As mais recentes mudanças comportamentais –
desenvolvidas em razão da já designada pandemia do coronavírus ‘covid-19’ –
vieram trazer à luz do dia a necessidade de reaprendermos a relacionar-nos uns
com os outros… desde as questões mais vulgares até às mais complexas e
complicadas.
Gestos e atitudes considerados tão simples, naturais
e socialmente aceitáveis têm de ser revistos, modificados e acertados para que
não corramos riscos de contágio entre as pessoas e no contato com as coisas de
maior utilização.
Às notícias algo alarmistas vemos aparecerem
comportamentos, no mínimo, irresponsáveis, como esses de fecharem escolas e
outros estabelecimentos de ensino, para que não haja contágio, e, na sua
maioria, os mesmos intervenientes irem para a praia sem qualquer cuidado, que
não seja divertirem-se sem controlo nem condicionamentos… percetíveis.
O problema parece configurar uma espécie de psicose
coletiva, onde vemos surgirem diversos e esquisitos alaridos, sem que isso
possa vir a criar uma mudança de atitude de todos e de cada um. Já noutros
momentos apareceram uns mais fundamentalistas quanto as medidas mais
restritivas possível, mas sem consequências significativas e, com os mesmos
ingredientes, vermos outros tantos sem o cuidado imprescindível, como se
estivessem imunes a todos os riscos, mas com atitudes a roçarem a
irresponsabilidade.
= Numa época marcada por algum egocentrismo e
endeusamento do eu, este surto de coronavírus ‘covid-19’ lançou uma espécie de
pânico sobre o modo como nos vínhamos a relacionar…sobretudo em matéria de
saudação/cumprimentos. De facto, como que se têm vindo a vulgarizar os modos
como maioria das pessoas vive em estado social, na medida em que os mais
básicos cumprimentos e saudações se têm estado a revestir de sinais de afeição,
quando isso nem sempre corresponde – será juízo ou preconceito? – à verdade,
isto é, certas beijoquices, abraçamentos e apertos de mão, que deveriam
significar afeição, mais não passam de jeitos rotineiros e sem conteúdo…até nas
celebrações religiosas. Como que se vulgarizaram sinais algo exagerados, senão
no conteúdo ao menos na forma, como referiu a responsável do setor da saúde
pública portuguesa, no início desta irremediável confusão.
Por ocasião desta crise pandémica foram surgindo
alternativas aos conhecidos modos de saudação. Um tanto esquisito apareceu o
toque de cotovelo a cotovelo, outros introduziram o aceno com sorriso e, mais
recentemente, o ‘wuhanshake’, isto é, o cumprimentar-se com os pés…batendo ao
de leve uns nos outros.
De uma coisa parece que deveríamos colher a lição:
não podemos difundir o contágio só porque nos dá mais conveniência.,
continuando a usar gestos, sinais e atitudes que podem ser adequadas ao bom
senso coletivo.
= Embora ainda longe do processo, que esta onda do
coronavírus ‘covid-19’ nos tem feito atravessa, urge reeducar para a cidadania,
pois se há algum foco de contaminação não podemos continuar a comportar-nos
como se isso fosse só com os outros e não nos envolvesse a todos e a cada um.
Certos exageros ainda hão de envergonhar quem os
patrocinou. Alguns dos fazedores do medo pagarão pelo praticado. Muitos dos
irresponsáveis deveriam ser culpabilizados pelos erros, negligências e
tropelias.
Estamos num mundo interdependente em tudo…até na
asneira!
António Sílvio Couto
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