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domingo, 23 de dezembro de 2018

‘In memoriam’


Faleceu por estes dias uma figura que reputo de muito importante por entre as pessoas que conheci neste tempo de presença ao sul do Tejo: Catarina Pestana.

Conheci-a por interposta pessoa – ao tempo ocupando um lugar político/governativo de relevância – e tive oportunidade de a escutar e com ela conversar em momentos de valorização – religioso-cultural – das paróquias de Sesimbra e da Moita.

Na primeira localidade vi-a depois em celebrações com o marido (algo alquebrado) e em conversas de rua e não só. Recordo a forma incisiva como falou no ciclo de conferências quaresmais sobre o tema da eucaristia…ao ponto de os que a escutavam perguntarem se estava a falar da sua ou daquela paróquia, tal era a incidência crítica sobre a forma de estar na celebração e fora dela…

Depois da turbulência do processo da ‘casa pia’ em que esteve envolvida, vi-a a sair duma doença que a afetou fisicamente, mas, não ao nível psicológico: estava igual a outros momentos, tendo-me referido que havia coisas que levaria para a tumba sobre tantas situações…sobretudo daquele caso tão mediático quanto controverso.

Anos mais tarde convidei-a para se deslocar à Moita onde abordou a relação dos cristãos no mundo, tendo salientado etapas da sua vida – chegou a viver no concelho quando criança e adolescente – e viveu momentos de compromisso socio/político antes da revolução de abril.

Catalina é/era resultado dum tempo onde a dinâmica do Concílio Vaticano II estava muito viva, por entre desafios nem sempre percebidos nos dias mais atuais.

Quando, um dia, a encontrei na rua, junto ao mar, referi-lhe que ela fora escolhida para a tarefa de enfrentar o fenómeno ‘casa pia’ por ser mulher, católica e, tendencialmente, socialista… Isso revelou muito do que pode e deve ser uma cristã na vida política. Com efeito, como dizia o Papa Bento XVI, em Fátima, em 2010, há muita gente que tem as mãos limpas porque não faz nada… Creio que não foi nem é a situação de Catalina Pestana.

Como ela acentuava algumas vezes: não precisamos tanto de cristãos/ãs de rendinhas…dentro ou fora da liturgia.

Paz à sua alma!

 

António Sílvio Couto

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