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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

‘O ninho’: 40 anos de memória, de vida e de história (*)


 
A seção de infância do Centro Paroquial de Acção Social da Moita, ‘O ninho’, sita na Rua Bartolomeu Dias, 11-13, celebrou, no dia 4 de dezembro, 40 anos de serviço à Moita, dentro ou fora do espaço da Igreja.

Esta seção de infância é composta por jardim-de-infância, centro de atividade de tempos livres, creche e berçário.

O programa incluiu eucaristia de ação de graças e de sufrágio, presidida pelo Bispo da Diocese, D. José Ornelas e uma sessão solene no espaço de atividade d’ O ninho. De salientar a presença, na missa, do presidente-fundador (pároco) d’O ninho.

A esta efeméride também se associaram as autoridades autárquicas, representantes da diocese de Setúbal, bem como membros dos corpos sociais, antigos e atuais funcionários, antigos alunos (em bom número) e muitos paroquianos da Moita.

Se tivermos em conta os passados quarenta anos d’ O ninho terão frequentado este projeto pedagógico/educativo mais de quatro mil crianças e adolescentes.

O Centro Paroquial de Acção Social da Moita, que foi fundado em 1952, tem respostas sociais ligadas à infância e aos mais velhos, envolvendo quase sete dezenas de funcionários. 

Diz uma passagem bíblica: um é o que semeia, outro o que cuida e outro o que colhe (cf. 1 Cor 3,6-9).

É isso mesmo o que poderá caraterizar esta obra nascida há 40 anos. ‘O ninho’ foi berço para muitos dos adultos desta terra. ‘O ninho’ foi cuidado para milhares de crianças e de adolescentes nesta terra. ‘O ninho’ foi e é espaço de educação para centenas e centenas de famílias que nele tiveram e têm uma forte ajuda no processo educativo de seus filhos e filhas.

Tentemos interpretar esta obra d’O ninho pela perspetiva mais dos substantivos e menos pelos adjetivos, usando três palavras de referência:  

* Memória

A efeméride deste dia quer tão-somente olhar para o trabalho desenvolvido por dezenas de equipas – de direção, pedagógicas, de voluntários, de funcionários, de empresas e de serviços – que foram fazendo d’O ninho um espaço de trabalho, de iniciativa, de educação, de evangelização, numa palavra: de cultura. Não haverá dúvida, na Moita e fora dela, de que ‘O ninho’ foi fomentador, à sua medida, de cultura com matiz cristã… Talvez devesse sê-lo mais, mas no contexto foi fazendo o seu melhor…em cada tempo.

Aquilo entram os intérpretes – responsáveis da paróquia: P.e Fernando de 1978 a 1999, Dr. João Carlos de 1999 a 2010 e Sílvio desde 2010… os que serviram, por inerência de serem párocos, nas direções, os que educaram e os que foram educados, as famílias e tantos outros colaboradores – e muitos outros que viveram, sentiram e se entregaram pela causa deste serviço às crianças e aos adolescentes na Moita…e não só.

Nestes 40 anos, certamente, houve alegrias e tristezas, dúvidas e certezas, dívidas e saldos positivos. Só quem nunca esteve no barco e que não conhecerá as tormentas que nele são sentidas.  

* Vida

Não há melhor termo para definir esta instituição do que a palavra que dá sentido ao nosso existir: vida. Somos discípulos e servos do Senhor da vida e por esta podemos jogar os nossos ideais e concretizar as nossas mais ou menos belas ou ténues ideias.

O ninho’ é fruto da conjugação da palavra vida em todos os tempos e formas verbais, nas mais diversas aceções da palavra, desde que viva e faça viver com sentido e compromisso.

Como é sublime e encantador ver as crianças a deixarem singelos contributos para outros viverem a sua vida de forma mais digna, mais humana e mais fraterna… Há gestos que valem milhões de palavras!  

* História

Queira Deus que sejamos capazes de dar continuidade àquilo que, nas quatro décadas de história, aqui foi vivido, concretizado e servido. O melhor galardão que nos podem atribuir é que somos continuadores duma vivência que honra os seus antepassados e que sabe defender a prossecução dos seus objetivos no futuro. Desejamos, no entanto, chamar a atenção para quem pode e deve ajudar-nos nessa tarefa nem sempre compreendida pelas entidades públicas – do Estado e das autarquias, sem esquecer até a diocese – pois se todos soubermos colaborar os nossos filhos e netos terão futuro com sabedoria, com dignidade e com graça…

- Não podemos continuar a permitir que os pais, que aqui colocam os seus filhos, sejam duplamente tributados nos seus impostos, pois pagam para os serviços estatais e têm de pagar também para a escolha educativa de seus filhos. Esta injustiça tem de ser exorcizada.

- Não podemos, enquanto instituição que presta serviços educativos, que sejamos vítimas de maiores exigências do que outros e tão pouco menosprezados por sermos da Igreja católica. Isto não é nada sério!

- Não poderemos ser – por surreal que possa parecer – obstaculizados nos projetos apresentados à apreciação das entidades decisórias por manifestarmos o que pensamos e aquilo que queremos ser. Isto tem tiques de ditadura, mesmo que com alguma capa de formalmente…democrático.

 

A quem fez esta história de vida e por quem fazemos, hoje, memória: obrigado. Que Deus a todos abençoe por fazermos o melhor que sabíamos fazer…mesmo com erros, falhas e pecados.

Viva ‘O ninho’ e quem o tem servido. Votos de continuação e de fidelidade a Deus no serviço a todos.

 

(*) Texto da sessão solene dos 40 anos d’O Ninho, no dia 4 de dezembro de 2018.

 

António Sílvio Couto

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