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segunda-feira, 16 de março de 2020

Comunhão espiritual…em estado de alerta


Com as medidas higiene-sanitárias em curso em razão do coronavírus ‘covid-19’ temos de reaprender vários aspetos da nossa vida privada e em público, que considerávamos insuspeitamente adquiridos. Temos de saber estar uns com os outros, defendendo-nos e sendo defendidos. Temos de colocar a nossa vida em maior intercomunhão, pois de cada um de nós depende a segurança dos outros e deles está cifrado o que podemos dar e receber.

A suspensão dos atos religiosos – entre os quais a missa – com a presença de pessoas – não é de público, como alguns dão a entender, mas da assembleia de irmãos, que por se quererem bem, até aceitam alguns sacrifícios de não participarem na comunidade presencial.

De entre as temáticas que podem ser úteis abordar vamos explicar o que é a ‘comunhão espiritual’, qual o seu significado e como participar nela…em maré de crise, embora no tempo da Quaresma.

«Nem todos os fieis presentes na Missa estão em condições de receber a Eucaristia durante a Missa, mas todos são capazes de viver o que é chamado de “comunhão espiritual”, no sentido de um ato de adoração, unindo-se com o movimento de doação que está sendo celebrado na Missa. A esse respeito, Santa Teresa d’ Ávila escreveu: “Quando você não receber a comunhão e não assistir à Missa, você pode fazer uma comunhão espiritual, que é uma prática muito benéfica; por ela, o amor de Deus será marcado de forma impressionante em ti”. Nós estamos todos, de alguma forma, unidos pelo Espírito Santo. Aqueles incapazes de receber a comunhão podem declarar, nos seus corações, o desejo sincero de recebê-la e unirem-se a si mesmo e seus sofrimentos, naquele momento, com o sacrifício de Jesus Cristo. Nos últimos anos, o convite é constantemente feito àqueles que não podem receber a comunhão sacramental - por exemplo, as crianças antes de sua Primeira Comunhão e adultos que não são católicos - para receberem uma “bênção” no momento da Comunhão» - Pontifício Comité para os congressos eucarísticos internacionais, ‘A eucaristia: comunhão com Cristo e entre nós’, n.º 121.
Embora nesta citação estejam vários aspetos de incidência naquilo que costumamos designar de ‘comunhão’ eucarística, vamos centrar-nos mais especificamente na ‘comunhão espiritual’.
A ‘comunhão espiritual’ consiste num desejo ardente de receber Jesus sacramentalmente e num amoroso encontro, como se fosse recebido realmente. Esta devoção é um meio eficaz para chegar à perfeição e ao mesmo tempo é uma devoção fácíl, porque pode ser praticada todos os dias, por todos, e quantas vezes se quiser, sem ser visto ou observado por pessoa alguma. Podemos e devemos praticar a ‘comunhão espiritual’ com frequência, na oração mental, na visita ao Santíssimo Sacramento e na presença na Missa à hora da comunhão do sacerdote…sobretudo para quem estiver, pelas razões eclesiais conhecidas e aceites, impedido de receber a comunhão no pão eucarístico. 

= Agora que a maior parte dos fiéis está a viver esta provação da privação da comunhão sacramental, tanto no contexto da eucaristia celebrada, como fora dela, talvez ser-nos-á útil para a nossa formação e caminhada espiritual sermos melhor esclarecidos desta possibilidade que a nossa fé católica nos dá.

Apresentamos uma sugestão para a vivência da ‘comunhão espiritual’:

- Faz, primeiramente, um ato de fé, crendo firmemente que na Eucaristia está o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo, tão vivo como está no céu;
- Faz também um ato de amor, unido ao arrependimento dos teus pecados;
- Faz um ato de desejo, convidando Jesus Cristo a entrar na tua condição espiritual, alma e espírito;
- Dá graças ao Senhor por tudo quanto tens recebido de graça e de bênção na tua vida...antes, agora e no futuro.
- Permanece em silêncio contemplativo, unindo-te a todos os santos e anjos no Céu, especialmente a Nossa Senhora...

Eis uma sugestão. Poderemos voltar ao tema, se tal for útil e se justificar.

 

António Sílvio Couto

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