Faleceu
por estes dias uma figura que reputo de muito importante por entre as pessoas
que conheci neste tempo de presença ao sul do Tejo: Catarina Pestana.
Conheci-a
por interposta pessoa – ao tempo ocupando um lugar político/governativo de relevância
– e tive oportunidade de a escutar e com ela conversar em momentos de
valorização – religioso-cultural – das paróquias de Sesimbra e da Moita.
Na
primeira localidade vi-a depois em celebrações com o marido (algo alquebrado) e
em conversas de rua e não só. Recordo a forma incisiva como falou no ciclo de
conferências quaresmais sobre o tema da eucaristia…ao ponto de os que a
escutavam perguntarem se estava a falar da sua ou daquela paróquia, tal era a
incidência crítica sobre a forma de estar na celebração e fora dela…
Depois
da turbulência do processo da ‘casa pia’ em que esteve envolvida, vi-a a sair
duma doença que a afetou fisicamente, mas, não ao nível psicológico: estava
igual a outros momentos, tendo-me referido que havia coisas que levaria para a
tumba sobre tantas situações…sobretudo daquele caso tão mediático quanto
controverso.
Anos
mais tarde convidei-a para se deslocar à Moita onde abordou a relação dos
cristãos no mundo, tendo salientado etapas da sua vida – chegou a viver no
concelho quando criança e adolescente – e viveu momentos de compromisso
socio/político antes da revolução de abril.
Catalina
é/era resultado dum tempo onde a dinâmica do Concílio Vaticano II estava muito
viva, por entre desafios nem sempre percebidos nos dias mais atuais.
Quando,
um dia, a encontrei na rua, junto ao mar, referi-lhe que ela fora escolhida
para a tarefa de enfrentar o fenómeno ‘casa pia’ por ser mulher, católica e,
tendencialmente, socialista… Isso revelou muito do que pode e deve ser uma
cristã na vida política. Com efeito, como dizia o Papa Bento XVI, em Fátima, em
2010, há muita gente que tem as mãos limpas porque não faz nada… Creio que não
foi nem é a situação de Catalina Pestana.
Como ela
acentuava algumas vezes: não precisamos tanto de cristãos/ãs de
rendinhas…dentro ou fora da liturgia.
Paz à
sua alma!
António
Sílvio Couto
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