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quinta-feira, 12 de março de 2020

Reaprender a relacionar-se…em público


As mais recentes mudanças comportamentais – desenvolvidas em razão da já designada pandemia do coronavírus ‘covid-19’ – vieram trazer à luz do dia a necessidade de reaprendermos a relacionar-nos uns com os outros… desde as questões mais vulgares até às mais complexas e complicadas.

Gestos e atitudes considerados tão simples, naturais e socialmente aceitáveis têm de ser revistos, modificados e acertados para que não corramos riscos de contágio entre as pessoas e no contato com as coisas de maior utilização.

Às notícias algo alarmistas vemos aparecerem comportamentos, no mínimo, irresponsáveis, como esses de fecharem escolas e outros estabelecimentos de ensino, para que não haja contágio, e, na sua maioria, os mesmos intervenientes irem para a praia sem qualquer cuidado, que não seja divertirem-se sem controlo nem condicionamentos… percetíveis.

O problema parece configurar uma espécie de psicose coletiva, onde vemos surgirem diversos e esquisitos alaridos, sem que isso possa vir a criar uma mudança de atitude de todos e de cada um. Já noutros momentos apareceram uns mais fundamentalistas quanto as medidas mais restritivas possível, mas sem consequências significativas e, com os mesmos ingredientes, vermos outros tantos sem o cuidado imprescindível, como se estivessem imunes a todos os riscos, mas com atitudes a roçarem a irresponsabilidade. 

= Numa época marcada por algum egocentrismo e endeusamento do eu, este surto de coronavírus ‘covid-19’ lançou uma espécie de pânico sobre o modo como nos vínhamos a relacionar…sobretudo em matéria de saudação/cumprimentos. De facto, como que se têm vindo a vulgarizar os modos como maioria das pessoas vive em estado social, na medida em que os mais básicos cumprimentos e saudações se têm estado a revestir de sinais de afeição, quando isso nem sempre corresponde – será juízo ou preconceito? – à verdade, isto é, certas beijoquices, abraçamentos e apertos de mão, que deveriam significar afeição, mais não passam de jeitos rotineiros e sem conteúdo…até nas celebrações religiosas. Como que se vulgarizaram sinais algo exagerados, senão no conteúdo ao menos na forma, como referiu a responsável do setor da saúde pública portuguesa, no início desta irremediável confusão.

Por ocasião desta crise pandémica foram surgindo alternativas aos conhecidos modos de saudação. Um tanto esquisito apareceu o toque de cotovelo a cotovelo, outros introduziram o aceno com sorriso e, mais recentemente, o ‘wuhanshake’, isto é, o cumprimentar-se com os pés…batendo ao de leve uns nos outros.

De uma coisa parece que deveríamos colher a lição: não podemos difundir o contágio só porque nos dá mais conveniência., continuando a usar gestos, sinais e atitudes que podem ser adequadas ao bom senso coletivo. 

= Embora ainda longe do processo, que esta onda do coronavírus ‘covid-19’ nos tem feito atravessa, urge reeducar para a cidadania, pois se há algum foco de contaminação não podemos continuar a comportar-nos como se isso fosse só com os outros e não nos envolvesse a todos e a cada um.

Certos exageros ainda hão de envergonhar quem os patrocinou. Alguns dos fazedores do medo pagarão pelo praticado. Muitos dos irresponsáveis deveriam ser culpabilizados pelos erros, negligências e tropelias.

Estamos num mundo interdependente em tudo…até na asneira!    

 

António Sílvio Couto

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