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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Recordações e resoluções


Uma e outra palavra envolvem o passado (2018) e o futuro (2019), numa tentativa de recordar à mistura com o modo de perspetivar o devir.

Quanto às recordações há as que foram boas e agradáveis, bem como tantas outras com repercussão negativa e ainda com incidências pouco positivas… a curto e a médio prazo. Cada um poderá fazer a sua lista de recordações de 2018, tendo em conta as suas referências, interesses e até facetas de participação.

Houve momentos marcantes da nossa história coletiva: a libertação das crianças tailandesas da gruta inundada, a onda de calor que assolou a Europa (e não só) no verão, as eleições presidenciais no Brasil, a revolta dos coletes amarelos em França… figuras que desapareceram e tendências ideológicas que se foram mantendo ou aferindo segundo as escolhas dos eleitores – isto ao nível internacional.

No espaço português podemos ver e analisar: as agressões a jogadores de futebol, o campeonato do mundo na Rússia, a recuperação da economia, as greves (mais de quinhentas) dos mais diversos setores de atividade, os desaparecimentos de políticos, artistas e mesmo figuras da vida literária…à mistura com tendências de não-mudança na segurança e nas vias de comunicação (cerca de meio milhar de mortos), nas questões de educação, de saúde e mesmo de transportes…

Algo aconteceu em 2018 que não era tão visto nem assumido: a importância dada às ‘falsas notícias’ (fake news): as manobras de desinformação são cada vez mais notadas e, sobretudo através da internet, as redes sociais e alguma comunicação, fazem uma propagação do boato, da notícia que parece verdadeira mas está inquinada de mentiras… A sacrossanta verdade dalgum jornalismo começou a ser posta em questão, pois não se sabe bem quem diz, o que noticia e, particularmente, a quem serve… Por alguma razão a mensagem papal para o dia mundial da paz de 2018 foi sobre as falsas notícias, que, recorrentemente, surgem e se propagam mesmo na Igreja.

Outro aspeto a ter em conta na história do ano que está prestes a terminar é o da ‘idolatria’ dos animais, com discussões acesas e controversas com tomadas de posição fundamentalista por certos setores sociais e políticos, chegando-se ao cúmulo de um só deputado catapultar mais atenção do que o resto dos parlamentares com as suas iniciativas e posicionamentos…alguns deles a roçar o ridículo senão não mesmo o irracional… A poeira há de assentar e o essencial voltará a ter o valor que deve. 

= Que esperar de 2019?

Desde logo que seja mais sereno e pacífico, por dentro e por fora, sejam quais forem os intervenientes. O pretenso ‘sucesso económico’ talvez venha a abrir fissuras e será preciso falar verdade, mesmo que isso possa valer a perda de votos.

Será preciso que não nos continuemos a fiar na bolha do turismo, pois bastará um pequeno abalo – de segurança, de consolidação das terras ou mesmo de recursos económicos – para vermos fugir para outras paragens os fascinados turistas que nos invadem… já foi assim noutros lugares, quando algo fez mudar de destino.

Perante a acomodação de tanta gente à pretensa paz social, será de ter em conta que os recursos estatais não são incomensuráveis e que algo pode fazer perigar os meios de manutenção dos ordenados e mesmo dos empregos. Embora de forma ténue já vemos os primeiros indícios de que há famílias com dificuldades para suportarem as despesas da casa, começando por cortar na assunção do pagamento das rendas, depois virá a eletricidade, a água… e chegará à alimentação. No terreno há sinais preocupantes… Quem tudo prometeu poderá não ser capaz de cumprir!

Será de ter conta ainda que as reivindicações mais recentes poderão criar engulhos na máquina dos votos, pois teremos, por parte de alguns setores, o esticar da corda que talvez não aguente todas as pretensões… mesmo que legítimas e necessárias. Àqueles que tudo prometem e depois não cumprem será preciso lembrar que já vimos esse filme, pagando a fatura sempre os mesmos, isto é, os que vivem dos recursos do seu trabalho.

Que 2019 seja um ano de paz, de verdade, de justiça, de fraternidade e de solidariedade para todos!    

 

António Sílvio Couto


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