foi a seção de vela do ‘Clube naval do Gaio’ quem mais se empenhou na prossecução deste trabalho do ‘Apostolado do mar’ agora emergente.

* Espaço de evangelização
Este grupo paroquial do ‘Apostolado do mar’ na Moita deverá ser um trabalho de presença da Igreja àqueles que vivem, sentem e participação nas atividades humanas, culturais, profissionais ou lúdicas do lugar onde está sediado. Independentemente de ser concretizada uma sugestão de ser colocada a imagem de São Telmo no moinho do Gaio, deverão ser desenvolvidas ações de formação na fé, na dimensão cultural e mesmo promovendo atividades que façam cuidar mais e melhor do rio e das suas margens. Em breve o grupo deverá reunir para calendarizar tais iniciativas.
Desde a primeira hora a implementação deste grupo do ‘Apostolado do mar’ teve e tem o apoio do diretor nacional.



António Sílvio Couto

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