A
seção de infância do Centro Paroquial de Acção Social da Moita, ‘O ninho’, sita
na Rua Bartolomeu Dias, 11-13, celebrou, no dia 4 de dezembro, 40 anos de
serviço à Moita, dentro ou fora do espaço da Igreja.
Esta
seção de infância é composta por jardim-de-infância, centro de atividade de
tempos livres, creche e berçário.
O
programa incluiu eucaristia de ação de graças e de sufrágio, presidida pelo
Bispo da Diocese, D. José Ornelas e uma sessão solene no espaço de atividade d’
O ninho. De salientar a presença, na missa, do presidente-fundador (pároco) d’O
ninho.
A
esta efeméride também se associaram as autoridades autárquicas, representantes
da diocese de Setúbal, bem como membros dos corpos sociais, antigos e atuais
funcionários, antigos alunos (em bom número) e muitos paroquianos da Moita.
Se
tivermos em conta os passados quarenta anos d’ O ninho terão frequentado este
projeto pedagógico/educativo mais de quatro mil crianças e adolescentes.
O Centro Paroquial de Acção Social da Moita, que foi
fundado em 1952, tem respostas sociais ligadas à infância e aos mais velhos,
envolvendo quase sete dezenas de funcionários.
Diz uma
passagem bíblica: um é o que semeia, outro o que cuida e outro o que colhe (cf.
1 Cor 3,6-9).
É isso
mesmo o que poderá caraterizar esta obra nascida há 40 anos. ‘O ninho’ foi berço para muitos dos
adultos desta terra. ‘O ninho’ foi
cuidado para milhares de crianças e de adolescentes nesta terra. ‘O ninho’ foi e é espaço de educação para
centenas e centenas de famílias que nele tiveram e têm uma forte ajuda no
processo educativo de seus filhos e filhas.
Tentemos
interpretar esta obra d’O ninho pela
perspetiva mais dos substantivos e menos pelos adjetivos, usando três palavras
de referência:
* Memória
A
efeméride deste dia quer tão-somente olhar para o trabalho desenvolvido por
dezenas de equipas – de direção, pedagógicas, de voluntários, de funcionários,
de empresas e de serviços – que foram fazendo d’O ninho um espaço de trabalho, de iniciativa, de educação, de
evangelização, numa palavra: de cultura. Não haverá dúvida, na Moita e fora
dela, de que ‘O ninho’ foi
fomentador, à sua medida, de cultura com matiz cristã… Talvez devesse sê-lo
mais, mas no contexto foi fazendo o seu melhor…em cada tempo.
Aquilo
entram os intérpretes – responsáveis da paróquia: P.e Fernando de 1978 a 1999,
Dr. João Carlos de 1999 a 2010 e Sílvio desde 2010… os que serviram, por
inerência de serem párocos, nas direções, os que educaram e os que foram
educados, as famílias e tantos outros colaboradores – e muitos outros que
viveram, sentiram e se entregaram pela causa deste serviço às crianças e aos
adolescentes na Moita…e não só.
Nestes
40 anos, certamente, houve alegrias e tristezas, dúvidas e certezas, dívidas e
saldos positivos. Só quem nunca esteve no barco e que não conhecerá as
tormentas que nele são sentidas.
* Vida
Não há
melhor termo para definir esta instituição do que a palavra que dá sentido ao
nosso existir: vida. Somos discípulos e servos do Senhor da vida e por esta
podemos jogar os nossos ideais e concretizar as nossas mais ou menos belas ou
ténues ideias.
‘O ninho’ é fruto da conjugação da
palavra vida em todos os tempos e formas verbais, nas mais diversas aceções da
palavra, desde que viva e faça viver com sentido e compromisso.
Como é
sublime e encantador ver as crianças a deixarem singelos contributos para
outros viverem a sua vida de forma mais digna, mais humana e mais fraterna… Há
gestos que valem milhões de palavras!
* História
Queira
Deus que sejamos capazes de dar continuidade àquilo que, nas quatro décadas de
história, aqui foi vivido, concretizado e servido. O melhor galardão que nos
podem atribuir é que somos continuadores duma vivência que honra os seus antepassados
e que sabe defender a prossecução dos seus objetivos no futuro. Desejamos, no
entanto, chamar a atenção para quem pode e deve ajudar-nos nessa tarefa nem
sempre compreendida pelas entidades públicas – do Estado e das autarquias, sem
esquecer até a diocese – pois se todos soubermos colaborar os nossos filhos e
netos terão futuro com sabedoria, com dignidade e com graça…
- Não
podemos continuar a permitir que os pais, que aqui colocam os seus filhos,
sejam duplamente tributados nos seus impostos, pois pagam para os serviços
estatais e têm de pagar também para a escolha educativa de seus filhos. Esta
injustiça tem de ser exorcizada.
- Não
podemos, enquanto instituição que presta serviços educativos, que sejamos
vítimas de maiores exigências do que outros e tão pouco menosprezados por
sermos da Igreja católica. Isto não é nada sério!
- Não
poderemos ser – por surreal que possa parecer – obstaculizados nos projetos
apresentados à apreciação das entidades decisórias por manifestarmos o que
pensamos e aquilo que queremos ser. Isto tem tiques de ditadura, mesmo que com
alguma capa de formalmente…democrático.
A quem
fez esta história de vida e por quem fazemos, hoje, memória: obrigado. Que Deus
a todos abençoe por fazermos o melhor que sabíamos fazer…mesmo com erros,
falhas e pecados.
Viva ‘O ninho’ e quem o tem servido. Votos de
continuação e de fidelidade a Deus no serviço a todos.
(*) Texto da sessão
solene dos 40 anos d’O Ninho, no dia 4 de dezembro de 2018.
António Sílvio Couto
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