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quinta-feira, 5 de março de 2020

‘Missão país’: uma nova forma de evangelizar?


De 22 de fevereiro a 1 de março – semana do carnaval – decorreu, na Moita, mais um tempo de ‘Missão país’, onde cerca de sessenta jovens do ISCTE de Lisboa andaram a ‘missionar’ no espaço da paróquia da Moita.

Esta foi o segundo de três anos em que a ‘Missão país’ esteve na Moita. No ano passado tiveram como principal base Sarilhos Pequenos – uma das localidades da paróquia – e este ano centraram mais a sua atenção no tecido urbano da Moita, tendo, tanto este ano como já no ano passado, estado alguns (quase um terço) dos jovens também no bairro da Fonte da Prata, localizado na freguesia de Alhos Vedros.

Organizados em pequenos grupos, os jovens percorreram vários lugares e estiveram em diversos espaços em atitude de evangelização: lares de idosos (do centro paroquial e da santa casa da misericórdia), creche, jardim-de-infância e atividades de tempos livres, ‘Casa dos marcos’ de doenças raras, apoio no estudo, recuperação de casas e ainda no porta-a-porta.

A presença destes jovens da ‘Missão país’ destacava-se ainda por todos envergarem um tshirt cor de tijolo (com a ideia da construção e do barro, onde se tipifica a necessidade de ser moldado por Jesus), estando inscrita a frase-tema das missões deste ano: ‘desce depressa! Eu fico contigo’, tendo por base a passagem bíblica do Zaqueu (Lc 19,1-10).

Ao longo de uma semana foi interessante ver a interação entre estes jovens – uma boa parte veio para a Moita em missão pela primeira vez – e as pessoas que iam encontrando nos diferentes locais de missionação. A sua presença não passou desapercebida no momento da celebração da missa na igreja paroquial.

Como pontos significativos da semana de ‘Missão país’ deste ano podem ser referidos: o jantar com famílias, na quinta-feira à noite, onde dois ou três foram recebidos por famílias previamente inscritas, criando laços de proximidade e de partilha; a vivência da via-sacra, na sexta-feira, com o setor mais jovem da paróquia, onde se incluíram também os escuteiros; a apresentação do teatro, preparado por uma equipa ao longo de toda a semana, e no qual foram retratados pormenores da vivência deles e da sua interação com as populações.  

= Que há de diferente neste projeto da ‘Missão país’? Quem envolve e se deixa envolver? Haverá alguma espiritualidade subjacente a este projeto? Onde têm decorrido as ações de evangelização da ‘Missão país’? Que futuro pode ter a ‘Missão país’ na evangelização dos jovens?

Estas possíveis perguntas colocam-nos perante quem faz parte da ‘Missão país’. Desde logo o campo de recrutamento e de mobilização está nas faculdades das diferentes universidades e estabelecimentos de ensino superior em Portugal. Desde o seu início em 2003 foi crescendo a vontade de fazer do espaço de estudo uma oportunidade de evangelização, falando de Jesus em missão. Desde aquela data já se realizaram missões em 121 locais, atingindo mais de três mil estudantes universitários e com quase sessenta missões. Ao observarmos o mapa de Portugal podemos ver que a zona oeste da diocese de Lisboa e parte de Leiria são os campos de maior intervenção, mas também a região do Alentejo está em crescimento. Neste momento há sessenta missões em cinquenta faculdades diferentes, com particular incidência na zona sul (isto é, Lisboa e Évora) e com menor expressão nas regiões norte e centro do país, embora com expansão ao Algarve e Aveiro.

É digno de relevo que cada equipa (comunidade) de missionários leva sempre um pequeno quadro/ícone da ‘Mãe peregrina’ com a forma do Santuário de Schoenstatt, que serve de logotipo e de fundamentação da espiritualidade que conduz estes jovens missionários. Em todos os momentos do seu dia-a-dia os elementos da ‘Missão país’ está presente este pequeno quadro/ícone como que suportando as iniciativas e as atividades de todos e de cada um.

Os três anos de presença de cada ‘Missão país’ em cada localidade são significativos do crescendo de vivência: acolher, transformar e enviar. Isso se verifica em relação a quem é enviado e a quem recebe, deixando sempre a possibilidade de mais e melhor concretização disso que fez surgir e alimenta a ‘Missão país’. Uma palavra importante tem a equipa de jovens que coordena cada semana de missão, sempre acompanhada, ao menos, por um padre, qual ‘diretor espiritual’ dessa semana…

 

António Sílvio Couto

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