Por
estes dias ouvi esta expressão: ‘esposo da marida’. As pessoas em referência
são um homem/masculino (‘esposo’) e uma mulher/feminino (‘marida’)…Não há, num
primeiro momento, qualquer referência a essa linguagem de género, nem como
ideologia e tão pouco na versão de conveniência…acirrada.
Ao usar
aquela expressão talvez se esteja a querer dizer que, quem manda lá por casa, é
ela e não ele, na medida ela tem a ascendência nas decisões e não ele, como por
vezes se dá a impressão de dizer e, particularmente, de fazer… Mas terá sentido
algum esta distinção de quem manda e de quem obedece? Será isso essencial para
traçar as linhas-mestras de um relacionamento estável entre um homem e uma
mulher? Até que ponto se tornam hierarquizadas ou mais democráticas as decisões
entre homem e mulher, sob o regime de vida em comum?
= Li em
tempos a seguinte definição de casamento: é
uma soma de afetos, uma subtração de liberdades, uma multiplicação de filhos e
uma divisão de bens!
Ora,
perante tantas notícias de ‘casos’ entre as pessoas que vivem em comum, onde a
violência tem, hoje, foros de vergonha, de ofensa e mesmo de criminalidade,
será de questionar tal ‘definição’ ou de ir em busca das causas daquilo em que
a família – era assim que deveríamos considerar o relacionamento estável entre um
homem e uma mulher – se tem vindo a tornar…mais como espaço de conflito do que como
lugar de oportunidade de convivência harmoniosa, salutar e de vida.
Vão
surgindo novos termos para caraterizar esta onda que está a percorrer vários
países. ‘Feminicídio’ é uma delas, na medida em que envolve várias formas de
agressividade para com as mulheres, desde o âmbito verbal ao físico, passando
pelo psicológico, sobretudo tendo em conta a sua incidência mais doméstica…
Há, no
entanto, perguntas que me têm vindo a surgir de forma recorrente, ao sermos matraqueados
– quase diariamente – com episódios de agressão, de conflitualidade, de abusos
e – em tantos casos – de morte. De facto, os números são assustadores, seja
qual for o país. Exemplos de vítimas de violência doméstica – dados recentes –
com mortes: em Portugal: 33; em França: 137; na Alemanha: 189; no Reino Unido:
70; em Itália: 65; na Roménia: 60…
Ora, com
estes dados disponíveis, estaremos a caminhar para uma maior brutalização das
pessoas? Os sinais de civilização caducam perante estes números arrepiantes
entre portas? Porque cresce desta forma a agressividade? O que contribui para
termos mais casos, se as leis se tornaram mais exigentes? O acentuar da
agressão por parte dos homens não esconderá outros objetivos? Por que são pouco
difundidas notícias de violência (agressividade, conflitos e mortes) entre os
pares homossexuais, porque não há ou porque interessa mais atacar o
relacionamento heterossexual? Não estará em marcha uma campanha contra a
família, desacreditando primeiro as relações entre homem e mulher, para depois
reconstruir algo mais subterrâneo?
= Diante
destes desafios – mais à procura de solução do que na busca de acusados –
torna-se urgente refletir sobre a antropologia que está a ser desenvolvida na
nossa sociedade. Antes de mais é anti-judaico-cristã. Depois podemos encontrar
múltiplos preconceitos para com aquilo que foi considerado até há bem pouco tempo
como fator de normalidade: o relacionamento estável, sobretudo pelo casamento e
mesmo pelo matrimónio, entre um homem e uma mulher. O projeto de família está a
ser descartado como algo menosprezível. Os laços entre as pessoas da família
são ténues e facilmente quebráveis, seja qual for a idade ou mesmo a condição
de ligação. Por seu turno, o Estado acha-se como que ‘dono e senhor’ de tudo e
de todos, assumindo, nalguns casos, um papel substantivo, quando devia ser
supletivo. A intromissão na esfera da família, nos seus diversos aspetos de
consistência, é favorecida, senão mesmo incentivada. Cada vez mais estamos (ou
podemos estar) sob a alçada de uma lei republicana, cuja ética despersonaliza e
nos faz ser meras peças num puzzle manipulado por interesses materialistas e
hedonistas… quanto baste.
Quando
se devia aprofundar a dimensão personalista vemos surgirem de forma descarada
certos mentores da visão socializante e internacionalista de indivíduos, de
grupos e de associações. Para muitos somos parte de um ‘coletivo’ e não pessoas
responsáveis numa comunidade…As funções (até) podem mudar…por decreto!
António Sílvio Couto
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